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russomanias

russomanias

Calma aí... mais devagar!...

Tem sido mesmo muito interessante acompanhar a forma como Passos Coelho e a mais que garantida futura presidenta do CDS, Assunção Cristas, vêm seguindo a caminhada de António Costa e do actual governo. Eles têm perfeita consciência que o governo está de pedra e cal e não vai cair assim tão cedo, dando os dois uma no cravo e outra na ferradura quanto às verdadeiras intenções dos "compagnos de route" do Partido Socialista. É claro que vontade de atirar com o Costa ao tapete não lhes falta, jogando os dois porfiadamente na divisão entre o Bloco de Esquerda e o PCP, nomeadamente com a ideia, que diariamente propalam nos seus jornais e TV's, que a sabidola Catarina é uma pequena beldade queridinha e esperta, enquanto que o Jerónimo, aquele empedernido comunista, não passa de um mausoléu em decomposição. O objectivo é claro e perceptível, pois uma possível profunda incompatibilidade entre os dois partidos, BEPCP, atiraria rapidamente, mais tarde ou mais cedo, com Costa e o PS às cordas e arrumaria com o governo por KO!...

 

Mas será que o BE e o PCP vão facilitar a vida ao PSD e ao CDS e vão entrar infantilmente no joguinho deles, deixando o "passarinho" escapar, sem possibilidades de um tão breve quanto auspicioso retorno? Quanto ao PCP, tudo aponta que não, sendo antes de admitir que esteja já é a preparar umas tão breves quanto mais que necessárias respostas a nível de umas comprometidas e proletárias "carinhas larocas" que possam equilibrar, ou até ofuscar, as espevitadas e acertivas "beldades" do BE. Será que as últimas "cenas" que se têm repetidamente visto de a jovem e "esbelta" deputada do PCP Rita Rato acompanhar de perto as parlamentares e heroicas passadas do grande "chefe" Jerónimo quererão quanto a isto dizer alguma coisa? Ora, toda a gente sabe que no PCP nada acontece por acaso. Quanto ao engalanado Bloco de Esquerda, o perigo real virá certamente do deslumbramento ocasionado pelo facto de os seus principais dirigentes serem maioritariamente ainda jovens, constituirem já, mesmo assim, a terceira força no Parlamento e a possibilidade de um dia poderem aceder, finalmente, ao sempre almejado "cadeirão" do poder. E as enrascadas do BE nascerão precisamente daqui, como se pôde ver pela infantil emissão do famoso cartaz "Jesus também tinha dois pais", cujo lançamento num país como Portugal, maioritariamente católico, só poderia dar zebra, como efectivamente deu. Contudo, Catarina, a Grande, esperta como é, logo deu a mão à palmatoria e reconheceu o "erro".

 

Não é de esperar, pois, que o actual Governo PS, com "compinchas" tão avisados, comece já assim a "tremer" tão cedo, pelo que, meus queridos "cataventos" Passos Coelho e Assunção Cristas, calma aí... mais devagar!...

 

 

Deverão os brasileiros ler autores portugueses?...

Há dias saiu uma notícia de que o Ministério da Educação do Brasil se prepara para eliminar a obrigatoriedade do estudo da literatura portuguesa no seu sistema de ensino, medida que deverá ser posta a funcionar já a partir do próximo mês de Junho. É claro que o glorioso Brasil, como nação independente, é livre e senhora de mandar às malvas os nossos Gil Vicente, Luís de Camões, Almeida Garrett, Camilo Castelo Branco, Eça de Queiroz, Fernando Pessoa ou o Prémio Nóbel José Saramago. Efectivamente, para que precisará o gigante Brasil de tais mestres da lingua portuguesa se nas suas entranhas nasceram gigantes literários do gabarito de um Castro Alves, de um Machado de Assis, de um Lima Barreto, de um Graciliano Ramos, de um Carlos Drummond de Andrade, de um Erico Veríssimo ou ainda de um Jorge Amado? Que poderá fazer quanto a isto o minúsculo e enfezado Portugal? Nada ou... muito pouco!...

 

É, por conseguinte, certo que os portugueses quase nada poderão fazer quanto à decisão que o Brasil adoptar, mas sempre poderão vir a encetar algumas posturas, como eu próprio já tenho feito, assim como deixar de ver alguns filmes estrangeiros legendados em "brasileiro", por ininteligíveis para o comum dos mortais lusitanos, ou então deitar para o cesto dos papeis determinadas brochuras oriundas do país irmão, dada a necessidade de volumosos dicionários lexicais para "interpretar" o âmago da questão. É claro que os nossos irmãos brasileiros sempre nos dirão que deveremos ser nós a aproximar-nos literariamente deles e não o contrário, dado que, na qualidade de "pigmeus", não deveremos esperar que um gigante do tamanho de um continente se apiede de nós. A ser assim, e dado que de grandezas vimos falando, continuem lá vocês brasileiros troteando o vosso acastelado "monte" Roraima, que nós portugueses por cá proseguiremos a nossa milenar escalada da... "serra" da Estrela.

 

 

Sagrada Família

Não deve ser mesmo nada fácil conviver numa casa com vinte e oito membros. Numa com somente quatro, cinco ou seis a confusão já deverá ser bastante avassaladora. Uns quererão deitar cedo e outros gostarão de se deitar tarde. Uns gostarão de arroz com ervilhas e outros preferirão só batatas. Alguns gostarão de ler e outros de ouvir música. Uns serão homens e outros mulheres, uns já serão idosos e outros ainda jovens. Enfim, numa casa com uma população numerosa a alegria e a diversidade deverão ser inversamente proporcionais à inevitável confusão. Uns porque se acham com mais direitos que outros, outros ainda, prevalecendo-se da antiguidade ou da dimensão, sempre tentarão deitar a mão ao melhor da festa ou então posicionar-se nos melhores lugares da "pole position" para abocanhar a tranche. É claro que o pretensamente religioso pessoal cá da elite pode muito bem dizer que esta é uma forma um tanto selvática de ver as pessoas e as coisas, mas o bem informado Charles Darwin é que sabia bem explicar o fenómeno, se bem que o tivessem só confinado ao mundo puramente animal, coitado.

 

Não me venham pois pacatamente dizer agora que os pequenos não andam cá neste mundo para serem "comidos" pelos grandes e que estes grandes, assim como a interesseira Inglaterra e a oportunista Alemanha, não fazem tudo o que lhes apetece e traz proveito na Comunidade Europeia e ainda se dão desavergonhadamente ao luxo de engordarem em tempos de "crise" à conta de espremer e sugar o sangue da Grécia, Portugal, Irlanda e outros "bárbaros" do sul da Europa. Senão vejamos, não bastou à Inglaterra ameçar que iria abandonar o "barco" para logo os restantes residentes da embarcação lhe alçarem o trazeiro e gritarem... "enfia para aí onde quizeres"?  E o que tem acontecido à Grécia e a Portugal enquanto peixe "miúdo" em hora de aflição?... tratados como mendigos e abaixo de cão!...

 

Foi a esta "Sagrada Família" que nos foi dada a honra de pertencer?...

 

 

Agora sim, isto vai?...

Mas será que vai mesmo?... muitos certamente esperariam que tudo iria mudar e que, de um dia para o outro, as nossas vidas virariam para bem melhor. É claro que para quem já aqui anda há uns anitos estes "folclores" de quem são os bons e os maus não passam de pura trêta. Os que sempre foram espezinhados continuam a sê-lo, os que sempre viveram de magras reformas continuam na mesma cêpa torta, a maioria dos que há anos prucuram emprego continuam a procurá-lo e, quem se sente a mais no país continua feliz e alegremente a emigrar. Mas então, para que serviu esta "mudança"? Basicamente para nos empalear!... o Estado não continua, como dantes, a injectar o nosso rico dinheirinho nos Bancos? Continua. Os "pedreiros livres" de todos os quadrantes que roubaram durante anos o Estado, as Autarquias e os Bancos alguém lhes deitou já a mão? Claro que não. Estão eles preocupados que este governo "socialista" ponha cobro às grandes manigâncias e coloque a Justiça a funcionar para punir os habituais prevaricadores, não de "tostões", mas de milhões? Nem um pouco.

 

Então que nos resta? Que restará a este degradado país, madrasto para as suas nobres gentes e um autêntico paraíso para os reformados americanos, ingleses, alemães e franceses? Alguma coisa restará sem dúvida, pois enquanto há vida há esperança. Em primeiro lugar, resta-lhe esperar que o Benfica elimine sem peneiras o Zenit no próximo jogo da "Champions", facto estruturante que se revelará da maior importância para a nossa afirmação como país livre e independente. Por isso, tudo a postos para mais um nobre gesto "patriótico" de apoio ao salvador da "Luz". Alguns dirão, não sem alguma razão, que não é só futebolisticamente falando que salvaremos a nossa pátria das "trevas". Para esses outros temos ainda a comevedora e pia solução de uma peregrinação a Fátima, pedindo a Deus pelo bem futuro do nosso país, rogando por Justiça no Céu àqueles que se têm livrado dela cá na terra... que têm sido espertos e muitos!...

 

 

Passatempo Facebook

O domingo esteve chuvoso e triste e o que me apeteceu mesmo foi passar um pouco de tempo a divertir-me fora do habitual. Já havia manobrado o Jornal de Notícias só por alto e aquela entrevista do Passos Coelho deixou-me mesmo encafuado. Vejam lá a grandíssima latosa do gajo, vir agora descaradamente dizer que enquanto esteve no governo o Banif deu sempre lucro. Como sei de ginjeira que haverá sempre papalvos para "comer" mais aquela mentiróla, decidi-me a terminar o dia de uma forma descontraída e divertida, que isto de levar a vida demasiado a sério, já dizia a minha avó Generosa, nunca deu saúde a ninguém. Passatempo divertido e mesmo ali à mão de semear só encontrei o Facebook, que de leituras ditas sérias já ando eu cheio durante a semana. É claro que grande parte das pessoas que conheço não pensarão como eu, mas para mim o Facebook é uma paródia... logo um esporádico divertimento.

 

Mal abri o dito cujo uma importante notícia me chamou logo a atenção, a qual referia que fulano de tal pedia muita desculpa aos seus "amigos" do "face" pois havia estado, por uns dias, ausente do "convívio" diário e muito doente e, por isso, tinha tido necessidade de ir fazer a cura à sua casa da aldeia, logo postando duas fotos suas junto a uma lareira, onde grelhava duas febras e assava uma morcela. Genial!... Continuei a manobrar o rato e, logo, uma outra novidade de se lhe tirar o chapeu, pois ali era mais uma vez escarrapachado por uma conhecida "amiga" que, agora sim, ia despedir-se de uma vez por todas desta miserável e triste vida, que já não valia mais a pena e que agora era de vez. Os "comentários" que se seguiam àquela triste "notícia" eram mais de duzentos, dizendo uns "não faças isso!...", outros "tem calma rapariga!...", e um outro "a tua vida vai melhorar, vais ver!...". Mas o "comentário" de que mais gostei foi o de "ò filha, o que tu gostas mesmo é de colinho!". Ena pá, este último "comentador", pelos vistos incisivo psicólogo, acertara mesmo em cheio na análise. Entretanto, já passara uma preciosa boa meia hora neste meu "passatempo". E nem ía dar para mais, pois dos lados da cozinha já se ouvia "todos para a mesa... vamos jantar!"...

 

 

República do medo

Todos gostamos de dizer que vivemos numa democracia, que o país é livre e que cade um de nós é rei e senhor das suas ideias, das sua opiniões e do seu eterno livre arbitrio. Mais, para melhor cimentar o que chamamos de evidências, costumamos igualmente realçar a nossa liberdade de nos deslocarmos para qualquer país do mundo à nossa escolha, de escolhermos as profissões de que mais gostamos e vivermos com as pessoas com quem mais nos comprazemos de viver. Os amigos, dizemos nós, nunca serão um impecilho ou problema, pois os tivemos, e muitos, na escola, centenas deles nas empresas por onde passamos, sem contar com aqueles que fomos conhecendo assim que iamos contactando pessoas e cada vez mais pessoas por esse mundo fora. Mas o mais estranho é que embora nem sempre seja tudo assim, sempre gostamos de pensar que o nosso país e mundo são efectivamente assim de verdade e que, só por pura melancolia ou espírito mais negativo, somos levados a relevar o lado mais escuro da vida e não tanto o sol que a cada dia nasce. Será efectivamente assim?

 

Que sentirão então aqueles que fecham contantemente os olhos às mais crueis injustiças que se perpetram à sua volta nos dias que correm, que conhecem perfeitamente a origem do mal que à grande maioria persegue e, contudo, se calam? Que sensações trespassarão aqueles que nas escolas, nas empresas, nos vastos e amplos corredores do poder, a tudo dizem sim porque o não, embora talvez fosse o mais correcto, significaria colocar em causa o querido chefe ou o mais chegado amigo do chefe? E este estado, este desistir do nosso eu, da nossa maioridade, da nossa independência e liberdade, terá algo a ver com a demência esclavagista com que aceitamos hoje em dia ser tratados pelos nossos principais parceiros de Bruxelas?

 

Decidimos todos viver em plena democracia ou antes conscientemente toleramos uma miserável e insegura... República do medo?...

 

 

Social-democracia sempre

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Ora aqui está um muito bom tema de Carnaval este de se saber se a social-democracia de Passos Coelho foi, é ou será para "sempre". Sendo a social-democracia uma ideologia que defende o papel do Estado como principal promotor da justiça social dentro do sistema capitalista e uma política de bem-estar social, controlo da economia com vista à defesa do interesse geral da população e uma distribuição de rendimentos mais igualitária, é, por conseguinte, considerada uma ideologia política de centro-esquerda, por sinal surgida em finais do século XIX, cujos partidários acreditavam que a transição para o socialismo deveria fazer-se não através de uma revolução, mas antes mediante uma continuada reforma legislativa do capitalismo, a fim de o tornar mais justo e igualitário. A matriz político interventiva da social-democracia teve aqui os seus fundamentos, e foi a partir daqui que se estabeleceu em Portugal pelas mãos do então PPD de Sá Carneiro, agora transmudado no PSD de Passos Coelho.

 

E a pergunta carnavalesca de um milhão de dólares traduz-se em saber se o actual PSD de Passos Coelho é, para "sempre", um partido político social-democrata. Será? Se o foi no passado ou o virá a ser no futuro temos todos muitas dúvidas. A única certeza que temos é que não o é no presente. Será social-democratajusto e igualitário um partido que mandou cortar nas pensões dos trabalhadores, encerrou escolas e tribunais, centros de saúde e hospitais? Será social-democrata um partido que encetou políticas de empobrecimento para a grande maioria da população enquanto que, simultaneamente, disponibilizava milhares de milhões de euros para salvar os bancos?

 

Passos Coelho pode bem até ser um pantomineiro "careto" transmontano... mas social-democrata é que não é!...

 

 

Alice no país dos mentecaptos

Já imagino a cara daqueles que me virão logo dizer que a abstenção nas últimas eleições tem de certeza muito a ver com a saturação que as pessoas sentem relativamente à política e aos seus mais ilustres operadores. As pessoas não vão votar, dizem-nos, porque estão fartas de serem enganadas pelos políticos e pelas constantes e diárias notícias de corrupção do alto a baixo da sociedade e dos principais partidos que nos têm (des)governado. Mas então, pergunta-se, e não se faz nada, o país está mal servido de liderança e limitamo-nos a assobiar para o ar ou a dar à sola e a emigrar? Assaltam-nos a casa e os haveres e nós, em vez de os defendermos com unhas e dentes, vamos ao café do vizinho tomar um copo ou a casa de um amigo jogar à lerpa? Que educação cívica andamos nós a dar aos nossos filhos? A quantas lições de cidadania ainda teremos que assistir para compreendermos de uma vez por todas, finalmente, o quão importante é a participação de todos nós na defesa da liberdade e da democracia tão duramente conquistados?...

 

Mas que raio de país é este em que cinquenta por cento dos eleitores não têm disposição nem "tempo" para votar uma vez de quatro em quatro anos, mas já têm disposição e "tempo" para no final de um jogo de futebol, em Londres, entre as equipas B de futebol do Porto e do Benfica, roubarem uma camisola que tinha sido oferecida a um jovem deficiente em cadeira de rodas que assistira ao jogo? E, não contentes com a sua heroica façanha, ainda tiveram "tempo" para ameaçar fisicamente o jovem deficiente. Quem nos pode pacientemente explicar acto tão patriótico como corajoso destes nossos destemidos compatriotas? 

 

Que maravilha de país é este?... O da Alice de certeza não é!...

 

 

Europa velha

Sempre tive muitas dúvidas em afirmar convincentemente o meu orgulho em ser cidadão europeu. Acenavam-me com um continente onde imperaria a liberdade, mas a liberdade é extremamente importante mas só por si não chega. Depois falavam-me numa Europa sem fronteiras, o que era óptimo mas não deixava de ser insuficiente. A seguir vinha aquela conversa da tão desejada moeda única para todo o continente, medida muito bonita mas que cheirava bastante a esturro, como depois se veio a comprovar. Mas então, podemos todos perguntar, não seria simplesmente formidável vivermos num continente europeu finalmente em paz duradoura, depois de centenas de anos em que duas ou três nações o dizimaram de tempos a tempos a ferro e fogo? Claro que seria óptimo, fantástico até, podermos todos finalmente falar de uma Europa solidária, daquela tão sonhada Europa em que as nações mais fortes se integrariam com as nações mais fracas na resolução dos seus problemas comuns, em que os povos europeus se sentissem como fazendo parte de um todo coeso e uno.

 

Porque razão já não existe, nos dias que agora passam, esse sentimento forte e orgulhoso de se ser europeu? As razões são várias, sendo a principal certamente a falta de uma verdadeira solidariedade entre os vários países que compõem a Comunidade. Como nos poderemos sentir europeus se um só país, a Alemanha, se comporta como uma verdadeira dona e senhora da verdade e da razão, impondo e exigindo ferreamente aos restantes países, nomeadamente aos mais frágeis, medidas e comportamentos de acordo com os seus próprios interesses e benefícios? E que dizer de uma Europa que propala pelos quatro cantos do mundo os seus milionésimos princípios sobre o "ser o humano" e os "direitos do homem" se depois deixa morrer às suas portas milhares de homens, mulheres e crianças que fogem à guerra e aos massacres em massa?

 

Esta não é a minha Europa, esta é a Europa velha... imbuída dos mais soezes egoísmos, oportunismos e traições!...