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russomanias

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O menos mentiroso

Já sei que a partir deste atrevimento não me vão mais perdoar, vão chover os impropérios, vou ser classificado de anarquista e provocador, ou até de outros nomes mais medonhos e ofensivos. Sei também que daqui não construirei nenhuma tese de mestrado e de doutoramento também não, pois tudo o que direi sobre o assunto sai fóra das normas e enquadra-se naquilo que é apelidado de "politicamente incorrecto". Mas eu não me importo, dado que a minha teoria tem tanto de simples como de comprovável, pois é alicerçada no passado histórico e no nosso presente mais chegado. E a minha asserção é tão somente esta: nas eleições do próximo dia 4 de Outubro os portugueses não têm que escolher entre os bons e os maus, entre os que só falam verdade e os que só mentem, mas sim entre o mais ou o menos mentiroso, entre aquele que mente com todos os dentes da boca e aquele outro que esconde o que pode e não diz tudo mas, chegado um dia ao poder, não faz nada do que disse ou faz muito pior.

 

Mas, dirão vocês, como é possível aceitar tal teoria, como é possível comprová-la? Para tal temos que nos socorrer da história portuguesa e universal mais próxima, incluindo do próprio presente, para tentar encontrar algum fio, alguma ponta que nos leve nessa direcção. Tentemos então, desde logo, e pegando no caso do José Sócrates, que mal chegou ao poder disse logo com a maior das latas que não poderia cumprir o que prometeu na campanha eleitoral porque "não sabia" da real situação do país, pelo que nos mentiu descaradamente. Pegando agora no dueto Passos Coelho e Paulo Portas, a que conclusão chegamos? Mentiram descaradamente, pois disseram com a boca toda, antes das eleições, que não tocariam nos reformados e não iriam despedir funcionários públicos e, mal chegaram ao poder, fizeram destes gato sapato, despediram-nos e roubaram-lhes centenas de milhões das reformas. Mas, dirão vocês, ainda temos o Jerónimo de Sousa e a Catarina Martins. Dirão vocês e com toda a razão. Mas a mim só me cabe perguntar: temos a certeza que a sociedade que os dois defendem é a que nos fará mais felizes e aquela em que viveremos com mais liberdade? Que exemplos dessa sociedade livre e próspera nos deu a história? A União Soviética? Cuba? Coreia do Norte? A actual Grécia do Syriza? Convém pensar muito bem, pois igualmente aqui não nos é dito tudo, muito fica escondido e por esclarecer, muita mentirinha já foi a conta gotas revelada e uma possível tomada do poder reservar-nos-á algumas surpresas que jámais esperariamos.

 

Mas então, perguntarão vocês, o que temos a fazer até 4 de Outubro, se não o fizemos já? O que temos a fazer, na minha singela e pacata opinião, é tentar intuir, adivinharqual será o menos mentiroso deles todos e, aqui chegados, votar nele e em força, para tentar impedir a todo o custo que o maior ou os maiores mentirosos que vão a votos ganhem as eleições e prejudiquem o país ainda mais do que o que já fizeram.

 

Poderão vocês dizer-me que a minha conclusão não é nada académica e muito menos "científica", o que é a pura das verdades. Mas vem do fundo da minha intuição, é simples e fácil de verificar nos dias que correm pois, como dizia Heródoto, o pai da História... "é sem dúvida mais fácil enganar uma multidão do que um só homem".

 

 

Plafonai-vos uns aos outros!...

Já nos passou a todos pela cabeça mandar este país às malvas e desistir de qualquer tipo de esperança de que algum dia possamos ser um lugar verdadeiramente digno de se viver, de se viver honestamente falando, pois para se viver de expedientes qualquer lugar do mundo serve, pois então. Se não vejamos: tirando fóra o honestamente, sempre se poderia viver à grande num país como a Colômbia, onde a "indústria" dos "charros" e do "pó" certamente nos garantiria uma vida de luxo e de prazer, ou então, para evitar atravessar o largo e revoltoso Altântico, sempre poderiamos optar por uma mais acessível Albânia, organizando e encaminhando os milhares de refugiados que querem chegar à Europa a qualquer preço, desonesto e desapiedado "esquema" que pelos vistos rende milhões e nenhuma autoridade lhe consegue deitar a mão. Mas também, e à falta de melhor, sempre poderiamos optar por algo mais tecnológico e geograficamente mais perto ainda, que seria o de montarmos na Alemanha uma "startup" virada para a falsificação de dados informáticos para a indústria automóvel, ou aeronáutica até, negócio desonesto pelos vistos altamente rentável para aqueles lados e entretanto muito pouco questionado, se tivermos em conta as informações que nos chegaram nestes últimos dias.

 

Mas não, burros e ingénuos, a maioria de nós persiste ainda em querer sonhar com um pacato país honesto e saudável, e por isso recebeu com normalidade e indiferença a notícia de que o "défice" de Portugal em 2014 ficará situado em 7,2% do PIB, tanto como no ano da desgraça de 2011, pelo que milhares de portugueses perderam os seus empregos, centenas de milhar tiveram que emigrar e os reformados ficaram sem as suas reformas completamente para nada, melhor... para injectar esses milhares de milhões miseravelmente "sacados" ao povo no Novo e nos velhos Bancos! Pelo que o previsível futuro novo Primeiro Ministro aproveitou já manhosamente para dar a entender que vai ter obrigatoriamente de espetar a "faca" para tapar este novo "buraco". Mas quem irá desta vez ser posto novamente a "sangrar", inocentemente perguntamos? Um português medianamente honesto e bom pai de família responderá prontamente... os mesmos de sempre!...

 

Pelo que, tudo sossegadamente visto e ponderado, meus queridos e massacrantes candidatos a Primeiro Ministro... plafonai-vos uns aos outros!...

 

 

Eles adoram-nos!...

Quem ande minimamente atento deve ter reparado que ultimamente não se fala noutra coisa na campanha eleitoral a não ser na Segurança Social. Os problemas que o país atravessa são muitos, nomeadamente a fragilidade da economia, o elevado desemprego, mais de dois milhões de pessoas a viver abaixo do limiar da pobreza, a fuga em massa dos jovens, a acelarada desertificação do interior do país, entre muitos outros. A imensidão dos problemas que Portugal atravessa são de mais que clara necessidade de tratamento urgente, mas a maior parte deles só são abordados ao de leve ou passam mesmo completamente ao lado nas propostas dos partidos do governo e mesmo do próprio Partido Socialista. Assunto que não é contudo deixado para trás por nenhum deles é o da Segurança Social, pois todos os dias algum dos "canários" do chamado "arco do poder" trás a problemática à tona e acusa o outro de querer a sua destruição. Mas porquê?...

 

Será que todos eles, o PSD, o CDS e o PS, estão mesmo preocupados com a "sustentabilidade", como eles dizem, da Segurança Social? Quando vemos alguns deles a acusar os outros de fazerem perigar as reformas dos futuros pensionistas, será que a sua preocupação é mesmo com aqueles que no futuro esperam receber a sua reforma na base daquilo que descontaram? O PSD e o CDS, durante o seu governo, cortaram já milhões nas pensões dos reformados e utilizaram esse dinheiro para, dizem eles, "emprestar"... aos pobres dos Bancos. Preparam-se agora, segundo o que enviaram para Bruxelas, para cortar mais 600 milhões de euros. O PS de António Costa diz que, se ganhar, tem já as contas feitas e que vai "sacar" mais 1050 milhões de euros à Segurança Social no decorrer da próxima legislatura (4 anos). Aqui chegados, dá finalmente para assentar e perceber porque falam assim tanto Passos Coelho, Paulo Portas e António Costa todos os dias da Segurança Social. Os três estão extasiados, maravilhados e fascinados com os milhares de milhões de euros que por lá correm e não veem a hora de lhes poderem estender rapidamente o saco... para os entregarem, de mão beijada, aos bancos e ao capital financeiro privado. Sintomático é que o nada ambicioso Marco António Costa, do PSD, tenha sido precisamente o Secretário de Estado do "pote", desculpem, da Segurança Social, antes de se ter virado para a grande tarefa de salvar o partido da derrota nas próximas eleições.

 

Como podem ver, eles não têm nada de pessoal contra os portugueses, pelo contrário... eles adoram-nos!...

 

 

Com o meu voto não!...

Já não bastava dizerem-nos enfadadamente que estamos bem, quando afinal toda a gente vê que estamos mal. Já não bastava dizerem-nos que a economia está a melhorar, quando afinal os que podem continuam a fugir do país para não morrerem à fome. Já não bastava dizerem-nos que o sistema de Saúde melhorou muito, quando milhares de idosos não vão hoje ao médico porque não têm dinheiro nem para comer. Já não bastava dizerem-nos que a Educação está um brinquinho, quando milhares de alunos desistem da escola e muitos outros milhares não seguem os estudos porque os país não têm dinheiro para tal. Já não bastava dizerem-nos que temos mais e melhor Justiça, quando os bandos de salteadores do BPN, BPP e BES continuam à solta. Já não bastava o saco de mentiras que nos têm atirado à cara sobre os milhões da Segurança Social, quando já se preparam para sorrateiramente continuarem o saque em mais refinadas e escabrosas proporções. 

 

Já não bastava tudo isso, para agora nos virem ainda dizer, alguns desses encobertos e mal intencionados "escribas" do perdulário e pecaminoso "arco do poder", que na maior parte dos casos não adianta nada votar se o vamos fazer em partidos que em determinadas regiões não elegem sequer um deputado, pelo que esses votos são, no seu entender e no fundo, votos irremediavelmente perdidos. Segundo esses bem pagos exegetas da miserável governação que tem levado o país para o abismo nestes últimos anos, o melhor seria concentrar os votos nos dois partidos com condições para governar, isto é, o que temos todos a fazer é encostarmos os nossos já ensanguentados narizes aos milhares de cús da tresmalhada boiada e, heroicamente, aguentarmos por mais quatro anos o cheiro a merda que nos tem contaminado nestas últimas décadas.

 

Pois meus caros senhores, tenham muita paciência. Posso até nem contribuir para eleger mais um deputado, mas a fedorenta merda de novo ao poder... com o meu voto não!...

 

 

Pasmaceira militante

Deu nas televisões e apareceu nos jornais aquela incrível cena de Passos Coelho e Paulo Portas conduzidos em ombros, em esfuziante alegria, pelas ruas da Póvoa de Varzim. Isto aconteceu no sábado passado, à tarde. Na parte da manhã desse memorável dia os dois haviam estado em Braga, onde foram recebidos com vaias e apupos pelos lesados do BES e por alguns professores, o que hoje em dia já não é novidade para ninguém. Mais interessante será tentar perceber o que realmente se passou na "entusiástica" Póvoa, já que aqui sim, dá para pensar. Mas, antes de mais, convirá darmos uma olhadela a estes últimos quatro anos de governo PSD/CDS e perguntarmo-nos quem andará assim tão entusiasmado com a política seguida por estes dois partidos que se vê até na obrigatoriedade de o expressar publicamente, carregando alegremente aos ombros com os dois principais responsáveis por aquela política.

 

Os banqueiros portugueses manifestamente que estão eufóricos, pois os dois comparsas que têm no Governo tiveram artes de retirar dinheiro a milhares de reformados e a despejá-lo, às centenas de milhões, nos seus perdulários bancos, sendo que, só para o famigerado BES, foram quatro mil e quatrocentos milhões de euros. A verdade é que, analisando as bem as fotos do acontecimento, não vemos nenhum dos conhecidos banqueiros portugueses carregando às costas com o Passos Coelho e o Paulo Portas. Terão sido então meros trabalhadores ou reformados, ou então jovens, a alombar com o empedernido "andor", espelho da criminosa austeridade que amarfinhou cega, despudorada e selvaticamente este desgraçado país? Trabalhadores e reformados também certamente que não, pois estas foram precisamente as vitimas que o Governo mais utilizou para "sangrar" o país. Os jovens muito menos, pois foram vergonhosamente mandados "emigrar", às centenas de milhar, precisamente pelo chefe de fila do actual governo. Quem seriam então os ilustres "carregadores" do entusiástico fardo poveiro?

 

Pela lógica das coisas, só poderão ser pessoas que estão muito mas muito desmedidamente esperançadas quanto ao futuro, contentes, felizes até, pela sua presente situação ou pela situação em que poderão vir a estar na eventualidade de Passos e Portas continuarem à frente do país, pelo que explicado assim tudo se torna mais claro e fácil de compreender: foram alguns "boy's" militantes do PSD e do CDS que alombaram alegremente com os "patrõesPassos e Portas aos ombros, muito receosos de virem a perder os seus "tachos" no aparelho do Estado e todos aqueles outros aprendizes de Relvas, frequentadores assíduos das últimas "universidades de verão" dos dois partidos, que se colocaram já preventivamente na fila para eventuais "novas oportunidades". Só pode ser esta a explicação: com o país na miséria e mais de dois milhões de pessoas a viverem abaixo do nível de pobreza... tanta felicidade só mesmo quem tiver o "pote" por perto!...

 

 

A minhas sondagens

Já perguntei a muitas pessoas, a amigos e a desconhecidos, se algum dia foram já convidados a participar em "sondagens" sobre quem é o líder político de quem mais gostam, o partido em quem pensam votar nas próximas eleições, o político que não suportam ou a carinha mais simpática e laroca com quem gostariam de jantar e trocar uma conversas interesantes e intimas até. Depois de muito ter perguntado, e reparem que já venho fazendo isto há anos, pelo que o número de vezes que o fiz irá já nas centenas, se não milhares, todos me responderam que não, que nunca foram convidados para verter faladura sobre esses importantes assuntos com que somos bombardeados todos os dias nos jornais e na televisão. Intrigado, constatei até que, até hoje, e os meus filhos já me chamam de cota, eu próprio nunca fui convidado a verter umas labercas sobre esses chamados grandes "estudos de opinião" que hoje, como nos anos anteriores em que há eleições, sempre nos moem a cabeça como as nossas queridas mãesinhas nos faziam quando eramos miúdos e não estavamos nada virados para ensacar com o enfastiante prato da sopa.

 

Esta falha, esta grave lacuna nas respostas às minhas interrogações, levou-me a tentar reparar mais intensa e aprofundadamente em toda esta "indústria" de milhões que gira à volta das "sondagens" e destinada a "programar", devida e convenientemente, os cérebros do pagode que de quatro em quatro anos deixa cair o papelinho na urna como quem pede milagres na capelinha das aparições. Avançando, deu para descobrir que Portugal tem cérebros brilhantes na área das ditas "sondagens", tais como Agostinho Branquinho, da distrital do Porto do PSD, sumidade cientifica que se estrou na política como defensor da "ditadura do proletariado" do MRPP e agora goza, intensamente, o bem bom da "sociedade burguesa", como é tudo explicado na darwinista teoria da evolução das espécies. Intrigado, comecei então a compreender o motivo pelo qual nunca fui contactado para dar voto nas últimas "sondagens" que dão ao PSD e CDS 35/36% e até mais, para já não falar naquelas que deram tais partidos como os "vencedores" das próximas eleições. É que, pelos vistos, alguns dos doutos e abnegados "cientistas" da poderosa indústria das "sondagens" nunca, mas nunca, me irão perdoar o meu passado "revisionista", perigosa mancha que, acham eles, afectará para sempre a liberdade das minhas opiniões. 

 

Assim, aqui chegado, decidi eu próprio fazer a minha "sondagem", ouvindo muito atentamente os comentários das pessoas na hora de pagar na caixa do supermercado, nos transportes públicos, na hora de pagar as taxas moderadoras no Posto de Saúde e no Hospital, na fila de espera da Repartição de Finanças. E o resultado desta minha "sondagem" às "bocas" do povo não foi nada boa para os actuais partidos do Governo, ouvindo só respostas do tipo: "malandros, mentirosos, gatunos, criados da Senhora Merkel, vendidos, ladrões dos reformados, oportunistas, chulos, filhos da p***"... e por aí fóra com outros pomposos "elogios" assim do estilo. Peço-vos a todos desculpa por esta minha linguagem e franqueza, mas este foi, sem tirar nem pôr, "ipsis verbis", o resultado desta minha derradeira "sondagem" que, ao contrário das que dão nos jornais e televisão, foi expressa por pessoas de carne e osso, desbragadas é certo, mas que transitam pelas nossas ruas e... bem reais!...

 

 

A bela e o monstro

A semana passada desembarquei na Praia do Titan, em Matosinhos, extenso e bonito areal pegado à parte sul do Porto de Leixões. Já lá tinha passado algumas vezes, mas só nesse dia me deu para observar mais atentamente toda aquela extensa e bela paisagem, com o seu mar ameno e enorme extensão de areia fina, em dia escaldante e pejado de multidões. As esplanadas não tinham mãos a medir, mais parecendo uma dessas praias chiquérrimas do Algarve ou da Linha de Cascais. De repente olhei mais atentamente e dei de frente com um enorme edifício branco mesmo ao lado da praia, mas dentro ainda da parte sul do Porto de Leixões, edifício esse bem visível já, a quilómetros de distância, a quem frequenta a marginal oceânica do concelho de Vila Nova de Gaia e mais a sul até. Foi então que me lembrei que já fazia tempo que me tinha decidido a visitar um dia aquele imponente e fora do comum edifício que alguma polémica vinha já levantando na imprensa diária do Porto e mesmo até entre o poder centrar e a autarquia de Matosinhos. Lancei então mãos à obra e predispuz-me a rentabilizar o meu tempo e a conhecer o emblemático, gigantesco e fora do comum... Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões.

 

O Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões foi inaugurado em 23 de Julho deste ano e teve um custo total de cerca de 50 milhões de euros, sendo composto por um novo cais de 340 metros de comprimento e 10 metros de profundidade, permitindo a acostagem de navios de cruzeiro com um máximo de 300 metros de comprimento. Da obra fazem ainda parte uma estação de passageiros, cais-fluvio marítimo, porto de recreio náutico e estacionamento para autocarros. O imponente e controverso edifício destinado à estação de passageiros vai albergar ainda o Parque de Ciência e Tecnologias do Mar da Universidade do Porto e será a séde do CIIMAR - Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha da Universidade do Porto. Como cidadão de pleno direito, achei-me no dever, como terá certamente acontecido a muita outra gente, de poder apreciar, avaliar e tirar as minhas próprias conclusões sobre um investimento de elevado valor feito em época de crise, mas que contudo nos foi indicado, a nós cidadãos, como fundamental para toda esta vasta e tantas vezes esquecida região norte e estruturante para o necessário desenvolvimento das infraestruturas de apoio e fomento do turismo em toda esta vasta região.

 

Mas esta minha tentativa de poder visitar uma importante infraestrutura inaugurada no passado dia 23 de Julho deparou-se com vários senãos. Em primeiro lugar, ninguém me soube dizer qual a entrada para visitar o "monstro". Em segundo lugar, o organismo do Ministério da Agricultura e do Mar, situado na Avenida Norton de Matos, junto ao Posto de Turismo de Matosinhos e mesmo em frente ao "bicharoco", tem na sua porta uma informação para aqueles que pretendam visitar o "bicho", indicando que se ligue para a APDL - Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, com o número de telefone tal e tal, tendo uma sua funcionária contudo avançado que não adianta nada, porque o Terminal de Cruzeiros não é para já visitável. E mais, que a APDL não achou graça nenhuma à indicação do seu número de telefone para informações sobre as visitas ao Terminal e ficou até chateada com o assunto. Como me lembrei entretanto que estava em Portugal, concluí que estava eu ali, pois, a desbaratinar o meu rico tempinho.

 

Pelo que, quanto a podermos visitar o Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, onde foram gastos 50 milhões de euros dos contribuintes... o melhor é esperarmos sentados!...

 

 

O bando dos quatro

Nos últimos dias correram mundo imagens horripilantes e inacreditáveis do êxodo maciço de milhares de refugiados em direcção ao centro da Europa. Vêm principalmente da Síria, da África Subsariana, da Eritreia, do Sudão, do Afganistão e de alguns outros países onde ponteiam conflitos e sangrentas guerras civis. A Europa central, principalmente a Alemanha e a Austria, mas também a Inglaterra, são os destinos declarados desses refugiados, inevitavelmente à procura de um lugar onde possam fugir da guerra e também de refazer as suas próprias vidas. Mas a Europa, directa e indirectamente, deu já a entender, utilizando varias vezes cães e o uso da força, que não os quer cá. O primeiro ministro da Hungria, Viktor Orbán, a quem  o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, trata por "Olá ditador!", avançou que os refugiados ameçam as "raízes cristãs" na Europa, e David Cameron, líder do Partido Conservador e primeiro ministro inglês, tratou os refugiados como uma "praga" que atravessa a Europa.

 

Agora que a foto de Aylan Kurdi, o menino sírio de 3 anos encontrado morto numa praia da Turquia, correu mundo e pesou nas consciências de milhões de pessoas em toda a parte do globo, alguns líderes europeus mostram já outra disposição para enfrentar o gritante problema dos refugiados, nomeadamente, pelos vistos, o próprio David Cameron. Mesmo assim, convem lembrar que a raíz do problema que hoje enfrentam os governos europeus começou já no não assim tão longinquo ano de 2003, nomeadamente entre os dias 16 e 20 do mês de Março desse ano, aquando da realização da chamada Cimeira dos Açores, ou das Lages, na Ilha Terceira, Açores, Portugal. Por esses dias, o então primeiro ministro português Durão Barroso, o presidente dos Estados Unidos George W. Bush, o primeiro ministro britânico Tony Blair e o primeiro ministro de Espanha José Maria Aznar, decidiram uma intervenção militar no Iraque através de uma coligação militar liderada pelos Estados Unidos e Reino Unido, com o apoio de Portugal e Espanha. Nessa expedição contra o Iraque participaram igualmente outras pequenas forças da Austrália, Dinamarca e Polónia.

 

Essa intervenção contra o Iraque, que viria a desestabilizar toda aquela região do médio oriente e a fazê-la descambar na situação calamitosa em que hoje lá vivem milhões de pessoas e a originar as centenas de milhares de refugiados que hoje batem às portas da Europa, teve como argumento a existência naquele país de armas de destruição maciça, nomeadamente químicas, o que foi posteriormente desmentido e considerado infundado pelos quatro países que participaram na Cimeira dos Açores. Mas o mundo já sabia isso, pois o real motivo da intervenção fomentada pelos Estados Unidos eram as enormes riquezas petrolíferas do Iraque e não outra coisa. A própria Alemanha e a França, perfeitas conhecedoras do que estava efectivamente por detrás da intervenção militar no Iraque, não foram na conversa e deixaram-se estar quietas.

 

Por tudo isto, o flagelo dos refugiados que hoje assolam a Europa tem uma causa clara e culpados conhecidos, é bom que se o diga: Durão Barroso (Portugal), George W. Bush (Estados Unidos), Tony Blair (Reino Unido) e José Maria Aznar (Espanha). Perante o que hoje se passa na Europa, que me dizem às vossas anteriores tantas "certezas", meus caros senhores?