Dicionário de Política para Tótós - de A a Z
AUSTERIDADE - Austeridade, em teoria económica, tem o significado de controle rigoroso dos gastos com vista à diminuição do déficit público. A austeridade que vem sendo implementada em Portugal tem muitas outras nuances, nomeadamente, e desde logo, por nos ter sido imposta pela troika, composta pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional. Sendo negociada pelo PS, PSD e CDS e imposta aos portugueses como virada para cortar as ditas "gorduras do Estado", mais não tem sido até hoje do que um escandaloso e desumano assalto aos direitos dos reformados, pensionistas, funcionários públicos e, de uma forma geral, dos cidadãos mais desprotegidos da sociedade. A austeridade tem representado em Portugal golpes mortais e avassaladores no Serviço Nacional de Saúde, nos Hospitais, nos Tribunais, na criação de emprego, com centenas de milhares de desempregados, nomeadamente com milhares de jovens a enveredarem pelo caminho da emigração, repetindo o caminho dos seus pais e avós dos anos 60 do século passado. Em simultâneo, o aparelho de estado onde se acoitam os milhares de membros dos partidos do chamado "arco da governação" (PS, PSD, CDS) permaneceu intocado, com milhares deles a invadirem autarquias e secretarias de estado, com ministros e deputados a chegarem de "lambretta" e a terminarem com brutos Mercedes (Pedro Mota Soares), já que andar de Clio feriria a sua dignidade (Francisco Assis). A austeridade tem tocado largas camadas da população portuguesa, deixando um rasto de fome encoberta, miséria, abandono escolar, emigração, famílias desfeitas, devolução de habitações aos bancos, contas de energia e água por pagar, suicídios, marcas profundas que permanecerão por dezenas de anos. Mas a austeridade não tocou nos grandes interesses, nas chamadas parcerias público privadas (PPP's) com as grandes empresas e grupos económicos, nos grandes grupos financeiros, sendo estes até beneficiados com ajudas vultuosas de centenas de milhões de euros (BCP, BPI, CGD, BANIF). A austeridade em Portugal tornou o pais como um todo mais pobre, aumentou o fosso, já de si abismal, entre os mais ricos e os mais pobres, criando entretanto grandes oportunidades para os já de si endinheirados se apossarem dos bens dos que entretanto foram engolidos pelas falências e a austeridade.
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