Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

russomanias

russomanias

1.º de Maio

Se o 25 de Abril é o dia comemorativo da Revolução em Portugal, o 1.º de Maio foi e continua a ser um dia de luta dos trabalhadores em todo o mundo. É claro que no 1.º de Maio já não se sente tanto aquele ambiente festivaleiro do "25 de Abril sempre, fascismo nunca mais!" ou o para sempre "Viva a Liberdade!", mas antes o bem mais incisivo e durão "A luta continua, o Passos para a rua!" ou então o "Portas escuta, o povo está em luta!" Como o Passos e o Portas, coitados, já deram à sola faz tempos, não estou a ver os manda-chuvas da Intersindical, e muito menos da UGT, a esticarem a corda em relação ao nosso primeiro António Costa e a mandarem umas bocas foleiras ao simpático homem assim sem mais nem para quê. É que, como dizem os calhamaços, a revolução só se faz quando "os de baixo já não querem e os de cima já não podem", não adiantando mesmo de nada, por conseguinte, andar para aí a chatear o homem com extremismos quando toda a gente sabe que "os de baixo" ainda querem continuar a acreditar no lamaçal e "os de cima" aparentemente se encontram bem de saúde e ainda muito mas muito motivados para mais uns bons pares de anos a enloular e a embrulhar o pacóvio.

 

É claro que, à falta de reais motivos para "estrategicamente" chingar no Governo e à perca de tempo que representará, pelo menos para já, tentar abanar convincentemente "os de cima", sempre restará à grande maioria do pessoal aproveitar a ocasião para fazer o verdadeiro "ponto da situação", rever os velhos "camaradas" das horas de luta, verificar se o presidente do Sindicato e a sua mulher, após tantos anos de dedicação verdadeiramente desinteressada, já têm, como alguns dizem, cabelos brancos, verificar se os malvados "esquerdistas" e os sempre certinhos e sisudos "revisionistas" ainda se mantêm por conveniência à distância mas dialecticamente unidos, enfim, sempre se aproveitará para deitar abaixo duas ou três belas "surbias" acompanhadas de meia dúzia de farturas quentinhas e, como sempre, à despedida... "Unidos Venceremos!"

 

 

O 25 de Abril dos "pequeninos"... e o outro

É claro que logo lhes passará pela cabeça aquela imagem de que "olha, lá vem o gajo novamente com mais invencionices estapafúrdias", situação que só poderei dar de barato sabendo, como toda a gente já sabe, que nem sempre o que parece é, e isto já desde que o homem desceu das perigosas árvores e experimentou a fogueirinha acolhedora na entrada das profundas e protectoras cavernas. E a questão vem precisamente do facto de hoje os "pequeninos" comemorarem o dia 25 de Abril em todas as cidades, vilas e recônditas aldeias deste país, nuns lados com mais cerimónia noutros nem tanto, mas com festaróla quanto baste, com desfiles de carros alegóricos, canções do Paulo de Carvalho e do Zeca, tudo muito bem acompanhado com as reconfortantes farturas, algodão doce, pipocas multicolor, pão doce de côco, cavacas de Rezende, cerveja, Coca-Cola, Fanta, enfim, de vez em quando com uns estridentes "Viva a Liberdade!", que por sinal é dos poucos "direitos" que ainda nos restam após todos estes anos e bem distante já do modelo original.

 

Mas ainda há um "outro" 25 de Abril que estará certamente a ser também comemorado, não já nas ruas deste solarengo e pacífico país, mas no reconforto de alguns iates de luxo e hoteis de cinco estrelas, não com música popular salpicada de algazarra, antes com projecções de novos e empolgantes "negócios" da laia do BPN, BES, BPP, BANIF, festanças onde estarão presentes conhecidos e "honestos" banqueiros com a Justiça às costas mas contudo muitíssimo confiantes, alegres, seguros, sorridentes e descontraídos. É claro que muito naturalmente por lá também certamente andarão conhecidos autarcas e ex-políticos suspeitos de vários crimes de corrupção activa para titulares de cargos políticos, corrupção passiva para acto ilícito, branqueamento de capitais, fraude fiscal e outros de idêntico quilate. Supostamente aqui não entrarão já as cavacas de Rezende e a Fanta, antes o caviar e o champanhe Veuve Clicquot, vitualhas a que os "pequeninos" não estão predestinados a atribuir o devido valor.

 

Bem sei que após esta ligeiríssima apreciação de imediato irei ser acusado de enxovalhar e denegrir os sacrossantos, imutáveis e sagrados princípios do materialismo dialético e materialismo histórico na apreciação e análise de um importantíssimo acontecimento nacional e revolucionário, mas a isso só poderei honestamente responder com a conhecida e bela sentença do mais emblemático banqueiro nortenho, tenho muita pena... "aguentem!"...

 

 

Um homem de sucesso

Alexandre era um verdadeiro homem de sucesso, daquele sucesso que logo dava nas vistas, que se queria verdadeiramente mostrar, que fazia questão que todos, mas todos, soubessem que tinha com a vida uma relação de constante satisfação e de verdadeiro poder. Alexandre era, de facto, um homem extraordinário. Não havia empresa sua que não singrasse em toda a linha e não apresentasse números verdadeiramente reveladores de um conhecimento de gestão surpreendente. As suas capacidades iam, contudo, muito mas muito mais além das de um qualquer simples administrador do deve e haver que fazem o monótono dia-a-dia de qualquer empresa. Ele era, igualmente, um extraordinário manobrador de homens e mulheres e a sua arte, a sua verdadeira arte, estaria certamente em fazer com que todos eles trabalhassem abnegadamente para o avolumar cada vez mais do seu já vasto império. Se os inúmeros investimentos a fundo perdido a que sempre candidatara as suas empresas estivessem algo demorados ou tremidos, um simples telefonema e um posterior "agradecimento" monetário à pessoa certa do partido no poder poriam de imediato fim à demora. O mesmo se diga em tudo que respeitasse a inesperados imbróglios com a Segurança Social ou o Fisco, problemas de somenos importância para Alexandre pois que, para isso, muito investira já, com quem de direito, em solenes reuniões de compasso e avental com o fim de protelar as dívidas até à sua prescrição total.

 

Mas este breve e pequeníssimo retrato de Alexandre ficaria incompleto se não relevassemos igualmente aquí as suas mais que numerosas dádivas e contribuições para com os mais necessitados da sociedade, nomeadamente para com todos aqueles que se afundaram com a crise e tiveram que se socorrer na quase sempre reconfortante "sopa dos pobres" por si várias vezes financiada, muito solenemente aliás, convem sempre dizê-lo. É claro que terem descoberto inesperadamente agora que fez transferir, durante anos, para várias contas "offshore" no Panamá, vários milhões de euros que subrepticiamente subtraiu às suas várias empresas e ao Fisco, em nada o faz desmerecer na sua reconhecida versatilidade de homem capaz, bom e de... sucesso!...

 

 

"Star Wars" e a... Guerra dos Sexos

Todo o bom partido que honestamente se preze estabelece as suas causas e as suas "guerras" mobilizadoras de antigas e novas hostes. Logo a seguir ao distante 25 de Abril tinhamos o partido do centro-direita (CDS), da social-democracia (PPD/PSD), do socialismo (PS), do comunismo (PCP), do trotskismo (POUS) e do maoismo (UDP). Todos eles tinham os seus heróis e o seu "leitmotiv", a sua causa dinamizadora, que passavam pela sociedade democrata-cristã, melhor dita conservadora, liberal em maior ou menor intensidade, a mítica sociedade comunista ou maoista, com mais ou menos ditadura, e por aí fóra. Os tempos entretanto mudaram e hoje estamos igualmente perante uma mescla de partidos, alguns ainda dos velhos tempos, em que as esperanças que nos restam são as de... uma sociedade capitalista melhorada. Claro que lá nos aparece de vez em quando uma ou outra novidadesita, como aquela do simpático partido dos cãesinhos, dos gatinhos e das tartarugas, o célebre... PAN.

 

Ultimamente, contudo, perante um cada vez mais preocupante vazio e falta de mais altas e sempre mais valorosas "bandeiras" orientadoras de novos amanhãs libertadores, tornou-se clara para alguns a necessidade de novos e mais profundos "brainstormings", novas e mais poderosas tempestades de ideias libertadoras que possam garantir, com urgência, a geração de mais potentes energias para cimentar tudo o que já se conquistou até hoje e o alargamento da base futura. O odiado capitalismo predominante é por todos gozozo mas filosoficamente não mobiliza; o seco socialismo já vem esparramado na Constituição há 40 anos e deu no que todos sabem; o comunismo, por seu lado, descambou no enigmático "homem novo" estilo Abramovitch dos milhões do ouro negro, logo pouco mobilizador; o maoismo, contra todas as previsões, deu na segunda maior potência capitalista, que tem como supremo e último gozo a compra de países caídos na desgraça, como Portugal. Mas o mundo é composto de mudança e, no nosso caso, logo a esperta "star" do novíssimo Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, deu de caras com uma nova e bela "palavra de ordem", mobilizadora de multidões... "não ao Cartão do Cidadão!"... a "palavra 'cidadão' é do sexo masculino!"... "onde entram aqui as mulheres?"...

 

"Cidadãos e cidadonas deste país, a hora é de luta!"... ou serão cidadãs?...

 

 

Estudar para quê?...

Segundo um estudo do EDULOG, centro de pesquisa na área da Educação da Fundação Belmiro de Azevedo, só 28% dos portugueses pensa em voltar de novo a estudar, o nível de educação do nosso país é baixo e a vontade de melhorar é muito pouca. Isto significa o quê? Significa que, 42 anós após o derrube da ditadura fascista em Portugal, o nosso país continua ainda em rota de colisão com um dos principais factores de desenvolvimento de qualquer país que se queira livre e democrático... a Educação. Poderemos contudo argumentar que tem aumentado o número de alunos nas nossas Escolas e Universidades e que no país nunca se viu um tão elevado número de licenciados como tem agora. Poderá tal facto até ser verdade, mas também é verdade que são aos milhares aqueles que desistem de estudar e não concluem sequer a escolaridade obrigatória, quer seja por motivos de dificuldades económicas das respectivas famílias, quer seja por o elevado número de jovens licenciados no desemprego funcionar como um factor desmotivador no que respeita à continuação dos estudos.

 

Mas para este estado de coisas há que referir obrigatoriamente a criminosa política educacional da anterior coligação PSD/CDS no anterior governo, política que se traduziu no encerramento de inúmeras Escolas no interior do país, no aumento substancial de alunos por turma e a consequente diminuição da qualidade das aulas, no desenvestimento no ensino público, nomeadamente nas Universidades, e no lastimoso ponto final às Novas Oportunidades sem qualquer espécie de alternativa para os adultos que pretendam regressar de novo à Escola. Quando o Estado entregou já de mão beijada milhares de milhões de euros para "salvar" os coitados dos Bancos e se prepara para entregar ainda muitíssimos mais, de que está o presente Governo à espera para avançar com um programa urgente de requalificação continuada da população ainda activa... chamem-lhe Novas Oportunidades ou o que quizerem?...

 

 

Panamá trêtas

Foi por estes dias amplamente denunciado que por esse mundo fóra, incluindo Portugal, inúmeros felizardos chico-espertos colocaram o seu rico dinheirinho a salvo de olhares suspeitos em "offshores" gizadas, legalizadas e orientadas através de um escritório de advogados sedeado no Panamá. Os telejornais abriram com a grande notícia a toda a altura, já que os prevaricadores eram aos milhares e só de Portugal mais de duas centenas. Claro que tanto aqui como por esse mundo fóra saber o tamanho do escândalo ou as centúrias de riquinhos transfugas não era coisa necessária, o que era urgente mesmo era saber os nomes completos dos melrinhos que se encontravam na lista surripiada no país do longo canal que separa as duas Américas. O "suspense" era tremendo, havia gente muito gráuda, dizia-se, antigos e actuais ministros até, gente do espectáculo, do futebol, grandes empresários. Vai daí, o sempre criativo pessoal começou logo a imaginar que começariam desde logo a despejar nomes tipo Bill Gates, Obama, Rockefeller, Clinton, Buffett, Soros, mas nada disso. No primeiro dia dos barulhentos anúncios televisivos os únicos nomes que conseguiram sacar daquela lista de milhares foi o de... Putin, do primeiro ministro da recôndita Islândia e os de uns quantos chineses de quem nunca se ouviu falar. Americanos não havia... tudo gente séria e pagadora impoluta dos seus impostos.

 

É claro que muitos daqueles que são obrigados a pagar escrupulosamente os seus impostos, e sem chêta para contratar "especialistas" para montar "offshores", começaram por vir para a rua e a carpir nas redes sociais, às centenas de milhares, contra os governantes que fomentam os sistemas de fuga ao Fisco, por um lado e, por outro, criam diariamente leis que obrigam as classes médias, e as restantes abaixo, a um cada vez maior esforço contributivo. É claro que a partir daqui lá se confirmou então que o primeiro-ministro da Islândia sempre estava entalado, o primeiro.ministro da Inglaterra vai, embora muito lentamente, pelo mesmo caminho, e dos portugueses já denunciados todos negaram que o objectivo era fugir ao Fisco, tudo pessoas honestas e cumpridoras das suas obrigações, coitados, que colocaram o seu rico dinheirinho lá fóra pela única e simples razão de que... não era ilegal!...

 

Daqui, fica-se com a suspeitosa sensação de que o "Panamá Papers" se destinou não mais que a ofuscar a saída airosa de Putin da embrulhada que americanos e europeus montaram na Síria, o resto não passando de trêtas de que já toda a gente sabia. Ou não será verdade que não é novidade para ninguém que neste país, como em vários outros, com o Fisco e a Justiça só os de baixo é que têm obrigações?...

 

 

Futebol à Porto e as gargalhadas de Vitor Pereira

Por estes dias anda por aí muita gente triste e desanimada e com a auto-estima completamente em baixo pelo facto de o Futebol Clube do Porto já ter vergonhosamente arrumado de vez as chuteiras e ter antecipadamente dito xausinho ao glorioso campeonato. Claro que se me perguntarem se fico satisfeito com isso digo logo redondamente que não, se bem que cá dentro, bem no meu íntimo, exista uma vozinha teimosa que me diz repetidamente... "bem feito"!... e, de quando em vez, lá me lembra ela que o último campeonato ganho pelo FCP foi nos tempos idos do Vitor Pereira, aquele rapazito lá dos lados de Espinho que na época de 2011/2012 foi atirado às feras e, atónita e inesperadamente, desafiado para segurar e comandar os azuis e eis que, olha, aos empurrões e às caneladas, ganhou mesmo o campeonato. É claro que o franganote, arraçado de vareiro e com o curso de Educação Física tirado com muito esforço, sacrifício e muitas correrias debaixo de chuva, não tinha, aos olhos da velha "nobreza" nortenha, aqueles tiques de classe bem falante que deve caracterizar os Mourinhos e os Vilas Boas quando acossados pelos jornalistas. Desde logo então se percebeu, pelos ditos dos chefões das claques, que aquilo não tinha jeito de gente para um FCP de gabarito mundial e o melhor seria o despachá-lo o quanto antes.

 

É claro que o Vitor Pereira até poderia ser tudo aquilo e mais alguma coisa, mas também era um treinador à Porto, com garra, com alma, daqueles que puxam dos galões nos treinos e no campo e transmitem a seriedade e a confiança que transformam os inesperados infortúnios em vitórias e os campeonatos putativamente perdidos em campeonatos ganhos, como foi o caso do de 2012/2013, que também ganhou, e em que o Benfica até já tinha a festa encomendada. Enfim, o puto Vitor Pereira foi naqueles dias, e continua a ser ainda hoje, um treinador predominantemente vencedor. Porque razão saiu então do FCP, porque razão não seguraram firme no destemido e hábil "rapazote" e lhe deram a oportunidade, mais que justa pelos bons resultados apresentados, de continuar, no clube que tão bem defendera, a cimentar e a desenvolver a sua veia ganhadora? Porque não sabia supostamente "falar", porque não tinha "classe" para o cargo, porque era originário de um meio "pobre" e esse estigma ainda lhe assomava por vezes na face? Em suma, diga-se claramente... descartaram um vencedor por preconceitos de classe.

 

Pois agora eu pergunto: que fez de bom o Futebol Clube do Porto após ter descartado o rapazote?... nada!... presentemente até parece que já sinto as sonoras gargalhadas do "mister" Vitor Pereira... ah!... ah!... ah!.. "mas que fantástico futebol à Porto, senhor presidente"!...

 

 

A ditadura do mal amado

Foi uma coisa digna de se ver aquele congresso do PSD, com toda aquela gente esfuziante e bem disposta, mortinha por ir urgentemente para casa tratar dos tarecos e dos bichanos, que pelos vistos a tal de geringonça funciona mesmo e está aí para dar e durar. A festa esteve tão animada que a dada altura, no falatório terminal do "grande líder", uma delegada não esteve com meias medidas e passou mesmo pelas brasas, naquela que foi certamente a reação mais reveladora do que vai ser a gestão política de "oposição e sem pressa" de Passos Coelho. Uma coisa é certa: jamais se poderá negar o vigor e a determinação com que o homem foi eleito, na ordem dos 95% dos votos, façanha tão somente possível nos tempos idos da "ditadura" na falecida União Soviética, o que dá bem para perceber o que vai na cabecinha dos "barões" e "lordes" do partido que alimentam e lubrificam toda aquela máquina, que numa altura em que a caranguejóla não tem "empregos" nem "tachos" que cheguem para oferecer aos ávidos aspirantes a "especialistas", "secretários" e "ministros", tratam de empurrar para a frente da hidra o "mal amado" que não conseguiu prolongar a festança... mas somente até ao dia em que o camarada Costa se estatelar com os dentes no assoalhado.

 

Mas que gente calculista e cínica, dirão vocês. Nada disso, essas facetas não existem no PSD, o que existe é gente boa e honesta que não se esquece de aparecer sempre que os "amigos"entalados precisam, como foi o caso do companheiro Santana Lopes, esse singular mestre da teatralidade e do verbo que não podia deixar de vir agradecer ao seu "grande líder" toda a confiança que nele depositou para controlar e distribuir toda aquela fartura de milhões que andam espalhados pelos quatro cantos e esquinas da "Santa Casa". É com grandes homens como este que se tempera um partido e se ajuda a eleger um líder... pelo menos até a borrasca passar e um outro, ainda não manchado pelos "esquecimentos", se resolver a navegar por esse Rio acima.

 

 

O país do nunca

Reconhece-mo-nos quase todos como um suavíssimo país de eleitos, de desenrascados, de chico-espertos. Sempre que surge a borrasca não nos embrenhamos, fugimos dela, não a enfrentamos. O país precisa de todos nós para concretizar a mudança, mas não a desafiamos... emigramos. Parecemos enguias fugindo entre mãos, não temos paciência nem pachorra para investir no presente para colher amanhã... no futuro. Há dias ficamos a saber que um português franganote decidiu meter numa carrinha de seis lugares nada menos que doze pessoas e tentou atravessar com elas parte da Suíssa, toda a França, a totalidade da Espanha e meio Portugal. Não tinha sequer idade para conduzir transportes públicos, a carrinha que dirigia vinha com o dobro da lotação e ainda um reboque a baralhar a marcha, conduzia de noite para fugir ao controle da polícia, ultrapassava tudo e todos para chegar à terrinha o quanto antes, parar para descansar já era e nem convinha, pois antes da Páscoa ainda havia muitos quilómetros para fazer e muitos "tugas" para transportar ao molho sem contabilizar no IRC. O final da história já todos sabemos... um aparatoso acidente e doze mortos.

 

Mas falemos também dos nossos heróis pedaleiros, aqueles milhares de homens, mulheres e crianças que se levantam todos os sábados e domingos de manhã e abafam as nossas estradas com as suas "bikes" em arriscadas manobras à "Speedy Gonzalez". Sobem e descem, pela direita e pela esquerda, tudo quanto é estrada e passeios destinados aos transeuntes. Pelo caminho sacodem por vezes os seus "inimigos" peões com as bocas do costume... "sai da frente ò merdas"!... e à noite alguns deles bitaitam no Facebook... "ninguém respeita os ciclistas"!... 

 

Por falar em ciclistas, já alguém viu um ciclista "tuga" perante um sinal vermelho ou um "stop" parar imediatamente a "bike"?... vocês não sei, mas eu... nunca!...