Dicionário de Política para Tótós - de A a Z
BARÍTONO - Barítono é um cantor masculino de voz intermédia, geralmente situado entre um baixo e um tenor. É uma voz mais grave e melodiosa que a dos tenores, sem possuir contudo a mesma agilidade. São sobejamente conhecidas situações de pintores, pianistas, seminaristas ou outros "artistas" falhados que no decorrer da história se meteram na política como forma de compensar a sua desilusão artistica, e nós em Portugal também tivemos e temos os nossos artistas falhados tentando de novo a sua sorte nos meandros do poder. Desta vez saiu-nos um ex-barítono como primeiro ministro, pelo que aqui, como nos outros casos, a factura a pagar pela maioria da população tem sido bem pesada.
No início, antes de chegarem ao poder, quando estão na oposição, os barítonos apresentam-se com uma voz bem melodiosa, afetuosa, terna, doce, macia, meiga, tentando convencer-nos, na Assembleia da República e na TV, de que, eles sim, não são como os outros, mas bem diferentes, pois não estão nem nunca estarão de acordo com a austeridade, nunca aumentarão os impostos, nunca tocarão nos rendimentos dos reformados e pensionistas, nunca despedirão funcionários públicos, nunca atacarão o Serviço Nacional de Saúde para beneficiar os hospitais privados, que são pessoas com ética, cumpridoras das suas obrigações fiscais e acima de qualquer suspeita.
Mas, chegados ao poder, que cantilena nos tangem os ditos barítonos? Austeridade a toda a força, aumento brutal de impostos, ataque assustador aos rendimentos dos reformados e pensionistas, funcionários públicos empurrados pela porta fora, redução contínua do Serviço Nacional de Saúde, com fecho continuado de serviços hospitalares, despedimento de milhares de enfermeiros, encerramento de postos médicos e Tribunais. Quanto à ética de um barítono, pelo que se referiu acima, é melhor nem falar, o mesmo se dizendo quanto ao cumprimento das suas obrigações fiscais, como qualquer cidadão comum. Transformar manifestos salários de cinco mil euros mensais em "despesas de representação" para enganar o Fisco é manobra digna de alguém que não merece ser chamado de cidadão... muito menos de primeiro ministro de um país a ferro e fogo com a austeridade e debaixo de uma feroz ditadura fiscal.
Por isso, meus caros concidadãos, muito cuidado, muito cuidado mesmo com algumas vozinhas melodiosas, afetuosas, ternas, doces, macias e meigas de alguns barítonos que pululam em redor do cadeirão do poder, é que, não lhes dar ouvidos é sempre a melhor solução e um meio seguro para ocasionar... a morte política do habilidoso "artista".
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