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russomanias

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As nossas queridas elites

Sempre gostei de ler biografias, tanto de pessoas simples como das ditas importantes. Tenho uma forte impressão, ao ler essas biografias, que o que sei ou penso sobre os biografados pode a qualquer momento ser profundamente alterado por um pequeno pormenor que desconhecia antes, por uma pequena inconfidência que seja que me fará mudar radicalmente de opinião sobre a pessoa em causa, para o bem ou... para o mal. Uma grande figura poderá deixar de ser tão grande assim para mim por um pormenor a que outros não darão assim tanta importância, mas uma outra figura sem algum relevo em especial poderá cair na minha mais alta consideração por uma simples atitude que tomou na vida e que eu de todo desconhecia. Como alguns costumam dizer... o permenor é tudo!...

 

Vem esta introdução a propósito de uma passagem de uma entrevista que li há dias, dada pelo cantor Carlos do Carmo, numa passagem em que o mesmo se referia às elites em Portugal. Contou então Carlos do Carmo que um dia foi dar um espectáculo à Holanda, espectáculo que foi patrocinado por um Banco holandês. Uns dias pós o espectáculo, e estando Carlos do Carmo ainda nesse país, o organizador da iniciativa contactou o artista e comunicou-lhe que os donos do Banco, um casal, gostariam de o cumprimentar. Combinaram então um encontro num jardim da cidade e, no dia e hora combinados, lá foram então Carlos do Carmo e o organizador do espectáculo cumprimentar os banqueiros. Aconteceu então o inesperado: a pedalar numa bicicleta pelo jardim fora, dirigiu-se a eles um casal que foi apresentado pelo organizador do espectáculo a Carlos do Carmo como sendo os banqueiros que lhe patrocinaram o espectáculo na Holanda. Carlos do Carmo, naturalmente, pensando no seu empertigado e elitista Portugal, ficou de boca completamente aberta mas, entretanto, e a custo, lá teve que se recompor. E não era para menos... o riquíssimo casal de banqueiros holandês, em Portugal, seria visto e tratado pelas nossas "elites" como simples e miseráveis pés-rapados do mais baixo nível. Pois se Francisco Assis, do Partido Socialista, achava repugnante que o mais paupérrimo deputado do seu partido se deslocasse de Renault Clio, imaginem agora de... bicicleta!...