Os bons e os maus da fita
Na maioria das vezes temos a tendência para tentar separar os que giram à nossa volta em bons e maus, em capazes e incapazes, em honestos e desonestos, em alegres e tristes, em quentes e frios e por aí fora. É costume dizer-se que agir assim é como ver um filme a preto e branco, em que as nuances das mil e uma facetas da vida puramente se esbatem ou desaparecem. Vem isto a propósito da demissão de Miguel Macedo, do PSD, de Ministro da Administração Interna na semana que passou e da opinião generalizada de que tomou a melhor atitude que poderia tomar.
Como se pode constatar pela larga maioria dos comentadores políticos da nossa praça, este governo tem graves problemas para resolver nos Ministérios da Educação e Justiça e os seus ministros estão completamente desacreditados junto da opinião pública, teimando em manter-se no poder a qualquer preço, somente para tentar preservar a imagem de solidez de toda a equipa governamental. Estes ministros não são bons nem maus, pura e simplesmente já ninguém lhes dá crédito nem ninguém confia neles. Já se deveriam ter demitido e ido embora há bastante tempo, para bem do país, da imagem do governo... e deles próprios. Mas não, teimam antes em manter-se a qualquer custo, com manobras de diversão que já não enganam ninguém. Para qualquer governo que se preze, qualquer um deles já deveria ter sido corrido há muito tempo.
Miguel Macedo, Ministro da Administração Interna, uma das poucas figuras do governo merecedoras até agora de algum respeito e crédito, perante uma beliscadura de raspão na sua imagem de governante impoluto e incorrupto, não esteve com meias medidas e pediu de imediato a sua demissão ao Primeiro Ministro, alegando perda da autoridade que julga sempre dever ter quem ocupa posto governativo de semelhante responsabilidade. Com esta sua atitude, mais do que sacudir qualquer suspeita sobre a sua real actividade no Ministério (no melhor pano por vezes cai a nódoa, não esqueçamos!...), demonstrou ter aquilo que hoje muita falta faz à grande maioria dos que têm governado este país... hombridade!... com esta sua atitude, independentemente de gostarmos ou não dele e do partido de que faz parte, ganhou igualmente junto de muito portugueses uma outra devoção cada vez mais difícil de encontrar e até rara, e que se chama... respeito!...