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russomanias

russomanias

Deixei-me de tretas... vou aprender chinês!...

Quando era puto e fui estudar de noite o que era fixe era falar francês. Eram os tempos do Jean-Paul Belmondo e daquela bomba da Brigitte Bardot de "E Deus criou a mulher". Depois apareceu aquela música então proibida do "Je t'aime" e, como então adorava coisas proibidas... lá fui eu durante uns anos aprender francês. Mas eu já então desconfiava que o que viria a dar no futuro era o inglês, talvez influenciado pelos filmes do 007 e daquela cena do "Goldfinger", com o Sean Connery. E havia ainda os Beatles e o "Let it be" e também me parecia que, mais dia menos dia, os americanos, que já cantavam de galo, é que iriam dominar por completo o resto do mundo, como já andavam então a tentar fazer no Vietnam. E lá fui eu então malhar no inglês... para não ficar para trás.

 

Depois passeime dos carretos. Então como é? E os nossos vizinhos aqui do lado, os espanhois, com a sua lingua tão bela e tão parecida com a nossa, não merecem uma atençãosinha? Eles, que entraram de rompante para a Europa e que são o principal mercado das nossas exportações, não são também merecedores da minha atenção? Pois deverão ser, por, para além do Almodovar, com o seu "Átame!", serem os herdeiros de Cervantes e o seu genial e intemporal "D. Quijote de la Mancha", o cavaleiro que, como eu, nunca parou de combater os seus malfadados e sempre metediços "molinos del viento". E lá fui queimar as pestanas no espanhol... 

 

Agora, depois de tantas voltas ter dado o mundo, cheguei à conclusão de que o francês é chique, o inglês é prático e o espanhol é doce mas, o que eu preciso mesmo, precisamos nós todos, é de uma lingua que nos encha os bolsos de pilim, sim, pilim, e do grosso!... nos abra os horizontes para o oriente, para a China, nos ponha em contacto com esses milhões e milhões de pessoas com os olhinhos pequeninos mas muito espertas, tão espertas e ricas que já compram a dívida pública dos americanos e estão-se a marimbar para os seus aviões e misseis... porque quem tem os carcanhóis são eles!...

 

Está decidido... vou aprender chinês!...

 

 

Dicionário de Política para Tótós - de A a Z

CDS/PP - Centro Democrático Social/Partido Popular - Partido político português fundado em Julho de 1974 por Diogo Freitas do Amaral, Adelino Amaro da Costa, Basílio Horta, Vítor Sá Machado, Valentim Xavier Pintado, João Morais Leitão e João Porto, tendo actualmente como líder Paulo Portas, vice-primeiro ministro do actual governo PSD/CDS. Tendo-se inicialmente apresentado como um partido inspirado na democracia cristã e do centro, cedo se verificou ser portador de uma política declaradamente de direita e pouco disponível para a defesa dos humilhados e ofendidos cristãos que convivem todos os dias com uma política de feroz austeridade e crescente miséria.

 

Também conhecido como o partido do "táxi", por nele de vez em quando caberem os seus representantes eleitos, mercê de uma desastratada e saltitante política entre o PSD e o PS, que os eleitores mais atentos e informados têm geralmente condenado, o CDS/PP é hoje mais o resultado das habilidosas e malabaristas acrobacias políticas do seu lider do que do real valor do seu aparelho partidário, hoje em dia muito desacreditado. Efectivamente, esperto como é (já Álvaro Cunhal o tinha constatado), Paulo Portas tem conseguido "dar a volta" a um apreciável número de eleitores, não se coibindo nunca de, para chegar ao poder, calcorrear feiras e mercados de norte a sul do país com o fito de vender, habilidosa e convincentemente, a sua preciosa "mercadoria": a defesa dos reformados e pensionistas, dos pequenos agricultores, dos ex-combatentes da guerra do ultramar, do abaixamento dos impostos, do corte nas "gorduras" do Estado. Em 2011, após a queda do governo de Sócrates, o CDS/PP e o seu "revolucionário" líder mais uma vez chegaram ao poder, desta vez pela mão de Passos Coelho e do PSD. Aqui chegados, que vimos nós hoje?

 

O CDS/PP apoiou aberta e expressamente o ataque descarado e generalizado, por parte do governo, aos rendimentos dos reformados e pensionistas, depressa se esqueceu dos agricultores, dos ex-combatentes do ultramar nem fala neles, apoiou silenciosamente brutais subidas de impostos e, quanto às faladas "gorduras" do Estado, continuam a estar onde estavam. Apoiou igualmente o desmantelamento progressivo do ensino público e do serviço nacional de saúde, apoiou e contribuiu para a desertificação do interior do país através do encerramento e deslocação de serviços e infra-estruturas essenciais como estações dos correios, tribunais, repartições de finanças e outros serviços públicos. Onde pára a tal democracia-cristã de que se arroga o CDS/PP? Porque contribui descaradamente para o lançar na miséria de centenas de milhares de cristãos que diz defender?

 

Mas afinal o que é na verdade o CDS/PP?

 

                                                                                       um partido da direita, da direita mais retrógrada e reaccionária!...

 

 

Os meus melhores amigos são...

Os meus melhores amigos são... todos aqueles que me valorizam pelo que eu sou e não pelo que eu tenho, que por sinal, pelo menos para mim, é o suficiente para poder levar uma vida de cabeça levantada e digna, sem dever nada a ninguém. Mas conheço o suficiente da vida para poder dizer que nem todos valorizam num suposto "amigo" o que ele é... mas sim o que ele tem, ou poderá vir a ter. E dá-me um gozo muito grande poder analizar e apreciar de perto esse gente tão caprichosa com as suas aparências e as dos outros e poder vê-los, ufanosos, nas suas andanças para cá e para lá, tão decididos e obstinados em vender uma imagem de grandeza que não têm, de riqueza que não é nenhuma, de conhecimento que nunca tiveram ou deixaram a meio há já muito tempo, de requinte saloio que ao virar da esquina se transforma ou esboroa na mais pura encenação.

 

Os meus melhores amigos são... todos aqueles que, pobres, ricos ou remediados, me cumprimentam e comigo falam só pelo prazer da minha companhia, me criticam quando têm que criticar, mas toleram igualmente os meus dias menos bons, as minhas palavras que num dia de azar me sairam um pouco injustas ou a despropósito. Não são certamente tão bons meus amigos aqueles que me viram a cara só porque tenho um carro dois anos mais antigo que o seu, ou porque conduzem um Mitsubishi e eu um Renault, ou então porque têm uma piscina de fibra em casa e eu, embora tenha espaço, não quero nem penso vir a ter nenhuma. Mas por vezes não se trata só do facto do ter ou não ter, mas do que dizem ser importante ou não ser, pois existem "amigos" que o são ou deixam de ser só pela dita "importância" que acham que temos ou não temos.

 

Os meus melhores amigos são... finalmente, os que veem algo em mim de que se possam orgulhar, ou sentir desinteressado prazer em compartilhar, porque os toquei em algum ponto da sua vida que necessitavam corrigir ou melhorar. Não me parece contudo que sejam tão meus "amigos" os que sintam inveja do que acham que tenho ou sou, que me desdenham pelo que sou ou tenho, que me tolerem pela suposta "importância" que eu não desejo nem quero ter. Que sejam meus amigos, sim, mas por tudo o que eu na realidade sou:

 

                                                                                                                                   um SER em diária construção!...

Dicionário de Política para Tótós - de A a Z

COMUNISMO - Ideologia política defensora de uma sociedade sem classes em que os meios de produção são propriedade de todo o povo, o comunismo teve em Karl Marx o seu principal mentor e teórico. A sociedade dita do "homem novo" teria duas etapas, a socialista e a comunista, tendo esta última como objectivo obter "de cada um segundo as suas capacidades", satisfazendo a cada um "segundo as suas necessidades", terminando finalmente numa sociedade sem classes e o desaparecimento total do Estado. Com Lenin e a Revolução Socialista de Outubro de 1917, na Rússia, deu-se início à chamada "ditadura do proletariado", expressão marxista que significa o dominio político, económico e social dos operários sobre as restantes classes burguesas, com vista à construção da tal sociedade sem classes e da abundância para todos. O problema foi que quem deu início à construção dessa nova sociedade na Rússia, depois URSS, foi o nosso já bem conhecido "homem velho", com a sua sempre insaciável... sede de poder.

 

Depois da morte de Lenin, em 1924, subiu ao poder na direcção do PCUS (Partido Comunista da União Soviética) o seu discipulo Stalin, que desde o início da sua escalada ao poder tratou de burilar a sua própria "ditadura" pessoal, em detrimento da concebida por Marx, não olhando a meios para obter o resultado pretendido, que incluiram a eliminação física de todos os opositores que lhe apareceram pela frente, reais ou imaginários, desde que lhe cheirasse a pensamento ou ideias diferentes das suas. Assim aconteceu a Bukharine, Kamenev, Zinoviev, Trotsky e a milhares de velhos militantes do seu partido. Como foi possível a um partido dito revolucionário cometer estes actos "criminosos" (Nikita Krutchev) sobre os seus próprios membros? Como foi possível a um partido dito revolucionário eliminar fisicamente e enviar para a morte, no inferno siberiano, milhões de camponeses, só porque possuiam uma vaca a mais que o vizinho do lado (Arquipelago de Gulag, de Aleksandr Solzhenitsyn)?

 

Foram estes acontecimentos e outros mais, como a assinatura, em 23 de Agosto de 1939, do pacto Molotov-Ribbentrop, entre a URSS e o regime nazi de Hitler, com a consequente divisão da Polónia entre a Alemanha e a URSS, que começaram a minar e a fazer ruir a ideia de uma sociedade comunista sem máculas, respeitadora dos direitos do homem e do tão apregoado "homem novo". A nível económico, se bem que a URSS se tenha transformado numa potência económica a ter em conta, não é possível deixar de ter em consideração que a sua queda, na década de noventa do século passado, teve muito a ver com a frágil condição em que vivia a sua população, nomeadamente a carência crónica, durante anos e anos, de bens elementares para a sobrevivência de grande parte do seu povo, sendo necessário fazer filas e mais filas para a obtenção de, por exemplo, entre outros... carne ou manteiga.

 

Como é possível, como disse Mikhail Gorbatchov, que um país que domina a tecnologia espacial demore 15 anos a montar uma fábrica, quando na Coreia do Sul essa mesma fábrica é construída num ano? E foi por estas e por outras que... bye bye comunismo!...

Merecida homenagem a dois Santos

Nasci numa família muito religiosa, católica, apostólica e romana, e desde tenra idade e até hoje que nunca me desliguei, apesar do meu afastamento da militância religiosa propriamente dita, de um certo pensamento e agir diário tendo em conta os muitos ensinamentos e princípios da acção católica que me foram transmitidos. Como pecador e simples ser humano que sou, acho que nunca procurei negar as minhas culpas, quando as tenho, e sempre tentei aceitar, não sem também contrariar, toda a dimensão de um viver diário carregado de naturais dificuldades, enganos, sonhos, aspirações, desejos, vitórias, ilusões, decepções, frustações, mas sempre, sempre com a esperança que o dia de amanhã será diferente, talvez melhor, que sempre haverá possibilidade de nos tornarmos pessoas boas, justas, simples, humildes, isentos de inveja e ódio em relação aos outros, por mais sórdidos que esses outros sejam.

 

Esta minha dimensão como homem foi-me transmitida pelos meus pais. Com a sua incomensurável sabedoria terrena, dedicação, bondade e simplicidade, sempre tiveram tempo para trabalhar arduamente, tratar dos seus seis filhos, de uma mão cheia de netos e outros que nem netos eram, a todos ajudando como podiam, sempre com boa cara, com boa disposição, sabendo-se lá contudo como estariam por dentro, sabendo-se lá por que dificuldades materiais e monetárias estariam a passar. E, com este empenhamento e trabalheira toda, ainda tinham tempo para rezar, para pedir a Deus que protegesse a sua familia e todas as pessoas que no mundo estivessem em dificuldades e sofrimento. E faziam isto todos os dias antes de se deitarem, religiosamente, com o terço na mão, nunca se esquecendo, quer chovesse ou fizesse sol, de frequentarem a Missa todos os domingos e dias santos para revigorarem as suas preces.

 

Mas meu pai e minha mãe não tinham somente princípios morais e religiosos que, apesar do meu distanciamento da militância católica, sempre me cativaram. Eles tinham igualmente princípios sociais e éticos que deixaram em mim marcas indeléveis que procuro hoje transmitir orgulhosamente aos meus filhos, e que eles seguem. O princípio da honestidade a toda a prova foi o que me deixou mais marcas. Meus pais nunca foram ricos, antes pelo contrário, mas sempre foram respeitados por aqueles que com eles acordaram e trataram por sempre terem cumprido escrupulosamente com os seus compromissos. No local onde quase sempre moraram um conhecido e respeitado comerciante de mercearia chegou até a dizer dos meus pais, à boca cheia, para quem o quizesse ouvir, que "confiava mais depressa um milhão de contos nas mãos deles que um simples escudo nas mãos de muitos ricos". Mas, além deste, outros importantes princípios me foram por eles transmitidos, como o da importância do trabalho, da pontualidade, da entreajuda, da amizade, da bondade, da misericórdia, da compaixão, da renúncia ao ódio e à inveja sobre todas as formas, do amor ilimitado aos mais próximos e necessitados.

 

Por tudo isto de bom que me transmitiram e ensinaram, meu querido Pai e minha querida Mãe, muito obrigado e...

 

 

                                                                                                                   DESCANSEM EM PAZ!...

 

 

Dicionário de Política para Tótós - de A a Z

CAMALEÃO - Como todos sabem, o camaleão é um animalsinho muito esperto da família dos lagartos, com uma habilidade enorme para mudar de cor quando lhe convém, a fim de passar despercebido ou abocanhar algum petisco que lhe passe à frente. Em Portugal a actividade do camaleão é bastante relevante, sendo uma figura bastante notada pelas suas manobras de encobrimento, disfarce ou aproximação. Assim, quem não conhece na rua ao lado da sua um freguês ou uma "madame" que antes do 25 de Abril nem era carne nem era peixe, nem de direita nem de esquerda, nem a favor nem contra o Marcelo, nem pelos comunistas nem pelos socialistas, nem bebia branco nem bebia tinto? Alguns, tão habilidosos que eram na camuflagem, passavam até por revolucionários quando na verdade outra coisa não eram que fingidos "bufos" da PIDE nas horas vagas, somente para abocanhar uns trocos.

 

Logo após o 25 de Abril o terreno espraiou-se e tornou-se demasiado fértil para todo o tipo de bicharada camaleónica. Logo o ex-"bufo" da PIDE tratou de comprar o cravo vermelho para o colocar, frondoso, na lapela. E era vê-lo no Terreiro do Paço, em Lisboa, ou na Avenida da Liberdade, no Porto, a gritar com toda a força pela Revolução... contra o perigoso fascismo. E depois vieram aqueles "lagartos" multiculor que no início se diziam independentes ou do MDP-CDE, mas logo, após o 11 de Março de 75, já eram do PCP. Logo a seguir, com o 25 de Novembro de 75, trataram de passar de imediato, muito bem disfarçadinhos e camuflados, para o PS ou PSD. 

 

A família dos lagartos Chamaeleonidae, com origem há mais de 100 milhões de anos, detentora de capacidade para mudar de cor conforme a conveniência, de lingua rápida, olhos atentos, que se movem independentemente um do outro, como se vê notoriamente capazes de se adequarem ao meio ambiente que os rodeia sem qualquer tipo de dificuldade, passam por nós todos os dias mas quase que nem damos por eles, habituados que estamos ao evidente e ao óbvio, esquecendo o velho ditado popular que diz que "nem tudo que reluz é ouro". É que, por detrás das aparências de um mais ferrenho e notório PSD pode bem estar um ex-PS, ou um ex-PRD, ou então um ex-PCP, ou ainda um ex-MDP, ou até, quem sabe, um ex-MRPP, apresentando-se agora como secretário de estado ou, mais extraordinariamente ainda... como presidente da Comissão Europeia.

 

No meu tempo de caloiro as PRAXES eram mais giras!...

No meu tempo de "caloiro" as praxes eram mais giras porque começavam logo aí por volta dos dez, onze, doze anos. No meu caso começaram tinha eu ainda nove anos e meio, altura em que fui "praxado" de uma forma que me marcou para a vida toda. Tinha eu então acabado de fazer o quarto ano, na altura chamado de quarta classe. Como lá em casa não havia "chêta" que chegasse para encher a panela para caldear os pratos de nove pessoas, entendi por bem pedir aos meus pais autorização para ser "praxado", que naquela altura significava ir... trabalhar. Trabalhar, pois claro!... Não sabem o que significa ir trabalhar com nove anos e meio? Eu sei. Os meus pais ainda me perguntaram se não queria continuar a estudar, e eu disse que sim, mas mais tarde, à noite, como trabalhador estudante.

 

Mal comecei a ser "praxado" lá na empresa, chegava todos os dias a casa extremamente cansado, com o cabedal todo partido e as mãos doridas das farpas de madeira que entravam por lá cima. Para ajudar à "integração" de todos os "praxados", estavam instuidas normas de conduta imperativas para toda a gente, tais como: levantar-me todos os dias da semana, sábados incluídos, às sete horas da manhã para estar à porta da empresa, pronto para dar inicio à "praxe", aí por volta das oito; ser "praxado" todos os dias da semana, sábados incluídos, das oito da manhã ao meio dia, ininterruptamente, com pesos na ordem dos dez a vinte quilos; todos os dias, após o almoço de uma hora, continuar com a mesma dose de "praxe" até às dezoito horas. Mas o mais extraordinário é que as "praxes" então decorriam pelo ano inteiro, de Janeiro a Dezembro, sem espaço para férias, já que naqueles meus tempos felizes exigir férias no tempo da "praxe" era motivo para ser expulso da empresa... e por justa causa.

 

Muito me admiro eu agora por a malta actual exigir isto e mais aquilo para ter a sua "praxe", por andarem às brutas lambadas uns com os outros, a comer cócó do "Dux" lá do sítio e a beber xixi da namorada do "Veteranorum". No meu tempo, acho eu, era tudo muito mais giro... bastava ter um pai e uma mãe com eles lá no sítio e uma vontade e sentido de obrigação enorme de contribuir para a panela da sopa, já que pilim que chegasse não havia.

 

 

 

Dicionário de Política para Tótós - de A a Z

CAPITALISMO - Esqueçam o Adam Smith, o John Locke, o Proudhon e o Karl Marx. Esqueçam essa trêta da economia de mercado, dos meios de produção, da propriedade privada, da célebre lei da oferta e da procura, das diversas teorias sobre a mais-valia e do sacrossanto... "lucro" capitalista. Para quem quizer encher a cabeça de teorias clássicas sobre o funcionamento do capitalismo este não é o melhor lugar. Quem o quizer fazer, o melhor então é ler "O Capital" ou então, olhem, vão à Wikipédia, pois está lá quase tudo. Ao falarmos de capitalismo, do capitalismo português, a música é outra. Os grandes magnatas do capitalismo em Portugal cedo inventaram uma lógica e uma mina que nem o finório do Marx foi capaz de antecipar na sua amplitude... a exploração da grandiosa e sumarenta têta do Estado. Eles são os Mellos, os Champalimaud, os Espírito Santo e outros mais, mas não só. As grandes famílias capitalistas em Portugal sempre tiveram no Estado o suporte para o burilar continuado das suas copiosas fortunas.

 

Mas não são só as grandes famílias, também alguns novos actores saídos do pós 25 de Abril encontraram no Estado e seus apêndices novas formas de "acumulação primitiva de capital". Inscrevem-se nos laboriosos partidos da área do poder (PSD, CDS e PS), concorrem a deputados, ministros e secretários-de-estado, depois saltam para os Bancos e empresas do Estado e saem de lá, depois de seis meses de trabalho árduo a mandar labercas e bitaites, como administradores não executivos, com reformas de milhares de euros, a "acumular" a outras já entretanto sacadas. Ou então, como nos casos BPN, BPP, BES, desaparecem milhões de euros de um momento para o outro e os culpados escaparam para as Caraíbas ou para Cabo Verde, aqui já fazendo turismo como hoteleiros-capitalistas de pleno direito. Quando se portam bem e os partidos da "área do poder" precisam que se calem e não façam ondas, também dá para arranjar umas "acumulaçõesinhas" de 40.000 euros/mês na EDP ou noutras do género. 

 

Mas contudo, e à falta de melhor, uma tarimbadela como presidente de uma boa Câmara Municipal também poderá muito bem dar para o grande "salto em frente" e deixar em andamento, ao fim dos malditos três mandatos, uma boa "acumulação primitiva" com depósitos na Suíssa ou em bens imobiliários em nome dos sobrinhos... bagatelas que de todo em todo garantirão um bom e descontraído final de vida para quem tanto garimpou no lodaçal da política do bi-partidarismo português.

 

Como veem, não é necessário ir à Sorbonne, Oxford, Cambridge ou Harvard queimar as pestanas e ficar empenhado a vida inteira para tirar a "fotografia" ao xico-espertismo do capitalismo português.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Os arranjinhos do Senhor Doutor

Adoro conversar com pessoas dos mais variados estratos sociais, das mais variadas profissões e dos mais variados lugares. Com todas aprendo e de todas procuro tirar o conceito do que será afinal, verdadeiramente, isso do povo português. Um dos temas que mais adoro é o do "Senhor Doutor" ou do "Senhor Engenheiro", a forma estranha e submissa com que ainda hoje a grande maioria das pessoas tão facilmente verga a espinha perante um tipo bem falante e vestidinho de fato e gravata e, sem o conhecer de lado algum, o adula e idolatra, por vezes vergonhosamente. Conhecedores desta nossa admiração por Doutores, Engenheiros, palavras doces e fatinhos, não é à toa que todos os dias os amigos do alheio dão golpes atrás de golpes nos pobres incautos adoradores de brilhos e insígnias. E não são só os de baixo ou os do interior desértico que caem nas esparrelas e armadilhas do "Senhor Doutor". Até os de cima, já de si naturalmente habituados ao brilho, por vezes caem que nem patinhos nos arranjinhos dos habilidosos diplomados em deslumbramentos alheios.

 

Não é nada fora do comum ver-se um pacóvio citadino proprietário de uma oficinazeca qualquer tratar por doutor ou engenheiro um novo cliente que lhe aparece pela frente... só porque o finório se apresenta bem lustrado e de verbo incisivo e bem colocado. E aqueles casos dos empresários de meia tijela, com o 12º ano por acabar, que dizem aos seus empregados para informarem o cliente que o "Senhor Engenheiro" não está? E ai do empregado que não trate por "Senhor Doutor" o melhor cliente lá do sítio... de repreensão verbal não escapa, isto para não falar já de justa causa de despedimento, hoje em dia muito em voga por tudo e por nada.

 

Isto dos Senhores Doutores e Engenheiros em Portugal é um caso mesmo sério... tanto assim que um conhecido e habilidosíssimo Senhor Doutor teve que se demitir de Ministro porque afinal Doutor não era e um outro Senhor Engenheiro, também Ministro, mas primeiro, teve artes de mandar abrir a Faculdade ao Domingo para sacar a nota para completar o curso. Invejoso, dizem-me vocês. Arranjinhos, digo eu!...

Dicionário de Política para Tótós - de A a Z

BLOCO DE ESQUERDA - Formação política portuguesa contituída por elementos da UDP (marxista), PSR (trotskista), Política XXI (ex-militantes do PCP e do MDP) e outros elementos de pequenas organizações. Inicialmente auto intitulando-se como verdadeira alternativa de esquerda ao PS e ao PCP, depressa se verificou que tudo não passou de pura ilusão, à medida que resultados eleitorais menos bons fecharam portas à ascensão  de mais rapaziada à Assembleia da República e ao Parlamento Europeu. Dançando timidamente entre um PS virado à direita e constantemente ávido de poder e um PCP firme e irredutível na defesa do seu espaço político, duramente conquistado por dezenas de anos de luta antifascista e pós 25 de Abril, o Bloco de Esquerda, sem outro elo de unidade que não seja a sua fidagal aversão ao PCP, depressa se esboroou e se evidenciou ainda mais no que sempre foi e continua hoje a ser... um grande saco de gatos!...

 

Sendo o Bloco de Esquerda, por conseguinte, um partido constituído por grupos, grupinhos e quase-grupos, que nunca deixaram de se comportar como tal, que nunca se entenderam, mesmo depois da sua integração no Bloco, não se entendem hoje nem, pelos vistos, jamais se entenderão, que esperar de tal organização com vista a constituir uma alternativa de esquerda aos sucessivos governos que desmantelaram o país e o lançaram na mais dura austeridade e miséria? Obviamente que não é possível esperar nada de coisa nenhuma e o futuro do Bloco de Esquerda é muito pequenininho... merecendo pouquíssima credibilidade.

 

Um Bloco totalmente desbloqueado, uma Esquerda que mais parede um saco de gatos... só pode mesmo dar uma grande confusão!...

 

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