Dicionário de Política para Tótós - de A a Z
LIBERDADE - A não ser que alguma vez tenhamos já sido privados de alguma das formas em que se manifesta o nosso direito à liberdade, é declaradamente difícil falar hoje do que a mesma efectivamente representa, já que para as jovens gerações actuais as palavras ditadura, fascismo, censura, perseguição política, presos políticos, assassinatos políticos, vigilância política e outras aberrações habituais das sociedades concentracionárias estão hoje fora do cardápio da informação diária dos principais orgãos televisivos e jornalísticos generalistas, salvo raras e muito específicas excepções, como seja o caso das comemorações do 25 de Abril e 1º de Maio. Também não é de admirar, sabendo como hoje se sabe que algumas das eminências pardas do mais retrógrado reaccionarismo se passeiam, em perfeita e comprazada liberdade, pelos palácios ministeriais da lusa república democrática e pluralista.
Mas embora a palavra "liberdade" em Portugal não tenha já hoje as conotações que teve durante os quarenta anos do reinado de terror salazarento e pidesco, em que havia total "liberdade de expressão" para os de cima e obrigatoriedade de sujeição total à opressão para os de baixo, não nos é possível deixar de reparar, embora descontraidamente, nas "liberdades" que hoje temos de continuarmos a ser um país verdadeiramente livre e democrático ou então de nos sujeitarmos aos arrufos, imposições e más disposições da germânica Sr.ª Merkel, de podermos crescer, estudar e trabalhar no nosso próprio país ou então, para não morrermos à fome, de termos que emigrar o quanto mais depressinha possível, de usufruirmos de um verdadeiro Serviço Nacional de Saúde ou então de vermos morrer os nossos pais e avós insensivelmente abandonados nos serviços de urgência dos nossos hospitais. Claro que hoje podemos usufruir largamente, graças a Deus, de todas estas "liberdades" que nos foram concedidas, assim como podemos dispor da portentosa "liberdade" de viver num país em que 0,1% da população possui mais riqueza que os restantes 99,9%, em que o dono de um Banco ligado aos partidos do chamado "arco do poder" fez desaparecer 5.000 milhões de euros sem se saber para onde e anda por aí todo feliz e numa boa rodeado de magotes de seguranças, enquanto que um casal que devia 5 centimos às Finanças viu o seu ordenado penhorado... e sem direito a respingar!...
Gritemos todos juntos, queridos cidadãos deste democrático e solidário país... Viva, por muitos anos Viva, a preciosa e equitativa Liberdade!...