Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

russomanias

russomanias

Estória rocambulesca de uma série de traições

Foi em tempos, antes e logo a seguir ao 25 de Abril de 1974, um daqueles meninos mimados e priveligiados que se deram ao trabalho e espaventosa militância em favor da secularmente explorada classe operária, aderindo àquele que foi o aguerrido e belicoso PCTP/MRPP (Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses/Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado), muitíssimo bem falante matilha de assanhados pequeno-burgueses universitários que se destacaram no ataque a tudo que viesse do lado dos defensores da revolução e no sentido de confundir o máximo possível, naqueles extremados anos de 74/75, todo o "povão" da esquerda. Atingido esse objectivo com o 25 de Novembro de 1975, o nosso homem decidiu mais à frente pregar uma grande traição à sua classe operária e aceitar o convite para se inscrever em 1980 no PSD, facto que constituiu, sem dúvida, uma grande afirmação do seu então já incipiente e rastejante "modus operandi". Dotado daquela visão, persistência e constância que caracterizam a sua outrora amada classe operária, torna-se em Maio de 1999 líder do PSD e em Abril de 2002 é já Primeiro Ministro deste país.

 

Agora no seu tão sempre adorado poder, mas aqui já sem aquela caricatura da ditadura do proletariado, o cherne, desculpem, o nosso homem decide então convidar aquela grande craveira intelectual e moral que foi George W. Bush para a conhecida Cimeira das Lajes, tendo-se aí decidido, com mais uns quantos crâneos de idêntica estatura, que o ocidente deveria atacar o Iraque por posse de armas nucleares, naquilo que por todos eles foi já considerado uma grande mentira e uma igual traição a todos quantos neles confiaram e elegeram. Mas a clamorosa tramoia e idêntica traição foram tão grandes e convincentes que os grandes da Europa e da América, admirados e reconhecidos por tanta patranha, logo convidaram o expedito homem para o seu seio e coroaram-no Presidente da Comissão Europeia em Novembro de 2004. Embevecido por tão grande honra e nem querendo acreditar que passaria agora a tomar o pequeno almoço e por vezes mesmo o lanche com os "grandes" do velho continente, o facto é que logo se esqueceu que era oriundo do sul da Europa, nomeadamente de Portugal, e passou foi a servir de criado de quarto à toda possessiva e exclusiva Senhora Merkel, cometendo assim uma flagrante traição aos principais princípios que estiveram na base da construção europeia, nomeadamente aquele que se referia à solidariedade com as regiões menos desenvolvidas.

 

Em 2014 a "coroa" da Presidência da Comissão Europeia passou para Jean-Claude Juncker e o nosso portuguesito fiúza foi convidado para a nova traição de presidir a partir de agora ao banco Goldman Sachs International, inimigo declarado dos povos europeus e um dos prinpais responsáveis pela crise que se instalou nas diferentes suas economias. Agora, quando lhe foi comunicado, pelos que lhe bateram palmas, que passaria a rastejar, como os restantes, sem tapete vermelho, quando viesse solicitar à Comissão Europeia mordomias para o banco a que preside, sentiu-se muitíssimo "traído" e desconsiderado. Coitado do homem, quanta injustiça, quanta desconsideração, quanta falta de merecido reconhecimento, quanta falta de contrapartidas pelos relevantes "serviços" prestados, quanta traição!... mas a vida é mesmo assim... e aqui se voltou a repetir, mais uma vez, o velhíssimo provérvio de que "traição com traição se paga"!...

 

 

Três simples coisas de que Portugal urgentemente não precisa

Portugal não precisa de políticos que se esqueçam de cumprir com as suas obrigações. E eles efectivamente não são necessários pelo simples facto de os portugueses não terem paciência para aturar mediocridades arrogantes que fazem inflamados discursos sobre a necessidade de todos termos compreensão e calma com o momento difícil que atravessamos e pagarmos atempadamente os nossos impostos, quando políticos de topo, com a responsabilidade suprema pelo país, se esquecem de que, como qualquer outra pessoa, têm que pagar atempadamente à Segurança Social e às Finanças. Quando a liderança de um país não dá o exemplo perde todo o respeito dos restantes cidadãos.

 

Portugal não precisa de políticos mentirosos. Errar é humano. Já quanto a mentir, deliberada e continuadamente, é desmerecer qualquer pingo de credibilidade. Quando um político de topo vem dizer para a televisão que o seu governo criou 175.000 novos empregos desde 2013 é tentar desmentir o óbvio, é tentar dizer-nos que o branco é preto ou então tentar passar um atestado de incapacidade e menoridade a todo um povo, povo que viu partir cerca de 300.000 pessoas para o estrangeiro por se encontrarem sem emprego em Portugal. E, a cada dia que passa, centenas e centenas de pessoas continuam a abandonar o país pela razão singela de que... ou emigram ou morrem à fome.

 

Portugal não precisa de políticos que se vendam à Alemanha. Que se vendam à Alemanha ou a qualquer outro país. Nada pode prejudicar mais um povo que ser governado por políticos que estejam ao serviço dos interesses de um outro país ou de instituições financeiras poderosas que têm como objectivo sugar deliberadamente o sangue de economias pequenas ou débeis, como vem acontecendo com a Grécia, Portugal e Irlanda. Portugal precisa é de políticos firmes e honestos, intransigentes na defesa dos interesses do país e que privilegiem acções de defesa conjuntas com os restantes países da comunidade que estão a ser vítimas das medidas desastrosas do Senhor Schäuble, da Senhora Merkel e da poderosa e autoritária Alemanha.

 

 

Políticos anões

A cada dia que passa vêm cada vez mais ao de cima os verdadeiros contornos da atmosfera que rodeou as negociações do governo grego com os seus parceiros europeus. Que a Alemanha e os restantes países do norte da Europa não iriam facilitar em nada a vida dos gregos, era já previsível e nada tinha de admirar. Mas o que agora se sabe, cada vez com mais clareza, é que foram os restantes países sob resgate que mais ferraram nas canelas dos gregos, não sendo novidade nenhuma que o governo de Portugal foi talvez daqueles que mais vociferou e ladrou contra as tentativas da Grécia de chegar a um possível e aceitável acordo com os credores que não colocasse irremediavelmente em causa a sobrevivência económica e social daquele país. Pelos vistos, a Alemanha nem precisou de falar muito... os seus cães de fila, sustentados e premiados com presentes e futuros cadeirões nos luxuosos gabinetes comunitários, eles próprios se encarregaram de fazer a acusação e ditar a sentença, sempre sob o olhar atento de Heil, desculpem.... Herr Schäuble!...

 

Pedro Passos Coelho, o sapientíssimo primeiro ministro de Portugal, não se coibiu até de vir agora dizer que foi ele próprio quem encontrou a solução para resolver o problema da Grécia, ele que em Portugal, quando sair, deixará atrás de sí um enorme rasto de desemprego, emigração forçada, fome e miséria. Estes anões da política, vendidos descaradamente aos grandes interesses financeiros e à Alemanha da Sr.ª Merkel, não têm vergonha nenhuma do papel miserável que têm assumido na destruição do ideal europeu de unidade e solidariedade entre os povos, desígnios que permitiram e possibilitaram 70 anos de paz efectiva no velho continente.

 

Ao espírito que levou à constituição inicial da Comunidade Europeia, os políticos anões que se apossaram dos seus principais orgãos contrapõem agora o seu mais selvático egoismo, individualismo, servilismo e burocratismo

 

 

Carta aberta de um português suave à chanceler alemã Angela Merkel

Antes de mais quero dizer-lhe que aprecio a forma calma e suave como costuma habitualmente abordar as questões mais ponderosas que actualmente preocupam o seu país e a Europa. Certamente que isso terá a ver com o facto de ter vivido, ainda no tempo da extinta RDA, naquela pequena mas encantadora cidade de Templin, no estado de Brandenburg, local que felizmente tive a sorte de conhecer e admirar, tanto pelas suas interessantíssimas relíquias do passado, como pelas águas calmas e relaxantes dos seus inúmeros lagos. Mas, como compreenderá, não foi necessariamente derivado a isso que me decidi a escrever-lhe esta pequeníssima carta, antes foi o facto de me sentir nessa obrigação por me considerar cidadão de Portugal e da Europa no pleno gozo dos seus direitos, já que até hoje também jámais me coibi de cumprir com as minhas obrigações. O que me levou a escrever-lhe foi antes o facto de, como português e do sul da Europa, me sentir ultrajado nas perspectivas da contrução de uma Comunidade Europeia em que todos os países que a compõem, e os seus respectivos cidadãos, são tratados com base nos princípios fundamentais da concretização de uma sólida e verdadeira paz duradoura, da unidade, da igualdade, da liberdade, da segurança e da solidariedade.

 

Ora, como poderá a Europa dar seguimento a tais princípios se a Alemanha se apossou dos comandos da Comunidade e enceta, todos os dias, políticas destinadas a fortalecer egoisticamente a economia do seu próprio país e a deixar para trás todos os restantes? Como poderemos continuar uma política de paz na Europa se uns países são beneficiados e protegidos, enquanto outros, como Portugal e a Grécia, são estrangulados económica e financeiramente por imposição da Alemanha? Como poderemos ter uma Europa unida quando a Alemanha beneficia de uma moeda que a torna rica e poderosa, enquanto nos restantes países, nomeadamente nos do sul, aumenta o número de pobres na ordem dos milhões? Tendo em conta tudo isto, em que pé fica o princípio da igualdade?... e o da solidariedade?... e o da liberdade, quando há crianças e adultos que vivem na extrema miséria?... Como pode a Alemanha, em países como a Grécia e Portugal, impor a compra dos seus submarinos, que custaram fortunas colossais, enquanto nesses dois países milhões de pessoas lutam contra a fome e a pobreza? Como pôde a Alemanha permitir que centenas de milhões de euros disponibilizados pela Comunidade Europeia para prosseguir políticas de desenvolvimento nos países com mais dificuldades, como Portugal e a Grécia, fossem parar aos bolsos das elites corruptas que têm governado esses países? 

 

É claro que sei que tem andado muito ocupada e muito dificilmente me dará uma resposta atempada. E também sei que poderá ser tentada a dizer que sou um português provavelmente influenciado pelo Syriza da Grécia ou pelo Podemos de Espanha, o que não é verdade dado que em Portugal não temos nada disso... só Futebol!...

 

Adeus!... auf Wiedersehen!...

 

 

Fantasmas e anões da velha Europa

Este fim de semana o povo grego pronunciou-se, em referendo, sobre o "sim" ou "não" à continuidade das políticas de dura austeridade que lhe têm sido impostas pela Alemanha e restantes países do norte da Europa, coadjuvados pelos ajudantes de campo da Sr.ª Merkel, nomeadamente os primeiro ministros de Portugal, Passos Coelho, e Rajoy, de Espanha. Foi vergonhoso assistir à intromissão descarada de tanta gente responsável da Europa num assunto interno de um país livre e independente que faz parte da Comunidade. A campanha dessa gente a favor do "sim" foi escandalosa e escancarada mas, no final, o massacrado povo grego pronunciou-se, de uma forma clara e inequívoca, com um impressionante "não" às imposições e ditames dos burocratas europeus, manietados e conluiados com a alta finança.

 

Em Portugal toda a direita fez campanha pelo "sim" na Grécia, desde o presidente da República, primeiro ministro e vice primeiro ministro, sem esquecer os sapientes comentadores do PSD Marques Mendes e Marcelo Rebelo de Sousa. Todo empolgado com as sondagens, Marques Mendes não esteve cá com meias medidas e despejou o saco sobre os que na Grécia lutam corajosamente contra os "terroristas" financeiros europeus. Segundo Marques Mendes, "toda a esquerda europeia está a ser muito dura com o Syriza...", "toda a esquerda europeia está a afastar-se do Syriza..." e "o Sr. Renzi, primeiro ministro de Itália, socialista, disse que este referendo é optar entre o euro ou o dracma. E não contem mais comigo para estar ao lado do governo grego, porque eles são o problema e não são a solução".

 

Ora Marques Mendes mais não fez do que atirar areia para os olhos de todos nós. Os ditos socialistas europeus, em que se inclui o PASOK que levou a Grécia aos descalabro, são efectivamente de esquerda? Que se passa com essa tal "esquerda" em França, em Espanha e em Portugal? Ao que parece o povo grego respondeu a essa questão: essa dita "esquerda" não existe, não conta, cada vez mais, com o apoio dos povos europeus, porque vergonhosamente se diluiu com a direita europeia na defesa do que consideram ser os altos interesses da finança internacional... contra os interesses das camadas populares que até aqui os apoiaram.

 

 

A Rússia outra vez?...

Quando eu era puto era voz corrente, no Portugal tacanho e embrutecido de então, que Nossa Senhora de Fátima aparecera aos três pastorinhos, entre outras razões, com uma importante missão... rezar pela reconversão da Rússia. Por aqueles tempos eu não estava mesmo nada a ver o que tinha Portugal a ver com a Rússia, já que sabia, porque lia a imprensa censurada de então, que entre os dois países nem sequer relações diplomáticas havia. Mas que o pessoal das batinas pretas e do governo fascista de então não podiam com a Rússia nem pintada, lá isso não. Depois chegou a democracia e, os mesmos e mais alguns que contaram outrora as balelas do recado da Senhora aos pastorinhos, começaram então a propalar que, na Rússia, os comunistas comiam as criancinhas. E não é que até deu na televisão da altura algumas pessoas das aldeias do interior a confirmar que sim, que era verdade todas aquelas maldades na Rússia?

 

Os anos foram passando, e então um dia um presidente americano, aquele das cowboiadas, o Reagan, veio dizer ao mundo que os americanos é que eram os bons e que os maus eram os russos. E a coisa até funcionou bem para os americanos, já que para o lado dos russos tudo começou a tremer e, passados uns tempos, toda a União Soviética, que para os ocidentais era convenientemente confundida com a Rússia, não passava de uma autêntica manta de retalhos que, por fim, se pulverizou em mil pedaços. Pensava eu então que, finalmente, as estórinhas sobre a façanhuda Rússia tinham acabado e que, finalmente, iriamos todos poder fruir descansadamente de um olhar mais objectivo e verdadeiro sobre a pátria de Pushkin, Tolstoi, Gogol, Tchekhov, Dostoievski, nomes supremos da literatura russa e mundial. Eu pensava, mas não foi assim que aconteceu, pois os tais "bons" da fita voltaram de novo à carga e não têm parado de chicotear a Rússia. E tudo porquê?... porque, segundo dizem, a Rússia se atreveu a reaver a Crimeia da Ucrânia, que lhe havia sida dada, em Fevereiro de 1954, pelo então presidente da União Soviética, Krushchev, que era ucraniano. Contudo, a Crimeia sempre fez parte da Rússia, pelo menos desde que esta daí expulsou os exércitos otomanos.

 

Porque razão então os ditos "bons" se preocupam agora de novo com a Rússia? Estendamos um mapa mundi em cima da mesa e olhemos para as dimensões daquele colossal país. Confrontemos agora isso com as suas incomensuráveis riquezas em petróleo, gaz, diamantes, alumínio e outros importantes minerais estratégicos. Hitler, pelos vistos um "bom" extremista e dos duros, em 22 de Junho de 1941 tentou apossar-se de todas essas riquezas pela força e, no final, deu-se muito, mas muito mal. As subtilezas dos "bons" de 2015 são diferentes... mas os objectivos reais são os mesmos!...

 

 

Arroz de pato... com chouriço!...

Não sei se a algum ou alguma de vós já aconteceu, mas a mim já. Como bom apreciador de arroz, doença que herdei de meu falecido pai, que comia com toda a facilidade arroz todos os dias, sem nunca enjoar, um bom prato de arroz de pato é coisa capaz de me obrigar a fazer arriscada inversão de marcha e meter por quelhas e travessas até me alapar à volta de uma mesa para saborear o bicho, bem esfiapado, numa generosa travessa de arroz fofo e alourado. Até aqui tudo nos conformes, mas já não assim tão bem quando nos acomodamos num restaurante com a família para atacar a saborosa ave e, espantados, que nos colocam em cima da mesa?... uma fantasmagórica travessa de arroz dito de pato, encimada com rodelas de chouriço ressequido até dizer basta mas, do tal de pato... nem vê-lo!... isso a mim já me aconteceu, e só tive que colocar o tal restaurante no "index" dos alvos a abater com um alargado bota-abaixo pelos amigos, maldade minha que nem foi sequer necessária já que, passados uns meses, o caprichoso restaurante foi-se abaixo das perninhas e fechou portas.

 

Vem esta picardia do arroz de pato a propósito da última sondagem da Universidade Católica, que dá a coligação PSD/CDS à frente do PS nas intenções de voto para as legislativas, sondagem que para mim vale tanto como um chourico, mas que trás contudo para cima da mesa uma realidade bem conhecida da política portuguesa: é que o PS tem-nos andado a impingir demasiado arroz de pato falsificado, isto é, só com chouriço e, como é de compreender, o pessoal não tem gostado do sucedâneo e propõe-se abandonar a mesa para ir comer a saborosa ave, e o dito arroz, a outras paragens. Mas significará isto que o verdadeiro e saboroso arroz de pato, o tal bem português, estará neste momento a ser servido pela coligação PSD/CDS?... quanto a mim o que o PSD/ CDS têm juntado ao arroz não passa de frango do aviário, que pode ser parecido com pato... mas não é a mesma coisa!...

 

Esperemos, pois, que o Zé Pacóvio, que por vezes se entretem com algumas coisas que lhe impingem, sem interesse, mas contudo nem sempre gosta que o tratem abertamente como burro, dê rapidamente conta da ultrajante e pecaminosa aldrabice e, com toda a determinação e a tempo, exija para o país aquela excelência gastronómica bem portuguesa que é um saboroso e bem apresentado arroz de pato como deve ser, isto é... com pato!...

 

 

Ai Jesus... tanta massa!...

Estas duas últimas semanas o país tem vivido suspenso de outras tantas grandes dúvidas sobre o seu futuro imediato. Terão essas questões a ver com o rumo a tomar pelo país logo após as próximas eleições legislativas, a realizar a seguir ao verão? Ou serão antes assuntos ligados à descoberta de uma nova Lista VIP, desta vez direccionada para empresas "amigas" da ASAE e que não deverão ser importunadas, sob qualquer forma, a fim de que possam prosseguir os seus sagrados objectivos de incrementar a economia e "exportar" a qualquer preço? Ou terá tudo antes a ver com o agora acutilante apelo de Passos Coelho para o regresso ao país dos jovens que em 2012 mandou desbragadamente "emigrar"? Não, parece que não tem nada a ver com isto, parece que se trata antes de duas situações muito mais acutilantes para o país... muito mais determinantes!...

 

De que se trata então? Trata-se dessas duas importantíssimas questões de saber quem vai ser o novo treinador do Benfica, se o Rui Vitória ou o Marco Silva, e daquela outra de se saber se o Jorge Jesus fez bem em sair do Benfica batendo com a porta na cara do Filipe Vieira. Estas duas questões básicas, determinantes e, como se diz agora, estruturantes, do nosso futuro político como país, são de facto o "leitmotiv" que faz hoje mexer e mobilizar o país na senda de novos amanhãs mais prósperos e risonhos, no fundo, são a grande razão de estarmos hoje vivos e em luta acesa pela nossa sobrevivência como nação. Pois se o Jorge Jesus vai para o Sporting ganhar seis milhões por ano, isso só demonstra a confiança que o mercado tem na pujança da nossa presente economia e só o podemos admirar por isso, por ter tido a coragem de trapear a distraída águia e se preparar agora para enloular o há muitos anos esperançoso... leão.

 

Como diria o meu saudoso tio Bonifácio... "ai Jesus... tanta massa"!...

 

 

Huguinho, Zezinho e... Luisinha

Quando era puto não havia miúdo que não soubesse quem eram o Tio Patinhas, o Mickey, o Pato Donald, o Pateta, os Irmãos Metralha, a Maga Patalógica e outras figuras então mágicas do genial Walt Disney, muito lidos e admirados naqueles almaques em banda desenhada, escritos no encantador português do Brasil. Todas aquelas ilustres figuras tinham uma personalidade muito própria e "sui generis", pelo que o Tio Patinhas se destacava pela sua avassaladora avareza, o Pato Donald pela loucura amorosa pela Margarida e o Pateta pelas suas invencionices, que quase sempre acabavam em desastre. Havia várias outras figuras interessantes, como o Gastão, o primo do Pato Donald. Mas o que vos quero aqui hoje trazer e lembrar são outras três figuras que por vezes apareciam e animavam a leitura da miudagem, e que são nem mais nem menos que o Huguinho, o Zezinho e o Luísinho, sobrinhos do Pato Donald. Eles para mim eram muito engraçados, pois quase sempre falavam em economia de esforço e de forma triangular. Assim, se passavam os três pelo seu tio Donald e lhe queriam dizer "Bom dia tio Donald!", faziam quase sempre desta forma: o Huguinho dizia "Bom dia...", o Zezinho por seu lado dizia "...tio..." e o Luisinho terminava com "...Donald!".

 

Pois descobri agora que nós também cá temos os nossos Huguinho, Zezinho e Luisinho, melhor, Luisinha, pois a nossa Ministra das Finanças disse há dias numa reunião de fogosos, encantadores e irreverentes jotinhas que era necessário fazer mais cortes nas pensões na ordem dos 600 milhões, facto que causou o maior sururu em todo o país e também nas hostes alaranjadas. Vocês estão a ver, a dias das eleições vir dizer que vão desancar outra vez nos mesmos desgraçados de sempre, aquilo era trambolhão pela certa e adeus possível governo! Então lá apareceram a dizer, muito preocupados, os nossos Huguinho (Marco António) "Não vamos...", Zezinho (Mota Soares) "...cortar..." e Luisinha (Maria Luís) "...nas pensões!"... 

 

Agora vêm-nos dizer, à boca das eleições, que afinal já não vão cortar nas pensões, é isso? Não será mais uma atabalhoada invencionice do trapalhão Pateta?...

 

 

 

Carreiristas... "sulistas, elitistas e liberais"!...

Quando Luís Filipe Menezes apelidou a classe dirigente do PSD, no congresso do seu partido de 1995, de "sulistas, elitistas e liberais", o ilustre laranja nortenho foi vaiado e apupado de uma forma tão vexatória e marcante que até hoje nunca mais se recompôs da desbragada ousadia. Filipe Menezes foi insultado sim, mas não é que tinha mesmo razão!... Chamou-lhes de "sulistas" não por serem do sul, mas sim por naquela altura, como hoje, os principais dirigentes do seu partido terem uma visão centralista da governação e terem rapilhado, como ainda hoje rapilham, os principais fundos do país para os aplicar na capital e arredores; "elitistas", porque sendo nessa altura o PSD um partido de "barões", como ainda hoje é, o termo de "popular" na sua sigla era mesmo para enganar anjinhos e não para levar a sério; "liberais" porque, apesar de se dizer "social-democrata", no fundo o que o PSD queria, e quer, é uma sociedade em que cada um faça por si, em que os mais fortes sejam livres de se prevalecer dos mais fracos... manipulando-os no sacrossanto e poderoso "mercado".

 

Claro que Filipe Menezes, talvez porque na altura não tinha lido ainda Estaline, cometeu o grave erro de atacar os "inimigos do povo" sem antes se ter apossado das rédeas do poder, o que lhe foi fatal. Mas o que interessa é que o notável nortenho tinha carradas de razão e uma visão aguda da "máquina" de poder de que fazia parte e que ainda hoje carbura nos mesmos moldes... com uma ligeira alteração. É que hoje em dia é extraordinária a quantidade de gente que aparece à frente do seu partido disposta a tudo fazer para agradar a Passos CoelhoWolfgang Schäuble e Angela Merkel, pelo que nada interessa dessas estórias de "popular", "social-democracia", de "Direitos do Homem" ou seja lá do que for, o que interessa, isso sim, é estar do lado dos que podem garantir um bom lugar no futuro, se possível bem pago e longe dos míseros e reles "profanos" que recebem ordenados de 505, 1000 e 2000 euros mensais.

 

Pelo que, meu caro Luís Filipe Menezes, atrevo-me a fazer um ligeiro "up grade" na sua já célebre formula para..."carreiristas, sulistas, elitistas e liberais", esperando que não me leve a mal, claro!...