"Case-study"
Não o podemos negar, a vitória de Marcelo foi estrondosa. Tão estrondosa que não faltaram logo aqueles que viram no fenómeno um verdadeiro "case-study", que é como quem diz, um caso verdadeiramente digno de ser dissecado e estudado nas mais proeminentes catedrais do conhecimento, numa Cambridge ou numa Harvard. Compreende-se esta estupefacção. O homem pegou numas sandes, alugou um taxi e bateu em todas as portas que interiormente achava que devia bater, não se esquecendo até, como acto preparatório, de dar uma saltadinha à Festa do Avante e... zás!... há que calcorrear o país de alto a baixo a lembrar que... cá está o Marcelo, como vos havia prometido!... não precisou, diz ele, do PSD e do CDS para nada, agradecendo até que não lhe aparecessem com o bandeirame e com as setas a estragar o circuito. E lá foi ele, beijinho aqui, trincando pastelinho acolá, sem muita onda... mas, de facto, com uma estrondosa vitória.
Assim como me ri bastante aqui há uns tempos quando li nos jornais que "os cientistas descobriram" que as pessoas divertidas e que se riem com prazer têm fortes probabilidades de viver mais tempo que as restantes, facto saloio para o qual já a minha querida e santa avósinha me tinha alertado era eu ainda miúdo, também o terem agora concluído os "doutores" do costume que a vitória de Marcelo nas presidênciais é um verdadeiro "case-study" não me pode deixar mais em desacordo. É que, como alguma gente sabe, nas Escolas e Universidades há sempre três tipos de alunos: os que não estudam, os que só estudam dois ou três dias antes dos exames e... os que estudam todos os dias quer tenham exames ou não. Os primeiros geralmente abandonam os estudos ou tiram más notas, os segundos ora passam ora não passam e, os terceiros, geralmente passam sempre com boas notas e podem até chegar a... catedráticos. Ora o Marcelo, e quem o ouvia sabe disso perfeitamente, sempre disse que foi um aluno que marrava todos os dias e que sabia a matéria dos exames "sempre na ponta da língua". Está-se mesmo a ver... os outros candidatos presidenciais só estudaram nas vésperas do dia do exame, mas Marcelo não, esperto, já se vinha preparando há muito tempo, tinha a lição muito bem estudada.
Por isso, não me venham cá com essa esquisitice do "case-study". O que aconteceu com Marcelo foi bem mais simples, pois ele, ao contrário dos outros... sabia-a toda!...