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russomanias

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O Grande Jogo

Portugal é um país pequeno, mas o jogo aqui é sempre à grande. Jorge Jesus não esteve com meias medidas e no passado fim de semana mostrou a Luís Filipe Vieira que os campeonatos que ganhou pelo Benfica não foram obra do acaso, antes resultado do seu trabalho e do seu conhecimento. É claro que o Luís sabia disso e, antes do "grande jogo" e para assustar o homem, pregou-lhe com uma acção judicial de 14 milhões para o fazer tremer e baixar o astral. Mas o Jesus tinha em mão um grande trunfo... nem mais nem menos que o "software" de toda aquela engrenagem do Benfica, aliás inventado por ele, que de vernáculo português pouco pesca mas no que toca a engenharia informática é uma autêntica sumidade. É claro que o Luís cometeu um erro crasso ao pensar que os Mourinhos estão todos aí ao dobrar da esquina à espera de ganhar campeonatos a troco de muito menos de metade do que se paga a um "mister" de craveira. O Jesus, é claro, sabendo que o "grande jogo" do Benfica foi menosprezá-lo e trocá-lo por um rapazito do Guimarães para poupar uns "cobres", fez o que qualquer um de nós faria... puxõu dos galões e do "know how" acumulado e espetou três secos sem resposta. Mas que "grande jogo"!...

 

Cavaco Silva, por seu lado, fez o que prometeu e indigitou Passos Coelho como primeiro ministro. É claro que ele bem sabe que o "seu" governo já tem a cama feita, vai andar aos papeis e de seguida cair. Mas isso pouco importa ao teimosíssimo Cavaco, já que o que sempre releva mesmo para ele são os respeitadíssimos "mercados" que nos dão de comer e beber e sem os quais Portugal deixa de existir. Para ele o "grande jogo" é travar a esquerda e impedí-la de governar a qualquer custo, coisa completamente aceitável e de louvar para quem, como ele, tem uma visão da democracia como o governo dos "iluminados" sobre a ralé. É claro que a jogada é bastante duvidosa e o "árbitro" favorece escandalosamente aqui uma das equipas, situação esta que propicia fortes reparos e possíveis apupos por parte da assistência. Mas o "grande jogo" não pára por aqui, já que pelos vistos falhou a tentativa de a coligação de direita encostar a esquerda à linha de fundo e lançar a divisão no seu seio com a mais que estéril discussão na Assembleia da República sobre os Tratados que ligam Portugal à Europa, jogada foleira e sem sentido que foi logo colocada em "fóra de jogo" pela esquerda maioritária. É claro que a coligação de direita prepara-se já para colocar pressão sobre o PS  e oferecer-lhe antecipadamente dois ou três "golitos" adiantados para o "comprar" no dia da discussão do Programa do Governo. Para que o "jogo" continue em grande estilo, só falta mesmo que o PS diga claramente à coligação que... o seu campeonato é outro!...

 

 

Estamos tramados com as nossas elites!...

António Horta Osório, português, presidente do Lloyds Banking Group e administrador não executivo do Banco de Inglaterra, em entrevista a 16 de Outubro último à Renascensa disse, sem papas na língua, que "o maior problema de Portugal é o falhanço das elites". Ora Horta Osório mexeu na grande ferida que enfraquece o país há dezenas de anos e não é de certeza o único que assim pensa. Que nos têm ensinado em Portugal as nossas queridas elites? Que exemplos nos transmitem elas no que toca a liderança, patriotismo, política? Que país e economia querem elas construir? Que tipo de povo querem liderar? Estas e muitas outras perguntas poderemos fazer às nossas empertigadas e por vezes balofas elites, sendo certo que estas talvez não o saibam ou não queiram sinceramente responder. Mas será contudo possível tentar saber ou pelo menos intuir o que vai naquelas interesseiras e ocas cabecinhas? Sem querer dar o assunto por fechado, tentar não custa nada.

 

Liderar para as nossas elites tem sido tudo menos exemplar, já que é quase sempre sobretudo através do bom exemplo que as grandes lideranças se afirmam e ganham a confiança dos que lhe vão atrás. As nossas elites têm tido muitos maus líderes e os seus exemplos não mobilizam, antes pelo contrário. Que exemplo poderá dar um líder que se "esqueceu" de pagar as suas obrigações à Segurança Social? Poderemos considerar "patriótico" um Presidente da República que incentiva Suas Excelências os "mercados" a virem desestabilizar o país a que preside? Poderemos etiquetar de um bom "líder" um membro qualquer das nossas elites que venda ao desbarato, para estrangeiros, empresas públicas altamente rentáveis e situadas em sectores estratégicos para o país? E que dizer da falta de vergonha das nossas "elites" quando se dão ao descaramento de coleccionar nas suas enormes garagens, em tempos de dura "crise", Jaguares, Porsches, Ferraris, enquanto milhares de desempregados e reformados passam fome ou duras privações? É de novo este país e este povo, com a vossa responsabilidade assim empobrecidos, que pretendem orgulhosamente liderar? 

 

O passado e o presente recente de Portugal nao deixam muitas dúvidas... estamos tramados com as nossas elites!...

 

 

Politicos ou merceeiros?...

O país inteiro tem assistido a um enorme embuste. Só não o veem os cegos, mas aqui só mesmo os cegos que não querem ver. O Partido Socialista e António Costa perceberam que chegou a hora de parar de assinar cheques em branco à direita e à sua política de austeridade a ferro e fogo sobre a maioria dos portugueses. Claro que nem todos ainda perceberam que não o fizeram de sua livre vontade, mas a isso foram obrigados para salvar com urgência o próprio Partido Socialista. Sim, salvar o Partido Socialista do desaparecimento a curto e a médio prazo, como aconteceu já na Grécia, como vem acontecendo aqui ao lado, em Espanha e como, a nada ser feito, irá provavelmente acontecer em Portugal. É claro que este importantíssimo e determinante pormenor nem sempre é devidamente referido pelos inúmeros comentadores que campeiam de manhã à noite as nossas TV's. O que têm feito então António Costa e o PS? Têm tentado transmitir aos portugueses a ideia de que a partir de agora vão deixar de apoiar uma política de austeridade cega que só tem empobrecido ainda mais os que já pouco têm e que vão finalmente enveredar por uma política socialmente mais equilibrada de recuperação do país.

 

Acontece que o Partido Socialista, pelas suas vacilações constantes e pelo seu passado de conluio com a direita, não mereceu a confiança da maioria dos portugueses e, para se "salvar", tem que se aliar com outras forças políticas representadas na Assembleia da República. Poderá assim aliar-se à direita? Só se for para "morrer" mais cedo. Poderá aliar-se à sua esquerda, ao Bloco de Esquerda e ao PCP? Estes dois partidos disseram que sim, desde que seja acordado um programa mínimo em que os três possam trabalhar. PS, BE e PCP têm a maioria de deputados na Assembleia da República e podem, por conseguinte, fazer passar as sua propostas e votar contra o programa do governo minoritário constituído pelo PSD e pelo CDS. A Constituição da República permite este tipo de situação e possibilita até que os três partidos da esquerda se entendam para formar governo. A questão está em que o Senhor Presidente da República prefere fazer descambar o país a dar posse a um governo de esquerda, com o argumento de que com o Bloco de Esquerda e com o PCP não haverá estabilidade nem há garantia de cumprimento dos tratados internacionais. E com ele tem-se levantado todo um coro de políticos nacionais e estrangeiros da área da direita e alguns disfarçados de esquerda. É a Senhora Merkel, é o Rajoy é o presidente do Partido Popular Europeu (Joseph Daul), é o Durão Barroso, é o Passos Coelho, é o Paulo Portas, é o Marco António, é o Pires de Lima, é o travestido Carlos Silva da UGT, é o fareleiro Francisco Assis do PS, são as miríades de comentadores de fim de semana pagos a peso de ouro, enfim, todos queles que fizeram pela vidinha o quanto puderam nos faustosos e gloriosos anos do "arco da governação".

 

Toda esta gente sectária e reaccionária faz-me lembrar um bonacheirão e simpático merceeiro lá da zona em que eu morava nos anos logo a seguir à Revolução do 25 de Abril. Cada um de nós pode e deve emitir de vez em quando a sua máxima ou tirada filosófica, e este simples mas prolixo merceeiro também tinha a sua concepção filosófica do que para ele deveria ser a nova democracia saída da Revolução de Abril. Segundo ele dizia, "os comunistas são muito bons para vigiar, para dar conta de como as coisas andam, para trazer para o conhecimento do país uma ou outra coisa que não esteja bem e deva ser mudada. Sim, os comunistas são muito bons para vigiar... mas para governar não!... isso nunca!"

 

Nestes últimos dias, quando ligo a TV e recordando aqueles conturbados anos logo a seguir ao 25 de Abril, várias vezes me tenho perguntado se estou a ouvir verdadeiros políticos ou se, pelo contrário, o que tenho pela minha frente são meros e simples... merceeiros!...

 

 

O banqueiro do povo

É o nosso Mourinho das finanças e é também mais um português extrordinário a dar cartas e a somar prestígio e respeito na sempre exigente Inglaterra. Licenciado em gestão e administração de empresas pela Universidade Católica, professor universitário, encabeçou em Portugal, durante vários anos, o Banco Santander e foi em 2010 chamado a Londres para presidir urgentemente ao importantíssimo Lloyds Banking Group e tirá-lo rapidamente do buraco financeiro em que perigosamente se encontrava. Ultimamente foi também convidado para administrador não executivo do Banco de Inglaterra, pelo que se trata, sem margem para dúvidas, de um português com enorme prestígio e reconhecimento no estrangeiro pelas suas capacidades como gestor e banqueiro. A sua opinião e aquilo que pensa sobre Portugal têm, por conseguinte, enorme importância e manifesto interesse no actual momento que o país atravessa. Ouçámo-lo: "Os portugueses são excelentes trabalhadores. Têm a mesma reputação em França, no Canadá ou em Inglaterra. Em Portugal temos algum défice de gestão, mas também temos óptimos gestores. Devíamos ter mais óptimos gestores. O maior problema de Portugal é o falhanço das ELITES. Não são simplesmente os gestores. As ELITES têm vindo a falhar ao longo dos anos, nos valores e no estabelecimento de uma direcção e um exemplo para o país que motive a população a ir na direcção correcta". (ANTÓNIO HORTA OSÓRIO, português, presidente do Lloyds Banking Group e administrador não executivo do Banco de Inglaterra, em entrevista à Renascensa - 16/10/2015).

 

O tema do amadorismo, oportunismo e constante anti-patriotismo das nossas elites em Portugal é um tema recorrentemente por mim abordado neste escritos e nunca é por demais esmiuçá-lo e dar-lhe combate de frente, já que se trata de uma das causas, porventura a principal, do nosso atraso de décadas em relação aos restantes países da Europa. Na verdade, foi de forma miserável e oportunista que essas elites entregaram o país de mão beijada à Alemanha, a troco de uns milhares de milhões de euros como contrapartidas para o abate da nossa indústria pesada, pescas e agricultura, milhões esses que foram parar, na sua maior parte, aos bolsos dessas mesmas elites e se escondem hoje, bem guardados, nas suas garagens, nas suas soberbas mansões e espalhados por inúmeras contas em paraísos fiscais por esse mundo fóra.

 

Não consta contudo que António Horta Osório, no dia 24 de Agosto deste ano, na "aula" que deu na Universidade de Verão do PSD, tivesse abordado ou sequer tocado o tão importante tema do papel negativo das nossas "elites"... o que foi uma pena.

 

 

O lobo mau e os quatro anões

O que se passa neste momento em Portugal daria para rir se não estivessemos a falar de coisas sérias, isto é, de assuntos que a todos nos dizem respeito e de certeza determinarão, para o bem e para o mal, o nosso futuro mais próximo. Quem não se lembra da noite do passado dia das eleições? A direita parecia doida... "ganhamos!"... diziam. Passos Coelho já se estava a ver no cadeirão do poder mais quatro anos e a enviar o telegrama da ordem à empoada chefona da Europa, Frau Merkel... "como vê, minha querida, eu sou mesmo muito bom!...". Paulo Portas, o "irreversível" salta-pocinhas da política nacional, apesar da sua reconhecida inteligência matreira também não "farejou" o que estava para vir e sonhava já em continuar o seu périplo de 360 dias por ano a calcorrear alegremente as centenas de Feiras Internacionais de vinhos e petiscos por esse mundo fora. Enfim... uns simplórios anões da política.

 

Enquanto isso, na noite das eleições António Costa estava embaralhado, confuso e perdido, aliás como estivera já em toda a campanha. O PS não ganhara a ambicionada maioria absoluta com que Costa havia justificado a sua "paulada" em António José Seguro. O PS não só perdera as eleições para o PSD/CDS como o que subiu em votos foi mesmo muito "poucochinho". Os tãos ambicionados assentos no poder que prometera à "clientela" que o elegera já eram. Catarina Martins, por seu lado, tinha todos os motivos para festejar, pois mais que duplicou o número de deputados do Bloco de Esquerda. Mas para que servia duplicar o número de deputados e fazer a almejada "maioria de esquerda" com o PCP e o PS se o país continuasse daqui para a frente na mesma cantoria de direita ou se o próprio PS, empurrado pela crescente campanha anti-maioria de esquerda, resvalasse totalmente para os braços da direita? Catarina Martins não atingiu o lance e foi para a primeira reunião com o PS infantilmente de mãos vazias, como aqueles vendedores amadores sem ambição que marcam a reunião com o cliente para tentar "fechar" o negócio mas nem sequer levam consigo um exemplar do "contrato" para assinar. Como os dois empolgados "anões" abordados em cima... estes aqui também não atingiram o momento.

 

Mas o Lobo Mau era mesmo muito mausinho e, com uma tranquila presença de espírito, não tardou logo em fisgar o que estava em cima da mesa. Jerónimo de Sousa não embandeirou em arco nem se preocupou muito se o Bloco estava à frente ou atrás do PCP, isso eram meras circunstâncias. Tratou foi logo de fazer os "trabalhos de casa" e partir para a primeira reunião com o PS devidamente apetrechado e com todos os elementos necessários para a elaboração do respectivo "acordo", possívelmente minuta incluída. Tendo aprendido na "velha escola" que por vezes em política, como na vida, para se dar um passo em frente é necessário dar primeiro dois atrás, não esteve com meias palavras e concluiu, logo na primeira reunião, com a célebre frase... "por nós, o PS só não forma governo se não quizer". Em suma... ficaram surpreendidos, estupefactos e paralizados com a rapidez e eficiência do quarto classificado. O Lobo Mau comeu-os a todos de ginjeira, aos dois primeiros por excesso de confiança, ao terceiro por não ter os pés bem assentes na terra e, à quarta, por estar ainda um pouco verdinha e com falta de profissionalismo na hora dos "finalmente".

 

 

Meu Deus... vêm aí os russos!...

Nestes últimos dias o país tem andado meio apavorado. Dizem-nos de vários quadrantes que ou há governo do PSD e do CDS ou isto tudo vai a pique. O Ministro da Economia Pires de Lima (CDS) veio-nos dizer (Diário de Notícias, 8/10/2015), que governo do PS, Bloco de Esquerda e PCP nem pensar pois os portugueses votaram na PAF e não naquela miserável gente. Clara Ferreira Alves, espaventosa jornalista e conhecida comentadora, não esteve com meias medidas e ameaçou mesmo com novas surtidas de "chaimites" em caso de um possível entendimento de António Costa (PS) com as forças "esquerdistas" (SIC, Eixo do Mal, 10/10/2015). Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD, acertando pela mesma repetida lábia, invectivou que um governo PSD/CDS é que está certo porque o país marimbou-se para os partidos de esquerda e embandeirou mesmo foi com a PAF (Jornal de Notícias, 11/10/2015).

 

Depois de tanto ouvir malhar nos repudiados Bloco de Esquerda e no PCP, cheguei à derradeira conclusão que aquelas acima três ilustres figuras é que estão certas. Pois quem poderá andar nas ruas e nas auto estradas deste país a atirar papeis e embalagens de cigarros vazias para a via pública senão esses perigosos bloquistas e comunistas? E que dizer das centenas de assaltos a ourivesarias, bombas de gasolina e a Bancos? Claro que tudo isso só poderá ter a ver com a mãosinha dessa "esquerdelhada" vermelha. E não é verdade que todos esses palavrosos "extremistas" não são nada tementes a Deus e à Virgem Maria, não acreditam um pouco sequer na Ressurreição nem na Santíssima Trindade, muito menos se querendo sujeitar à indiscutível "infalibilidade" do Santo Padre? E não é de ter medo de tudo isto, pergunto?...

 

É caso, pois, para dizer: atentem bem no que se passou na Ucrânia e reparem por fim na actual Síria. Meu Deus... vêm aí os russos!...

 

 

Coitado do meu Carocha

Sempre desejei ter um Carocha, aquele VW antigo a que alguns, como eu, tambem chamam de "meio-queijo". Sempre adorei aquele carro, a sua mecânica simples, a sua robustez e a sua fiabilidade. Era dos poucos, senão mesmo o único carro até aos dias de hoje cujo motor só precisava da vareta de óleo no nível e do depósito com gasolina para funcionar, pelo que não existiam aqueles problemas de radiador furado ou de algum tubo de água que se rompesse, porque de água era coisa que ele não necessitava para arrefecer o seu robusto mas simples motor. Tinha eu por volta dos meus treze ou quatorze anos quando aprendi que retirar o motor de um VW Carocha era a coisa mais fácil do mundo, bastando para isso desligar os cabos eléctricos da bateria, os cabos do acelarador e da embraiagem, meter um macaco hidráulico debaixo do motor, desapertar os quatro parafusos que juntavam o motor à caixa de velocidades e, puxando com jeitinho e dando por várias vezes uns abanões nos dois canos de escape... zás!... o motor saltava logo cá para fóra.

 

O VW Carocha foi dos carros mais vendidos em todo o mundo e, coisa que certamente nem todos sabem, o seu excelente motor foi desenvolvido pelo engenheiro austriaco Ferdinand Porsche, o mesmo criador da ainda hoje famosa marca de automóveis Porsche. Mas toda esta conversa vem no sentido da autêntica admiração que eu tinha (ainda tenho?...) pela marca de automóveis Volkswagen e por tudo aquilo que ela para mim representava no sentido de interiorização da competência, fiabilidade, rigor, excelência e perenidade da indústria alemã em geral e na automobilística em particular. Marcas como a Mercedes, Volkswagen, Porsche e Audi sempre foram sinónimos do melhor que no mundo se faz em termos de mecânica automóvel e quem comprava qualquer uma destas marcas acreditava que possuia o máximo em eficiência e qualidade.

 

Por isso, que dizer do autêntico escândalo que representou a manipulação do software que controla as emissões dos motores a gasóleo fabricados pela marca alemã Volkswagen? Uma autêntica desilusão, uma machadada na credibilidade da indústria alemã, o fim do estafado mito de que os povos da Europa do Sul é que são os aldrabões e os do norte uns santinhos desde que saem do berço! Representou também mais um sério aviso a toda a Europa e ao resto do mundo para que se ponha termo ao habitual "laissez-faire" relativamente aos grandes e poderosos grupos económicos e a uma maior responsabilização dos mesmos no que toca a uma defesa efectiva do meio ambiente.

 

Com uma marca tão maltratada... coitado do meu Carocha.

 

 

E a montanha pariu... três mansos!...

Uns andavam todos assustados com as "sondagens" e outros empolgados com a maré socialista que, agora sim, contrariando o passado, iria colocar o país nos carretos e acabar com a degradante austeridade. É claro que os mais avisados bem sabiam das tramoias que os parceiros do governo andavam montando, não sendo necessário ir muito longe para levantar o véu do bem guardado e santificado "milagre" que iria inapelavelmente acontecer, bastando para isso ouvir atentamente o desbragado Alberto João Jardim que, muito antes das eleições e palavra menos palavra, despejou assim... " está tudo montado, a comunicação social está toda ao lado deles, e eles vão ganhar outra vez, vocês vão ver!" Ora, Alberto João pode de vez em quando mandar umas labercas fora do penico, mas sabe muito bem o que diz e não é "palhaço", soube é fazer de nós e dos madeirenses palhaços durante muitos anos. 

 

É pois bem claro que para ontem à noite o "espectáculo" estava já bem oleado e montado, terminando numa portentosa "vitória" dos partidos do governo que, os dois bem somados e em conjunto e tendo em conta as eleições de 2011... PERDERAM (sem contar ainda a emigração) 819.355 votos e 25 deputados, perdendo por conseguinte também a maioria absoluta! O Partido Socialista de António Costa subiu ligeiramente tendo em conta as eleições de 2011, mas foi tão "poucochinho" (António Costa) que é possível desde já dizer que António José Seguro teria feito bem melhor. Mas então porque raio de obra o Partido Socialista não foi tido em conta pelos eleitores na hora de condenar as duras políticas de austeridade do PSD e do CDS? Pelas minhas diárias"sondagens" às bocas do povo o que se passou foi isto: os eleitores chegaram à conclusão que entre PSD, CDS e PS as diferenças são muito "poucochinhas" (António Costa) e, à cautela, entre o mal que já conheciam e o mal que estava para vir, optaram por apostar no primeiro mas obrigando a um entendimento com o segundo.

 

E para tentar provar que tudo poderá ter sucedido assim estão as próprias declarações de Passos Coelho, Paulo Portas e António Costa na própria noite eleitoral, em que aparentemente a "guerra" entre eles acabou e só faltou mesmo roçarem alegremente os três as cabecinhas entre eles, como três gatinhos que de vez em quando se pegam, mas que no fundo os três se toleram e estão disponíveis para novas e felizes aventuras. No fundo, e toda a gente o pôde constatar, na noite eleitoral de ontem a montanha pariu três "mansos". Mas a dura realidade é que Passos Coelho e Paulo Portas, já sem a maioria de deputados, a partir de agora precisam de António Costa para alinhavar e aprovar os muitos "cozinhados" a que se comprometeram com Bruxelas, e António Costa, por seu lado, vai ter que provar a todos que é mesmo, como não se cansou de dizer, um homem de "palavra" e que não vai alinhar em políticas de austeridade que condenou abertamente durante toda a campanha eleitoral, o que vai ser mais que díficil concretizar com um país inteiro a ver e a julgá-lo.

 

 

Isto cheira-me a esturro!...

Imediatamente a seguir ao 25 de Abril de 1974, e sempre que se desenhava uma campanha eleitoral, não era difícil perceber a força aproximada de cada partido e mandar uns bitaites sobre a previsão quanto à votação de cada um deles. Aquilo eram mais centenas menos centenas, mais milhares menos milhares. Quase tudo se passava nas ruas e a rua não engana. A real força dos partidos era medida, desde logo, pela dinâmica e amplitude da sua campanha, da quantidade e qualidade dos seus cartazes e do número e eficácia das brigadas que os colavam. E depois havia ainda os comícios, os porta-a-porta e os tempos de antena nas TV.s. Mas era na rua que se avaliava o verdadeiro ambiente, a força, a intensidade, a alma dos que se apresentavam para o embate. Claro que tudo aquilo requeria muito trabalho intensivo, muita mão-de-obra e, como todos sabemos, a mão de obra está cara e, pior ainda, questiona muito, faz muitas perguntas, é perigosa, ingrata e... por vezes muda de patrono.

 

Vai daí, para tornar as eleições mais manobráveis e mais programáveis, sem necessidade de recorrer tanto às disponibilidades e diatribes das multidões sempre inconstantes, os senhores dos anéis, desculpem, do capital, fizeram das cansativas e trabalhosas eleições o que já haviam feito em algumas das suas empresas: intensificaram o capital e reduziram a mão-de-obra. Para tal, investiram em "sondagens" e em empresas de organização de eventos. E aí estão a RTP, a SIC, a TVI, o Correio da Manhã, o Jornal de Notícias, o Diário de Notícias, a Eurosondagens, a Universidade Católica, a Gest Eventos e vários outros a tentar colmatar a mais que evidente falta de multidões para os lados da FAP (PSD + CDS). E lá nos bombardeiam agora eles todos os dias com a indicação de quem para eles será o vencedor incontestável destas eleições. Contudo, como todos puderam constatar nas últimas eleições realizadas em Inglaterra e na Grécia... as "sondagens" valem pouco mais que zero, funcionando entretanto muito bem para tentar desmobilizar os mais decididos a votar nos partidos que supostamente não interessam aos habituais mandões do poder.

 

Entretanto, não sei bem porquê, anda no ar algo que me diz que no dia 4 de Outubro alguns artificiais e débeis andaimes desta campanha eleitoral vão desmoronar, não sei se com o vento se com a desilusão de alguns. É que, meus caros e fieis amigos... isto cheira-me a esturro!...