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russomanias

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Fresquinho... da Noruega!...

Aqui há dias, no decorrer do Jornal das 8, da SIC, apareceu uma reportagem sobre o "Skrei" da Noruega, um tipo de bacalhau fresco que é capturado entre os meses de Fevereiro e Abril, antes da desova, vindo do Mar de Barents. Este tipo de bacalhau, para manter a exigente qualidade imposta pelas autoridades norueguesas, deverá ser embalado nas primeiras 24 horas depois da apanha. No decorrer da reportagem, que decorreu na ilha de Husoy (com um tracinho no o...), lugar de Senja, Noruega, também por lá apareceu o chefe português do ano, António Loureiro, que após uma refrescante sessão de pescaria do nosso "fiel amigo" deliciou os boquiabertos noruegueses com um autêntico festival da nossa gastronomia, toda ela tendo como base o famoso "Skrei". Por mim, e logo que o encontre no mercado, a preços acessíveis claro, não deixarei de tirar as medidas ao, pelos vistos, delicioso "Skrei", que cá para mim, e sendo como é, no fundo, bacalhau... só pode ser mesmo bom!...

 

Mas um dos aspectos que mais me chamou a atenção na referida reportagem foi a altura em que apareceu um grupo de crianças a irromper voluntariamente pela fábrica de processamento  do bacalhau dentro e a serem apresentadas como crianças com mais de 10 anos que, após a saída da escola, vão cortar as famosas e caríssimas linguas de bacalhau, podendo ganhar cada uma delas, em não mais que duas horas de trabalho, com brincadeira à mistura claro, até 90 euros (4 euros/Kg), muito, mas muito mais, do que ganham os trabalhadores adultos em Portugal num dia inteiro de trabalho. Justificou a proprietária da fábrica a utilização da mão de obra voluntária das crianças, que em Portugal se chamaria tecnicamente "exploração de mão de obra infantil", com a necessidade de que elas sintam que é através do trabalho que se obtêm as coisas que nos são mais úteis na vida. Perguntado a algumas das crianças o que iriam elas fazer com o dinheiro que aí ganhavam, as respostas foram soberbas: para aplicar numa "conta poupança", para investir na "educação" e para comprar um "automóvel" quando for maior.

 

Como é que os noruegueses não hão-de ter um melhor nível de vida que nós, portugueses?...

 

 

Dicionário de Política para Tótós - de A a Z

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MAÇONARIA - Tive um dia uma professora de geografia que muito admirava que me disse numa aula, cara a cara, que este mundo não é para pessoas inteligentes mas sim para os espertos. Após isso, sempre que penso ou abordo questões relacionadas com o poder vem-me à memória esse dito e tento avaliar até que ponto essa afirmação tem cabimento ou se, pelo contrário, tudo não passará de um alibi para nos tornarmos moles e malandros em tudo aquilo que diga respeito ao necessário esforço que há que dispender para melhorar e superar os nossos actuais conhecimentos. Já sei que estarão agora a pensar o que tem isso dos "espertos" e dos "inteligentes" a ver com o tema aqui abordado da Maçonaria. E têm toda a razão em questionar dessa forma a aqui abertura do tema, pois se ser muito "inteligente" não é de forma alguma garantia de sucesso na vida, ser um político, empresário ou  professor capaz e honesto muito menos é garantia de coisa nenhuma. São necessárias outras "alavancas", ou melhor, pelos vistos outras competências.

 

Por vezes são-nos vendidas quase diariamente, nos jornais e na TV, determinadas figuras e sumidades como prolixos e competentes políticos, empresários, professores, comentadores, novelistas, criminalistas, artistas, juristas, catedráticos, jornalistas e outros mais, e nós perguntamo-nos: mas de onde sairam todos estes empertigados e esguios figurões? Começamos a ver melhor e reparamos então que são todos, ou quase todos, dos partidos do chamado "arco do poder", isto é, do PSD, do PS ou do CDS. Vai daí, e dando uns passos mais à frente, aparece-nos o quê?... se não são da Maçonaria andam por lá perto. Chegados aqui, há que concluir que onde houver "poleiro" a Maçonaria não anda longe, e onde houver Maçonaria há luta pelo "poleiro". Por isso, avisados são aqueles que não destrinçam completamente o todo da Maçonaria com a parte dos partidos que se esfalfam pelo "poleiro", porque embora nos sejam vendidos como coisa diferente... tudo nos aponta que são precisa e completamente a mesma coisa!... inteligentes?... como dizia a minha professora de geografia, muito melhor... espertos!...

 

Mas para podermos entender mais sabiamente todas estas esforçadamente secretas minudências, nada como darmos uma olhadela no livro de António José Vilela, SEGREDOS DA MAÇONARIA PORTUGUESA, publicado pela editora A Esfera dos Livros.

 

 

Trapalhadas à grega

Agora que todos já sabemos que o que se pressentia afinal era verdade e que o Syriza, partido da extrema esquerda da Grécia confirmou nas urnas o que toda a gente dizia à boca cheia, talvez não seja má ideia esmiuçar por alto o que levou o povo grego a votar desta forma extremada e a relegar para segundo plano o partido de direita da Nova Democracia, assestando pelo caminho um golpe demolidor no agora quase nada Pasok, o duplicado helénico do "socialismo na gaveta" do PS português. Antes de mais, convém realçar que na Grécia, como cá, o poder tem saltado do Pasok para a Nova Democracia, da Nova Democracia para o Pasok, sendo hoje muito claro que nenhum dos dois partidos se diferenciou, no que quer que fosse, na política de austeridade e empobrecimento extremo a que o país foi por eles sujeito, tendo no passado domingo o povo grego votado no partido que mais garantias lhe deu de dar fim à situação de catástrofe em que o país tem vivido.

 

Que repercussões esta vitória do Syriza poderá ter em Portugal?... será que também aqui, como em Espanha, a onda grega de revolta contra as políticas suícidas da Senhora Merkel fará sentir o seu efeito? Uma coisa é certa, através do Bloco de Esquerda não será, pois a onda brava deste partido já passou, a festa já foi feita, os foguetes já foram lançados, a fogueira já apagou, só já restando os cacos diários do esfrangalhamento aprofundado e contínuo em novos e cada vez mais pequenos grupinhos. Conveniente seria, por outro lado, que o Partido Socialista medisse muito bem o que pretende fazer nesta nova e previsível subida ao "cadeirão do poder", pois os anos de José Sócrates ainda estão bem frescos na memória e nos bolsos do pagode e já se vislumbram, agora em António Costa, os tiques da habitual amnésia socialista relativamente a "promessas" feitas em eleições e logo esquecidas quando o trazeiro se compraz no farto e bem regado mocho.

 

Portugal não é a Grécia, mas os nossos PS e PSD bem podem deitar os olhinhos com cuidado ao que se vem passando ali para os lados do Egeu... é que convem não esquecer que o fogoso e irritadiço sangue grego, embora mesclado com outros, ainda corre farto nas nossas veias!...

 

 

Dicionário de Política para Tótós - de A a Z

LIBERDADE - A não ser que alguma vez tenhamos já sido privados de alguma das formas em que se manifesta o nosso direito à liberdade, é declaradamente difícil falar hoje do que a mesma efectivamente representa, já que para as jovens gerações actuais as palavras ditadura, fascismo, censura, perseguição política, presos políticos, assassinatos políticos, vigilância política e outras aberrações habituais das sociedades concentracionárias estão hoje fora do cardápio da informação diária dos principais orgãos televisivos e jornalísticos generalistas, salvo raras e muito específicas excepções, como seja o caso das comemorações do 25 de Abril e 1º de Maio. Também não é de admirar, sabendo como hoje se sabe que algumas das eminências pardas do mais retrógrado reaccionarismo se passeiam, em perfeita e comprazada liberdade, pelos palácios ministeriais da lusa república democrática e pluralista.

 

Mas embora a palavra "liberdade" em Portugal não tenha já hoje as conotações que teve durante os quarenta anos do reinado de terror salazarento e pidesco, em que havia total "liberdade de expressão" para os de cima e obrigatoriedade de sujeição total à opressão para os de baixo, não nos é possível deixar de reparar, embora descontraidamente, nas "liberdades" que hoje temos de continuarmos a ser um país verdadeiramente livre e democrático ou então de nos sujeitarmos aos arrufos, imposições e más disposições da germânica Sr.ª Merkel, de podermos crescer, estudar e trabalhar no nosso próprio país ou então, para não morrermos à fome, de termos que emigrar o quanto mais depressinha possível, de usufruirmos de um verdadeiro Serviço Nacional de Saúde ou então de vermos morrer os nossos pais e avós insensivelmente abandonados nos serviços de urgência dos nossos hospitais. Claro que hoje podemos usufruir largamente, graças a Deus, de todas estas "liberdades" que nos foram concedidas, assim como podemos dispor da portentosa "liberdade" de viver num país em que 0,1% da população possui mais riqueza que os restantes 99,9%, em que o dono de um Banco ligado aos partidos do chamado "arco do poder" fez desaparecer 5.000 milhões de euros sem se saber para onde e anda por aí todo feliz e numa boa rodeado de magotes de seguranças, enquanto que um casal que devia 5 centimos às Finanças viu o seu ordenado penhorado... e sem direito a respingar!...

 

Gritemos todos juntos, queridos cidadãos deste democrático e solidário país... Viva, por muitos anos Viva, a preciosa e equitativa Liberdade!...

 

 

Já falta pouco José!...

Para quem ande a seguir desde o início a Telenovela José Sócrates certamente não terá passado despercebido o número crescente das visitas diárias ao irreverente e irrequieto ex-primeiro ministro por parte dos camaradas e amigos do seu partido. Só Mário Soares, pelos vistos, já lá foi por três vezes. E a romaria vai de certeza continuar por estes próximos meses fóra, pelo menos até às próximas eleições de Setembro. E tudo isto porquê? Qual a razão de toda esta azafama solidária com um ex-primeiro ministro que está preventivamente preso, sem acusação formada, sem se saber concreta e oficialmente porquê, apesar de todo o diz-que-diz que tem vindo escarrapachado nos jornais, revistas e televisões deste país?

 

Para os que andam um pouquinho mais atentos, o que transparece é que a prisão preventiva de José Sócrates deu, e de que maneira, um jeitinho muito interessante e gostoso à estratégia de poder do PSD, que via necessariamente no fogoso e elegantérrimo socialista um forte potencial candidato do Partido Socialista às próximas eleições para Presidente da República. Afastado assim José Sócrates, com uma estocada arrojada e de mestre, da corrida presidencial, que desenvolvimentos poderemos nós esperar dos próximos capitulos da Telenovela que nos dizem, mas ainda não provaram, faz movimentar milhões? A viragem mais emocional do guião folhetinesco acontecerá provavelmente a partir das próximas eleições legislativas de Setembro, pois a ser verdade que o Partido Socialista a partir daí subirá de novo ao "poleiro", desculpem, ao poder, ainda iremos ver José Sócrates intentar contra o Estado português uma acção de responsabilidade civil por danos decorrentes do exercício da função jurisdicional e receber, assim, uns bons milhares para ajudar a abater ao empréstimo que pediu na CGD. 

 

Claro que depois das próximas eleições legislativas de Setembro, mas não logo de imediato, para não dar a entender ao Pagode que a política em Portugal se faz de encarniçados ressabiamentos, iremos ficar a saber quais serão os actuais figurões próximos do PSD que irão quase de certeza bater com os costados na barra dos tribunais, por potenciais "crimes" cometidos no passado ou no presente, pois assim se vem fazendo política em Portugal.

 

Já falta pouco José!...

 

Dicionário de Política para Tótós - de A a Z

JOVENS DO BLOCO - JB  -  Está mais que claro que o Bloco de Esquerda jámais será em Portugal uma coisa algo parecida com o Syriza da Grécia, antes pelo contrário. Aos Jovens do Bloco só lhes resta, por conseguinte, aspirar a que os seus camaradas seniores aguentem o mais possível a parada daquela pouco mais que meia dúzia de deputados que para já possuem na Assembleia da República, que o mais certo é, em próximas eleições, ficarem reduzidos a menos de metade. Assim sendo, com que futuro podem sonhar agora os outrora alegres esquerdistas Jovens do Bloco? Se para um lugar de deputado na Assembleia da República a vida não está nada fácil, imaginem agora para o Parlamento Europeu. Para vereador de alguma Câmara Municipal de jeito então é melhor nem falar!

 

Mas para os espevitados Jovens do Bloco nem tudo estará perdido se bem depressa se espartilharem em vários grupos, grupinhos e grupecos das mais esquisitas tendências - udêpistas, ex-comunistas, trotsquistas, maoistas, etc. - pois assim sempre poderão negociar um lugarsinho aqui e outro acolá nas listas eleitorais sempre fartas do "socialismo na gaveta" de António Costa e, quem sabe, algum dia, uma para aí esquecida secretaria de estado qualquer ou um tachito de futuro comentador da SIC ou TVI deixarão de ser simples e almejadas quimeras. Claro que para aí chegarem o caminho nem sempre será fácil e por vezes haverá que fazer mesmo das tripas coração e berrar alto, muito alto, principalmente naquelas situações em que há que bater forte e feio nas propostas revisionistas do arqui-inimigo PCP, pois só assim eventualmente se abrirão ligeiramente as portas do "poleiro", desculpem, dos partidos do "arco do poder", que é coisa que nenhum de nós certamente gosta e abomina até.

 

Por isso, irrequietos e criativos Jovens do Bloco, continuem com essa de que os "ricos" que paguem a crise, porque enquanto o pau vai e vem quem a está a pagar mesmo é o Zé Pagode... e vós nem disso vos dais conta!...

 

 

As nossas queridas elites

Sempre gostei de ler biografias, tanto de pessoas simples como das ditas importantes. Tenho uma forte impressão, ao ler essas biografias, que o que sei ou penso sobre os biografados pode a qualquer momento ser profundamente alterado por um pequeno pormenor que desconhecia antes, por uma pequena inconfidência que seja que me fará mudar radicalmente de opinião sobre a pessoa em causa, para o bem ou... para o mal. Uma grande figura poderá deixar de ser tão grande assim para mim por um pormenor a que outros não darão assim tanta importância, mas uma outra figura sem algum relevo em especial poderá cair na minha mais alta consideração por uma simples atitude que tomou na vida e que eu de todo desconhecia. Como alguns costumam dizer... o permenor é tudo!...

 

Vem esta introdução a propósito de uma passagem de uma entrevista que li há dias, dada pelo cantor Carlos do Carmo, numa passagem em que o mesmo se referia às elites em Portugal. Contou então Carlos do Carmo que um dia foi dar um espectáculo à Holanda, espectáculo que foi patrocinado por um Banco holandês. Uns dias pós o espectáculo, e estando Carlos do Carmo ainda nesse país, o organizador da iniciativa contactou o artista e comunicou-lhe que os donos do Banco, um casal, gostariam de o cumprimentar. Combinaram então um encontro num jardim da cidade e, no dia e hora combinados, lá foram então Carlos do Carmo e o organizador do espectáculo cumprimentar os banqueiros. Aconteceu então o inesperado: a pedalar numa bicicleta pelo jardim fora, dirigiu-se a eles um casal que foi apresentado pelo organizador do espectáculo a Carlos do Carmo como sendo os banqueiros que lhe patrocinaram o espectáculo na Holanda. Carlos do Carmo, naturalmente, pensando no seu empertigado e elitista Portugal, ficou de boca completamente aberta mas, entretanto, e a custo, lá teve que se recompor. E não era para menos... o riquíssimo casal de banqueiros holandês, em Portugal, seria visto e tratado pelas nossas "elites" como simples e miseráveis pés-rapados do mais baixo nível. Pois se Francisco Assis, do Partido Socialista, achava repugnante que o mais paupérrimo deputado do seu partido se deslocasse de Renault Clio, imaginem agora de... bicicleta!...

 

 

 

Dicionário de Política para Tótós - de A a Z

JUVENTUDE COMUNISTA PORTUGUESA - JCP  -  Isto de se ser jovem comunista nos dias de hoje não deve ser nada fácil. O cheirinho do poder, esse poderoso catalizador de energias, para a JCP já era. Que pode levar então hoje em dia um jovem a decidir-se por tentar construir uma sociedade sem classes, onde não haja nem exploradores nem explorados, essa utopia que chegou a cativar milhões? Bem, será o desejo de ajudar a classe operária a chegar ao poder ou será antes a firme vontade desse jovem chegar ele mesmo ao almejado poder? Será o propósito de combater firmemente ao lado dos explorados e oprimidos ou será antes o objectivo de utilizar os explorados e oprimidos para construir e treinar alternativas para outros voos de mais garantidos retornos e rendimentos? Veja-se o caso do espertíssimo Pina Moura, que de reconhecido e excelente combatente pelas mais nobres causas do socialismo real e do comunismo, depressa desatrelou do berço que o viu nascer e enveredou imparavelmente pelo mais rentável "socialismo na gaveta", cometendo o enorme feito de aí ter chegado ao prestigiado posto de "cardeal".

 

Claro que pela via da JCP sempre se poderá chegar a presidente de uma Junta de Freguesia ou de uma Câmara Municipal, depois de atravessar o Tejo, mas será que isso basta para tanta juvenil ambição?... ah, já me esquecia, também dá, desde que se seja bem comportadinho e se vote sempre a favor do centralismo democrático, para alinhar na fila para uma cadeirinha nos lugares da frente da Assembleia da República ou no Parlamento Europeu, mas aqui cuidado!... nada de escrever ou dizer algo que não tenha sido já publicado no jornal Avante, mesmo que o seja por outras palavras. Claro que todo o pai ou mãe que incentive o seu filho ou filha a inscrever-se na JCP não deve admirar-se que ele um dia, questionado por algum jornalista mais experimentado sobre o que terá sido isso do "Gulag" no tempo da União Soviética, que ele responda que não sabe o que isso é, e que igualmente não saiba, de certeza, o que esteve em causa nos tais de "Processos de Moscovo", nos longínquos anos de 1936/1938.

 

Mas, se não se importar de todo em todo que o seu filhinho ou filha sejam uns autênticos tótósinhos no que respeita a História Contemporânea, não se apoquente... JCP!...

 

 

Mercedes, mexilhão, BMW e... sopa dos pobres

Aqui há dias passava eu, já noite, ali para os lados da estação do Metro da Trindade, no Porto, quando reparei numa pequena multidão de pessoas que se dirigia para o parque de estacionamento situado ali mesmo ao lado. Perguntei a alguem o que se passava e vim a saber que eram pessoas que iam tomar uma refeição quente (sopa dos pobres) oferecida por uma dessas organizações que prestam apoio e assistência às vítimas da austeridade, pessoas a quem o nosso Primeiro Ministro Passos Coelho apelidou de "mexilhão". Como se devem lembrar, Passos Coelho referiu então que desta vez a "crise" não foi suportada pelo "mexilhão", pretendendo sugerir que a mesma foi debitada desta vez ao "peixe graúdo".

 

Não sei como, perante esta imagem de pessoas arrastando-se por um prato de sopa quente numa fria noite de inverno, veio-me de repente à memória a notícia tambem há dias passada na TV de que a marca de automóveis alemã Mercedes teve uma explosão de vendas em Portugal durante o ano de 2014, sendo o nosso país aquele em que a marca mais cresceu em toda a Europa. No seguimento da notícia, ficamos também a saber que a marca tambem alemã da BMW teve igualmente um forte crescimento de vendas, assim como outras marcas topo de gama. Num esforço silogistico de primeira vaga, concluí logo, no seguimento da afirmação do Primeiro Ministro Passos Coelho, que o "peixe graúdo", pelo esforço feito em pagar a maldita "crise", não teria nunca condições para adquirir tanta viatura de luxo, pelo que só o "mexilhão", pensei, por ter escapado à dita "crise", se poderia ter aboletado a tantas máquinas oriundas do orgulhoso país da Senhora Merkel. Vai daí...

 

Vai daí, com a firme vontade de colocar à prova a maravilhosa afirmação do nosso Primeiro Ministro, caminhei desenfreadamente por todas aquelas ruas da laboriosa Invicta com o objectivo claro de apanhar algum "mexilhão" distraído com a boca na botija, a sair agachado ou disfarçadamente de algum Mercedes ou BMW e a dirigir-se, escandalosa e desavergonhadamente, para a "sopa dos pobres" do parque de estacionamento da Trindade. Determinado, subi a Rua de Camões, desci a Rua do Bonjardim, calcorreei a Avenida dos Aliados, subi a seguir a Rua Sá da Bandeira, atravessei para a Rua Santa Catarina, desci a Rua 31 de Janeiro, subi a custo a Rua dos Clérigos, desci apressado a Rua da Fábrica e, já cansado e subindo sofregamente a Rua do Almada, virei então à direita na Rua Alferes Malheiro, chegando de novo à Trindade. Resultado... em toda aquela autêntica maratona pedonal não vi sequer um único e triste "mexilhão" a sair de um germânico Mercedes ou BMW e a dirigir-se para a esquentada "sopa dos pobres" da Trindade.

 

Afinal, pergunto eu, tanta correria fiz para provar o quê?...

 

 

Dicionário de Política para Tótós - de A a Z

JUVENTUDE POPULAR - JP - Organização da juventude do CDS - PP, partido que tem servido de bengala à política de direita seguida pelo actual governo PSD/CDS. Neste caso aqui, como acontece já com a JSD e a JS, estamos perante uma excelente escola de aprendizagem para os nossos miúdos e miúdas que queiram apostar numa escalada rápida para o topo da pirâmide política que tem governado o país e o colocou em imparável bancarrota. Acobertada por detrás da pseudo defesa dos valores da democracia cristã e do liberalismo, encontraremos na escola da JP professores de excelente craveira que poderão servir de exemplo para todos aqueles jovens que prezam os valores da solidariedade e da cristandade mais cativantes. De todos esses professores, o mais notório e sedutor é sem dúvida PAULO PORTAS, o pragmático e imaculado político português, campeão das mais espectaculares cambalhotas e números de inexcedível magia política.

 

Nunca mais o seu entediado e vagaroso filho ou filha serão os mesmos depois de terem passado pela JP e privado de perto com todos aqueles craques especialistas em espantosas e juradas promessas de defesa ilimitada dos pensionistas e reformados, dos ex-combatentes da guerra do ultramar, dos pequenos e médios comerciantes. Imaginem só as capacidades que os nossos filhos adquirirão no campo das relações humanas quando puderem estagiar com o grande chefe Portas naquelas visitas relampago às feiras de norte a sul do país e aí, à boca cheia, desfilarem aquelas incríveis e contagiantes promessas de não aumento de impostos, de proteção dos mais desfavorecidos, de que vão, se vencerem as eleições, assestar um golpe de morte nessas assombrosas, injustas, despropositadas e sugadoras "gorduras do Estado". Que mais poderemos querer nós para os nossos filhos? Incitá-los a inscreverem-se na JP não é garantir-lhes uma licenciatura... é oferecer-lhes de mão beijada um doutoramento!...

 

Mas, dirão vocês... "não serão pretendentes a mais para tão poucos poleiros"?... é certo que sim, mas vejam: sempre se arranjará, à falta de melhor, um lugarsinho à mesa nas próximas negociações de aquisição de mais submarinos, pois com uma ZEE exclusiva de 200 milhas... não é somente com dois bichinhos daqueles que Portugal conseguirá dar de comer a tanto peixe graúdo!...

 

"Irreversivelmente"... JP!...

 

 

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