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russomanias

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Dicionário de Política para Tótós - de A a Z

HONESTIDADE - Adoro garatujar sobre honestidade, e a principal razão para isso é que vivo num país de gente assumidamente modesta, recatada e honesta. Esta enlevada virtude é visível desde o vertice até à base da pirâmide social do meu país, não sendo raros os casos em que os jornais, revistas e telejornais nos dão conta de situações em que as classes governantes e os mais poderosos nos transmitem a todos, para servir de exemplo, piedosos ensinamentos em que demonstram a mais pura e angélica intenção de subir na vida sim, mas sem nunca pisar nos outros e sempre com honestas intenções de zelar pelo bem comum, sem nunca beliscar, com uma unha que seja, a propriedade de terceiros, nomeadamente os bens do Estado, entenda-se... de nós todos.

 

Que dizer pois quando por aí se propalam situações tão inusitadas como desvios de milhões de euros do Banco X ou do Banco Y por parte de alguns dos seus administradores? Que dizer de notícias tão caluniosas como aquelas de antigos ou actuais governantes terem metido ao bolso caixotes e caixotes de gordas notas ao arrepio da mais elementar legalidade? Que pensar das mãos cheias de autarcas que abandonaram os seus postos nas Câmaras para logo chafurdarem numa vida de luxo e mordomia, gozando de faustosos andares multimilionários, quintinhas no sossego do Douro e vasta criadagem pronta à mais que necessária vénia? Certamente que não estamos a falar aqui de Portugal, esse país impoluto e avesso a jeitinhos e "cunhas" para atingir um posto. Certamente que não se passa aqui em Portugal o mesmo que se passa noutros países, em que são abertos concursos para trabalhar no Estado ou nas Autarquias, quando toda a gente sabe que esses lugares já se encontram preenchidos por lindinhos e lindinhas do partido A, do partido B ou... do partido C. Não!... isto não se passa aqui em Portugal... impossível!...

 

De que país falamos nós então?...

 

 

Bacalhau na Brasa... com batatas a murro

Já farto de tanto malhar na democracia de rapinagem em que temos vivido, hoje apeteceu-me relembrar um facto que mudou para sempre a galeria das iguarias gastronómicas cá de casa e assentar a poeira sobre um prato de que muita gente fala... mas poucos o sabem fazer. Estamos  pois a falar do famoso prato português de bacalhau com batatas a murro. Sim, poucos o sabem fazer, pois que, quanto ao bacalhau assado na brasa ainda vai que não vai, qualquer português médio e bom pai de família o sabe orientar. Agora, quanto às batatas a murro é que eu já duvido que haja assim tantos a acertar. Mas dirão por aí vocês... "como é que a este cidadão tão ciente dos seus direitos e obrigações e tão zeloso da sua liberdade lhe deu agora para teorizar sobre o bacalhau"? Dirão vocês e muito bem. Mas eu também vos digo, no seguimento dos ensinamentos do meu já ido mas laborioso pai.. "quem não é para comer não é para trabalhar". Por isso eu sou assim... gosto de comer porque adoro trabalhar. Então lá vai:

 

Um belo dia andava eu com a minha Raínha lá pelas bandas de Cabeceiras de Basto à procura de um restaurante para almoçar. Como sempre, pedimos que nos indicassem um restaurante bom e que não carregasse muito nos calos. Indicaram-nos um bem lá no fundo de uns becos, em local fora do centro da vila, restaurante simples, à maneira das aldeias, com mesas e bancos compridos, frequentado contudo por gente que sabe bem o que quer. É mesmo destes que eu gosto!... Lá chegados, prato logo recomendado... "bacalhau com batatas a murro". Eu e a minha Raínha nem queriamos acreditar no que tinhamos pela frente... pura e simplesmente indescritível e delicioso. Fomos lá mais umas quantas vezes e não descansamos enquanto não dominamos o segredo daquelas batatas a murro, que, quanto ao bacalhau assado na brasa, era tudo uma questão de o comprar bom, saber demolhá-lo e... saber assá-lo. Tudo começa por se comprar batatinhas pequenas, lavá-las muito bem lavadas, dar-lhes um golpesinho com a faca e colocá-las a cozer em água e sal. Seguidamente, depois de cozidas, mas não demasiado, escorre-se a água, dá-se um murro em cada batatinha sem as desfazer, colocando-as de seguida numa assadeira, polvilhadas com sal grosso e regadas com azeite. Seguidamente, vão ao forno, previamente aquecido, até ficarem estaladiças.

 

Entretanto, assa-se o bacalhau na brasa, juntamente com pimentos. Seguidamente, e para servir, coloca-se o bacalhau, os pimentos às tirinhas, cebola às rodelas, azeitonas pretas e alhos picados em cima das batatinhas. Depois, rega-se tudo com azeite e serve-se de imediato. Bacalhau na braza com batatas a murro nunca comi tão bem como em Cabeceiras de Basto... mas se conhecerem melhor apitem.

 

Agora, depois disto tudo, não me venham dizer que sou um chato e que só sei palrar sobre... teorias da conspiração.

 

 

Dicionário de Política para Tótós - de A a Z

HIPÓCRISIA - Já sei que vão já dizer que a disciplina ou cadeira de hipócrisia não consta dos cardápios das Universidades no que toca ao estudo da Ciência Política. Não consta, é um facto. Mas devia constar!... E dirão contudo vocês ..."mas então essa tal de Ciência Política não se alimenta das disciplinas de teoria política, filosofia política, economia política, geopolítica e outras políticas que tais"? Pois é verdade. Mas também é verdade que a mais importante delas todas, a disciplina de hipócrisia, não consta das licenciaturas, dos mestrados e dos doutoramentos das mais renomadas universidades do país, o que reputo de uma falta gravíssima. Assim, as espessas camadas da dita cuja, em vez de apreendidas, desde as suas bases, no ambiente cientifico de uma organização especializada no conhecimento, é antes emborcada a martelo nas fileiras dos militantes profissionais dos partidos do chamado "arco do poder". E, claro, sendo assim não é a mesma coisa pois, em vez de uma hipócrisia culta e enlevada temos antes uma hipócrisia tacanha e trauliteira

 

Vejamos pois os casos, só como exemplo, dos dois últimos primeiro-ministros de Portugal. Antes de serem eleitos, ambos juraram a pés juntos a mesma coisa: que não iriam nunca aumentar os impostos, que iriam melhorar a vida dos reformados e pensionistas, que iriam abater nas chamadas "gorduras do Estado". Mas, logo após nos apanharem os votos que fizeram?... precisa e arrogantemente o contrário!... aumentaram, e em muito, os impostos; lixaram, e de que maneira, a vida aos pensionistas e reformados, sacando-lhes centenas de milhões de euros; e, quanto às tais "gorduras do Estado", aumentaram-nas pois, com o forte desemprego que atravessou o país, milhares de meninos e meninas do PS, PSD e CDS precisaram de bastantes secretárias e computadores nas autarquias e ministérios.... para, coitadinhos, jogarem durante o dia inteiro no Facebook e sacarem assim valentes ordenadões ao Estado. Precisaremos pois nós aqui de mais exemplos de falsidade, fingimento, deslealdade, farsa, perfídia, segundas intenções e desonestidade para com os cidadãos deste país?... não estaremos nós aqui perante um claro exemplo de hipócrisia tacanha e trauliteira?... pergunto eu.

 

 

Ainda sobre o vírus da estupidez

Aqui há dias li numa revista portuguesa muito conhecida que um grupo de investigadores norte-americanos da Universidade do Nebraska (Escola de Medicina John Hopkins) haviam descoberto o vírus da estupidez, ao qual chamaram ATCV-1, facto que desde já reputo da máxima importância para o futuro do nosso país, sabido como é que tal doença é superabundante cá entre nós e se tem desde sempre manifestado de difícil erradicação. E como aparece então esse tal vírus ATCV-1? Segundo tais investigadores, o vírus só tinha sido encontrado em algas verdes de lagos e rios pelo que, concluem alguns, terá sido através da ingestão dessas algas via alimentação que o virus chegou até aos humanos. Claro que outros especialistas aparecem a contrariar esta conclusão, não cabendo ao espaço deste blog entrar em contradita com esta ou aquela descoberta cientifica, interessando mais aqui o facto de que, pelos vistos, a estupidez tem uma causa viral. E quanto a este facto tenho a minha própria teoria, se não científica pelo menos crítica.

 

Ora, é sabido que a água tratada que se bebe em Portugal é oriunda, na sua maior parte, dos Serviços das centenas de Câmaras Municipais espalhadas de norte a sul do país, que por seu lado a vão captar aos vários e pujantes rios que cruzam a nossa península ibérica. Também toda a gente sabe que todos os nossos principais rios estão enxameados de dezenas de barragens e que tal facto impede as águas de circular com a devida força e rapidez, criando variadíssimas situações de águas quase paradas, principalmente no verão, originando a criação e o desenvolvimento das tais algas e, logo, do referido vírus ATCV-1. Até aqui nada de anormal e tudo muito simples. Agora só falta descobrir, e esta é a minha teoria sobre o assunto, qual o tipo de água consumida pelas inúmeras "inteligências", a transbordar ATCV-1, que nos atazinam a cabeça todos os dias, de manhã à noite, nas dezenas de canais das nossas TV's e estabelecer uma relação: quais aqueles que consomem água dos Serviços Municipalizados e aqueles outros que só consomem água da montanha, através de garrafão, livre portanto do tal vírus. É que, se para combater e eliminar eficazmente o vírus da estupidez dessa gente precisarmos de destruir todas as nossas ricas barragens, que tanto saber e dinheiro nos custaram... estamos estupidamente desgraçados!...

 

 

Dicionário de Política para Tótós - de A a Z

GOVERNO - Ao tentar falar do principal orgão de condução política do nosso país hesitei bastante entre a letra G e a D, pois, para o caso, tanto dá chamar-lhe "governo" como "desgoverno", tal a semelhança entre os resultados de um e de outro nas vidas e nos bolsos dos portugueses. Mas dirão alguns... "lá vem agora mais uma vez este gajo deitar abaixo tudo e todos". Não se trata de deitar abaixo ou deitar acima, trata-se de exigir aquilo que qualquer pacato e simplório cidadão exige para o seu país: uma vida cada vez melhor e um governo eficiente, honesto e responsável na defesa dos interesses de todo o seu povo, não acham?... mas que vemos nós?... temos tido nos nossos últimos governos assim tantos exemplos de eficiência, honestidade e responsabilidade?... têm sempre os últimos governos agido na defesa dos efectivos interesses dos portugueses?... muito sinceramente, pelas minhas contas penso que aqui é que a porca torce o rabo!...

 

Não é de todo necessário tirar uma licenciatura na Católica nem um mestrado em Harvard para nos apercebermos do que aqui vai em Portugal relativamente a desgovernos. Só nos últimos dias vejam lá quantas coisas ruíns nos aconteceram: um ministro demitiu-se por o seu ministério ter sido alvo de uma razia a uma catrapazada de figurões e figuronas que se entretinham, através dos Vistos Gold, a doces e subtis jogadas de corrupção, branqueamento de capitais, tráfico de influências e peculato; um ex-primeiro-ministro, entretanto, foi sujeito há dias à medida de coacção de prisão preventiva por fortes suspeitas de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção. Um ex-primeiro-ministro, tenha-se na devida conta!... mas os nossos dramas não são só estes. Todos os portugueses sabem que três autocarros e meio de outros tantos figurões, ou mais, ainda andam por aí sem ninguém os incomodar, alguns já desenfiados de todo no estranja, mas outros ainda bem sentadinhos no poleirinho que lhes garante a cheta. Mas como resolver então este triste e depauperado imbróglio?... não há Justiça em Portugal?... Justiça em Portugal, pelos vistos, funciona assim: agora que o PSD e o CDS estão no poder entalam-se, preventivamente e à cautela, os corruptos distraídos e espaventosos do PS que poderão fazer mossa aos actuais mandões (como chegar a Presidente da República, por exemplo...); quando o PS chegar ao poder, e vai chegar um dia, que se cuidem os corruptos cautelosos e para já seguros do CDS e do PSD que controlam o barco agora, pois, pelos ódios entretanto semeados, os calabouços da PSP de Moscavide vão ter de ser ampliados para receber muita gente!...

 

Mas que estranha forma de Democracia e de fazer Justiça em Portugal!...

 

 

Não matem o Zé!...

Uma diabólica histeria levantou-se este fim de semana por todo o país com a detenção de José Sócrates e de outras três pessoas, todas ligadas ao primeiro sob as mais diversas formas. Não me interessa aqui descrever o que penso de Sócrates como homem ou como político, embora possa desde já atirar que, como "socialista", penso que era como os outros do mesmo partido... de socialismo muito pouco. Como líder já posso avançar um pouco mais... não fosse o descalabro financeiro internacional de 2008 e ainda hoje estaria no poder... limpinho!... O que me traz aqui é antes a forma como José Sócrates foi detido e o tratamento dado ao facto pela maioria da comunicação social. É que, como toda a gente já se apercebeu, José Sócrates foi abarbatado no Aeroporto da Portela pelo facto de, supostamente, ter deitado mão a 25 milhões de euros que tudo leva a crer, é o que dizem, não foram ganhos com o suor do seu rosto, entre outras ninharias, isto à luz de várias outras monstruosas manigâncias de que todos têm conhecimento em Portugal. 

 

Ora não me cabe a mim fazer o julgamento de José Sócrates, pois para isso existem tribunais neste país e, para além do mais, vivemos num Estado de Direito Democrático em que alguém que seja condenado por crime que tenha cometido só o poderá ser através de uma sentença judicial devidamente transitada em julgado, pois até lá deverá ser considerado inocente. Os meus professores de direito penal e de direito processual penal não se cansaram de chamar a esta triste bagatela o... princípio da presunção de inocência (artigo 32.º, nº 2 da Constituição da República Portuguesa), princípio transversal a todo o direito penal. Ora o facto é que José Sócrates já está irreversivelmente condenado à luz da campanha que lhe foi movida pela comunicação social (a SIC foi até ilegalmente avisada da hora da detenção...), condenado... embora ainda sem sentença judicial! A quem aproveita toda esta situação? Quem está interessado em arrumar antecipadamente José Sócrates da cena política?... é só fazer as contas!...

 

Entretanto, anda para aí um importantíssimo freguês ex-"dono disto tudo" que todos os jornais dizem que desencaminhou ou fez desencaminhar centenas de milhares de euros e ninguém, pelos vistos, lhe toca com um dedinho sequer. Estaremos nós aqui perante o tão famoso princípio da igualdade, objecto de tantas teses de mestrado e doutoramentos?...

 

 

Caviar e... pataniscas de bacalhau

Por vezes teimamos em levar a vida demasiado a sério, desperdiçando o momento actual em prol de um suposto bem melhor no futuro. Entretanto o futuro chega e então lamentamo-nos de termos tratado mal a nossa vida em momentos chave e que nunca mais voltam. Vem esta tirada a propósito do actual momento que todos vivemos, em que supostamente alguns, poucos, se aboletaram ao bem bom da vida, enquanto a grande maioria se contenta, se isso for possível, com os sucedâneos. É que toda a gente fala por aí que já vivemos dias melhores, em que uma laboriosa classe trabalhadora, nos tempos da outra senhora, se contentava com umas quentinhas e louras pataniscas de bacalhau e azeitonas e se dava ultimamente ao luxo de, pelo menos uma vez ou duas ao ano, se alapardar em torno de uma travessa de lagostins ou camarão, ao passo que hoje se contenta, se contentar, com uma travessa de rissóis de suposta carne ou de camarão nem vê-lo. E quem fala da classe trabalhadora pode também falar da classe média, pois essa, para além dos lagostins ou camarão, também acrescentava à travessa umas duas ou três lagostas, que isto de classes é assim, degrau um pouco mais acima e tudo é diferente na hora do repasto.

 

Claro que as classes altas passam e sempre passaram ao lado do camarão, do lagostim e da lagosta... pois a sua vida sempre girou e gira em redor do caviar, se possível beluga, que isto do caviar ossetra e sevruga é e sempre foi para a classe média alta. Ora, como é do conhecimento de grande parte dos portugueses que não se interessa só por futebol, a classe trabalhadora vive hoje em Portugal horas de autêntica amargura, com os tostões a serem contados a toda a hora. O mesmo tem acontecido à classe média, massiçamente destruída pelas políticas de austeridade do actual governo. Perante tudo isto, não faltará muito pouco para voltarmos à divisão salazarenta do passado em classe do caviar e classe das pataniscas de bacalhau pois, quanto às classes do camarão, lagostins e lagosta... já eram!...

 

Mas olhem, uma boa patanisca de bacalhau com salsa e cebola quanto baste... até que caía já que nem canja!...

 

Dicionário de Política para Tótós - de A a Z

FUTEBOL - Já sei que depois desta minha provocaçãosinha alguém aparecerá logo a dizer que mais uma vez misturo alhos com bugalhos e que futebol e política têm tanto a ver um com o outro como o azeite tem a ver com a água ou o mel com o sal. É que, como toda a gente sabe, dá sempre muito menos trabalho mandar umas labercas a propósito de tudo e por nada do que queimar as pestanas e os neurónios a acompanhar diariamente os assuntos e, quando o interesse assim o exige, investir umas massas jeitosas a comprar uns livrecos ou uns jornalecos escritos por especialistas numa determinada matéria. É claro que, quando se topa que alguém está bem ou mais ou menos informado sobre o tema em disputa, sempre se puderá arremessar, à falta de melhor argumento, com a sempre impactante e de belo efeito tirada... "lá vens tu, mais uma vez, com a malfadada teoria da conspiração"!... e não é que um ataque vesgo e de tal amplitude tem sempre algum efeito no ouvinte mal avisado?... pois tem... e com tal tirada por aí ficam muitos calados... muitos, menos eu!...

 

Pergunto eu, pois, por que razões esconsas e mal explicadas nunca nenhum alto dirigente dos três grandes do nosso futebol, sempre que é acusado, publicamente ou não, de andar metido nas mais confusas manigâncias, ter sido até hoje obrigado a abandonar o poleiro em razão de tais acusações? O que nós vimos até, com um certo gozo, é o bailinho da Madeira que esses altos dirigentes dão ao poder político, que não se atreve sequer a tocar-lhes com uma unha. Que medos terá então o poder político dos principais patrões do futebol?... não falo aqui do Belenenses nem do Paços de Ferreira... falo do FCP, do SLB e do SCP!... de que favores precisa então o poder político por parte dos poderosos senhores do futebol?... será de votos?... ora, como toda a gente sabe, votos representam dinheiro, muito dinheiro... e para muita gente!... por muitos anos!... ora isto nada tem a ver com uma suposta teoria da conspiração, antes se trata de conhecer e de compreender a famosa e mercantilista "lei da oferta e da procura"!...

 

A não ser assim, como explicar que cada vez mais conhecidos políticos e comentadores invistam em carreiras dominicais e semanais de impactantes e tecnicistas teorizadores de futebol?... como explicar os descarados namoros que os senhores do poder político insistentemente fazem aos craques da bola para que embelezem e apoiem as suas listas eleitorais?... lembram-se daquela cena do primeiro-ministro José Sócrates ter aparecido ao lado do famoso Luís Figo em plena campanha eleitoral de Setembro de 2009?... pois então, segundo o Semanário Expresso da altura (Abril de 2010), o apoio de Luís Figo a Sócrates foi comprado com dinheirinho da Taguspark... empresa de capitais públicos (com os teus e os meus carcanhóis, portanto!...). Porreirinho, hein?... campanha eleitoral paga às custas cá do conspirativo Zé Pacóvio!... se o futebol não anda ensarilhado, e muito bem ensarilhado, com a evasiva mas lucrativa política... então eu vou ali e volto já!...

 

A propósito... alguem topou por aí uma tal de malfadada e mil vezes repetida... "teoria da conspiração"?...

 

 

O silêncio dos felizardos

Aqui há dias desloquei-me a um supermercado da área onde resido e, como vem sendo habitual nos dias de hoje, lá estavam mais umas senhoras da organização X P T O a entregar sacas e a pedir alimentos para matar a fome às inúmeras vítimas da política de austeridade. A situção é tão crítica que não há quase dia nenhum em que não se encontrem situações destas nas entradas dos ditos supermercados. Claro que toda a gente sabe das enormes dificuldades de milhares de famílias neste país e, por isso, apesar da crise, a solidariedade do povo português acaba por vir sempre ao de cima. Uma dessas senhoras dirigiu-se então a mim e entregou-me uma saca para a oferta dos alimentos que eu quizesse fazer. Agarrei na saca mas também lhe disse que os de baixo estão dispostos a ajudar mas que os de cima, que originaram a crise e se aproveitaram e aproveitam dela, deveriam ser também chamados à responsabilidade. Ora a senhora não esteve com meias medidas e, vai daí, com ar de santa, atirou-me logo com esta... "deixe-se de política"!...

 

Este "deixe-se de política" não me beliscou em nada, habituado como estou a ver todo um povo a ser sacaneado cada dia que passa e a fechar-se em copas como se nada acontecesse. É que, quarenta anos de bolorenta ditadura fascista e outros quarenta de democracia de três em um (PS + PSD + CDS) deu nisto... o pessoal não está para se chatear com a realidade da vida, pois para isso já basta o futebol. É claro que este "deixe-se de política" também quer dizer muitas outras coisas, tais como... "deixe estar lá em cima os coitadinhos descansados pois eles não têm culpa de nada", ou então... "quem manda pode e que remédio temos nós senão aguentar", ou ainda... "que havemos de fazer?... Deus assim quiz e agora só nos resta pedir para uma tijela de sopa para acudir aos coitados dos pobrezinhos"!... 

 

A quem aproveita o comprometedor... silêncio dos felizardos?...

Dicionário de Política para Tótós - de A a Z

FUNCIONÁRIO PÚBLICO - Isto de ser funcionário público em Portugal, como em tudo na vida, tem as suas vantagens e desvantagens. Antigamente, nos tempos da outra senhora, ser funcionário público era um pouco chato,  dado os ordenados geralmente baixos relativamente aos privados. Por outro lado, ser funcionário público era para toda a vida, com garantia de nunca entrar numa lista de despedimentos, e as reformasitas lá estavam garantidas na base do último ordenado. O que era assim um pouco estranho nesses tempos era todo o funcionário público ter de assinar um papelito a dizer que não pertencia ao Partido Comunista, coisa então assumida como alta traição, pois isto de mamar do Estado e, por outro lado, querer aboli-lo, não tinha pés nem cabeça.

 

Entretanto, sairam à rua esses tais de Capitães de Abril e o ambiente funcionalista começou a mudar. Os ordenados começaram enfim a subir, ultrapassando até, em muitos casos, os privados. Claro, a segurança no emprego para toda a vida manteve-se, assim como se mantiveram as restantes mordomias, como é o caso do direito adquirido de fazer cara de mal disposto quando se atende um cidadão, ou então demorar quinze dias a tratar de um assunto que qualquer um, numa empresa privada, trataria em duas horas, ou menos. Claro que inconvenientes também os há, pois o papelito a declarar que não se é membro ou simpatizante do Partido Comunista foi entretanto abolido, mas agora, em contrapartida, é necessário tacitamente provar que se é militante ou simpatizante do PSD, do PS ou do CDS, porque senão... é muito difícil aceder à função pública ou, pelo menos, chegar a um poleiro bem remunerado. Como atrás se disse, nem tudo é mel... alguns sapinhos há que engolir.

 

Presentemente, em tempos de austeridade e de salve-se quem puder, outros valores entretanto se levantam no outrora paraíso do funcionalismo público, e vir para o olho da rua mesmo sendo dos partidos do chamado "arco do poder" já não é novidade para ninguém. É que, em alturas de corte cego, como a que estamos agora, estas questões do quem fica ou não no bem bom passam por estruturas de poder de um nível muito mais alto e requintado, que por vezes escapam ao comum Zé Pacóvio... geralmente estudadas a compasso e avental.

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