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russomanias

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Que andará a tramar Passos Coelho?...

Ainda não vai há duas semanas que se houviam por este país fóra as mais profundas lamentações e choros de Passos Coelho quanto à forma como Portugal iria a partir de agora ser conduzido, já que as certezas eram mais que muitas quanto à, no seu entender, total incapacidade das hostes das "esquerdas" para dar continuidade ao seu anterior excelente trabalho e garantir que, além de tudo o mais, continuariamos a seguir no caminho da estabilidade, saneamento económico-financeiro e aposta nas empresas e nas exportações. As mágoas e lamúrias eram tantas que não faltaram até juras de recusas futuras de o PSD deitar a mão ao PS quando este viesse a precisar dos seus anteriores amigos das "direitas" para se recompor das mais que previsíveis "traições" dos "amigalhaços" do momento, ocasiões que não tardariam certamente a chegar dadas as mais que certas e inevitáveis inconstâncias de tão desnaturado "casamento". E com esta continuada e assustadiça cantilena andou Passos Coelho dias e dias a ameaçar o actual governo, em Portugal e no estrangeiro, até que há poucos dias atrás finalmente se calou.

 

Sim, Passos Coelho parou, por agora, de disparar e metralhar contra tudo que venha do lado do actual governo e dos seus "compagnons de route" das "esquerdas extremistas", deixou-se de lamentações e passou a assumir que se manterá na "oposição" de uma forma "responsável" e, veja-se até, recomendou "moderação" aos seus amigos do PPE - Partido Popular Europeu relativamente às opiniões que possam manifestar quanto ao PS e aos seus amigos "extremistas". Segundo o próprio Passos Coelho, "O PPE reagiu com moderação, como, de resto, eu solicitei que fizessem. Não há nenhuma razão para que o PPE tenha, sobre matérias que respeitam à soberania portuguesa, nenhuma intervenção particular". Vejam só, quanta bondade democrática e sentido de Estado por parte do mais autoritário, conservador e extremista primeiro ministro que Portugal teve após 41 anos de democracia!...

 

Que andará a tramar Passos Coelho?...

 

 

Romeu e Julieta

Marcelo Rebelo de Sousa é aquele coração bom e nobre despegado de todo e qualquer interesse mesquinho relativamente ao todo poderoso e omnipotente poder do Estado. A sua candidatura a Presidente da República não visa satisfazer o seu ego pessoal, antes, e nas suas próprias palavras, é uma forma de devolver tudo aquilo que do Estado recebeu, e que não foi assim tão pouco. Sim, porque o que efectivamente recebeu vem já de antes da instauração da própria democracia, dos tempos em que o seu saudoso pai militava nas hostes, e foi até ministro, do conversador e também professor de Direito Marcelo Caetano, o famoso padrinho que tanto o inspirou e de quem recebeu carinhosamente o primeiro nome, para além de o ter fortemente sujestionado com as tão convincentes e televisivas "Conversas em Família", precursoras dos já mais recentes "shows" domingueiros do Professor Marcelo, que tanto poderiam versar alta política, como futebol, livros, vinhos e até doçarias. Marcelo Rebelo de Sousa não se candidata, pois, para gozar o poder em si, para servir o seu Partido (PSD) e a sua concepção de sociedade elitista em que uns poucos dominam e a quem a maioria "religiosamente" se submete, não!... Marcelo Rebelo de Sousa candidata-se a Presidente da República por um inflamado"amor" a Portugal!

 

Maria de Belém, por seu lado, é aquele tipo de mulher que transmite de imediato aquela imagem de compromisso e dedicação em tudo quanto faz e diz, não tendo por conseguinte aceitado que o PS, o seu partido do coração, não tenha nela reconhecido a grande inspiração que falta aos restantes putativos candidatos das "esquerdas", já que ela, como diz, se posiciona mais à "direita" e não veja motivos de reprovação nas inúmeras piscadelas de olho que tem feito às hostes do PSD, partido que considera como irmão e que não merece nada o tratamento de indiferença que lhe tem dado o demasiado conciliador com as "esquerdasAntónio Costa. A sua candidatura a Presidente da República, por conseguinte, nada tem de inadequada e inconsequente já que, como na candidatura de Marcelo, o que a faz mover é o seu desmesurado "amor" à por si sempre acarinhada "causa pública", extasiante "amor" não de agora, mas já desde os seus vinte e dois anos, altura em que, pela primeira vez, se sentou num cadeirão bem próximo do inebriante e apelativo "poder". É claro que ela bem sabe que vozes vingativas e invejosas não se têm fartado de propalar que as suas "ligações perigosas" aos "senhores do capital" não credibilizam em nada a sua candidatura, mas o que também sabe é que não se pode confundir a sua desinteressada e, além do mais, fugaz "colaboração" nos interesses da poderosa família Espírito Santo com o seu infindável e profundo "amor" aos "negócios" do nobre e sempre cativante Estado.

 

 

Falando do Natal...

O tão ansiado Natal está aí mais uma vez à porta e tudo se encaminha, como nos anos anteriores, para refrearmos as nossas tensões nesta época de benevolentes corações moles e condescendência geral. Dizem-nos as nossas consciências, e demais normas religiosas e sociais, interiorizadas à força de muitas missas e multifacetadas pressões geracionais, que é tempo de olharmos para as necessidades insatisfeitas do nosso vizinho do lado e estendermos a mão à caridade alheia se para isso estivermos necessitados. E tudo isso é bom ou mau? Não sabemos. Será assim tão bom só nos apercebermos uma vez no ano que o outro existe e é tão humano e carente de calor humano como nós o somos? E será assim tão mau pelo menos numa noite, em trezentas e sessenta e cinco ou seis, termos quase a certeza que o reconforto está assegurado em cada lar próximo de nós? Estas dúvidas existem em cada ano que passa e este não será diferente.

 

Mas porque terá que ser sempre assim? Porque teremos que questionar o que aparentemente é um dia bom e nos deixa de consciência um pouco aliviada? Suponho que por ser um dia só, entre tantos outros em que temos quase a certeza que as coisas não estarão assim tão boas e as palavras "suficiente" e "abundância" são exclusivas, se forem, de menos de um terço da população deste país. Veja-se o caso das associações patronais, que entendem que é possível viver em Portugal com um ordenado abaixo de 530 euros mensais, com as rendas de casa na ordem dos 400/500 euros, e ainda pagar a alimentação, o vestuário, o infantário, a saúde, a educação e os transportes. Não seria melhor falarmos em Natal durante todo o ano, em que cada pessoa, cada idoso, cada criança fossem tratados com a dignidade devida a todo o ser humano, em que a mesa, o aconchego, o agasalho, o acesso à saúde, à educação e aos bens culturais fossem uma constante do dia-a-dia de cada português?

 

 

Olho vivo, ò vítimas dos aldrabões!...

Quem de nós já não leu nos jornais aquelas tristes notícias que um ou dois figurões bem vestidos e melhor falantes andaram por essas aldeias enganando gente incauta, principalmente idosos morando em locais ermos e isolados, fazendo-se passar por gente de bem, representantes da empresa tal e tal, com o único fito de lhes roubar as míseras economias ou os parcos haveres economizados ao longo de muitos anos de trabalho duro e a maior parte das vezes mal pago? Se repararmos bem nessas notícias, duas características geralmente sobressaem nesses amigos do alheio e que lhes garantem à partida o sucesso da operação: são sempre pessoas bem falantes, simpáticas, cortezes, com muito boa apresentação, geralmente de fatinho e gravata para melhor impressionar. Hipnotizadas as vítimas com tão eficientes parafrenálias, entram-lhes sorrateiramente em casa e dão-lhes o golpe sem dó nem piedade. Todos os dias tomamos conhecimento de casos assim, pelo que se deverá ter sempre muito cuidado com esta estirpe de falsários e perigosos aldrabões.

 

Ora o compreensivelmente ressabiado e destronado vice-presidente do PSD, Marco António Costa, disse ontem pomposamente na Guarda que espera que o novo Governo do PS "não estrague" aquilo que foi feito pelo anterior governo liderado pelo seu amigo Pedro Passos Coelho. "Este Governo do PS e da esquerda, que não estrague aquilo que foi feito pelo Governo que o antecedeu", afirmou o fogoso, indómito, bem falante e elegantemente bem vestido dirigente social-democrata, referindo-se à situação em que o anterior governo PSD/CDS deixou o país. Estaria Marco António Costa a reportar-se, quando se refere ao "...aquilo que foi feito pelo anterior governo...", ao resultado das políticas de desapiedada austeridade que deixaram pelo país fóra um rastro de três milhões de pessoas a viver abaixo dos níveis de pobreza e centenas de milhar de pessoas que tiveram de emigrar para o estrangeiro para não morrerem à fome cá dentro? Obviamente que não!...

 

É claro que Marco António Costa desta feita não fez um reles porta-a-porta para abraçar a causa, antes usou e abusou dos jornais e das televisões para nos entrar pela casa dentro e nos tentar hipnotizar e manietar com o seu soletrado verbo e o seu sempre espampanante "Hugo Boss" domingueiro. O método foi ligeiramente diferente, mas o objectivo foi semelhante, pelo que... olho vivo, ò vítimas dos aldrabões!...

 

Desesperados

É uma verdade comum dizer que esta vida nem sempre é justa e que ainda está para vir o dia em que tudo se passa conforme o esperado. Algumas vezes por culpa nossa ou em resultado das contingências do inesperado, determinados objectivos ficam pelo caminho ou são desvirtuados à luz do que pensavamos ser possível de atingir ou tinhamos como quase certo de concretizar. Perante a mais que certa inconstância do advir, só nos restam duas de três soluções. A primeira, é fazer o que é necessário e aguardar pacientemente que tudo corra pelo melhor; a segunda, é fazer o que é possível e assumir que pouco mais há a fazer; a terceira, que há que evitar mas a mais comum entre os mortais, é fazer somente o que nos permitem fazer e entrar em desespero perante a nossa própria incapacidade.

 

A terceira atitude é precisamente aquela que temos presenciado ao PSD e ao CDS na Assembleia da República nestes últimos dias. Impedidos, porque em minoria de deputados, de continuar a fazer o que tinham vindo criminosamente a fazer nos últimos quatro anos, isto é, prosseguir com as políticas autoritárias de dura austeridade para com a parte mais débil da população e a venda, ao desbarato e até ao último rincão, de todo o bem nacional passivel de agradar ao grande capital, e incapazes agora de vislumbrar tão cedo uma possível saída do lamaçal em que se meteram, disparam para todos os lados onde se vê lura e sai coelho, brandem todos os dias, e de cima a baixo, as mais terríficas suspeitas de conluios e maquinações à esquerda e ao que chamam de "extrema esquerda", tentando assustar os incautos com supostas "jogadas" dos incríveis 8,25% do PCP contra os coitados 91,75% da restante Assembleia.

 

Cansados de tanto bater no molhado e sem vergonha alguma na cara, vêm agora argumentar com uma suposta "ilegitimidade" do Governo PS suportado pelo BEPCP e Verdes, argumento não corroborado pelo espírito e letra do texto constitucional, nem por nenhum constitucionalista ou professor de direito dignos desse nome.

 

No fundo o que PSD e CDS andam é... desesperados.