Deverão os brasileiros ler autores portugueses?...
Há dias saiu uma notícia de que o Ministério da Educação do Brasil se prepara para eliminar a obrigatoriedade do estudo da literatura portuguesa no seu sistema de ensino, medida que deverá ser posta a funcionar já a partir do próximo mês de Junho. É claro que o glorioso Brasil, como nação independente, é livre e senhora de mandar às malvas os nossos Gil Vicente, Luís de Camões, Almeida Garrett, Camilo Castelo Branco, Eça de Queiroz, Fernando Pessoa ou o Prémio Nóbel José Saramago. Efectivamente, para que precisará o gigante Brasil de tais mestres da lingua portuguesa se nas suas entranhas nasceram gigantes literários do gabarito de um Castro Alves, de um Machado de Assis, de um Lima Barreto, de um Graciliano Ramos, de um Carlos Drummond de Andrade, de um Erico Veríssimo ou ainda de um Jorge Amado? Que poderá fazer quanto a isto o minúsculo e enfezado Portugal? Nada ou... muito pouco!...
É, por conseguinte, certo que os portugueses quase nada poderão fazer quanto à decisão que o Brasil adoptar, mas sempre poderão vir a encetar algumas posturas, como eu próprio já tenho feito, assim como deixar de ver alguns filmes estrangeiros legendados em "brasileiro", por ininteligíveis para o comum dos mortais lusitanos, ou então deitar para o cesto dos papeis determinadas brochuras oriundas do país irmão, dada a necessidade de volumosos dicionários lexicais para "interpretar" o âmago da questão. É claro que os nossos irmãos brasileiros sempre nos dirão que deveremos ser nós a aproximar-nos literariamente deles e não o contrário, dado que, na qualidade de "pigmeus", não deveremos esperar que um gigante do tamanho de um continente se apiede de nós. A ser assim, e dado que de grandezas vimos falando, continuem lá vocês brasileiros troteando o vosso acastelado "monte" Roraima, que nós portugueses por cá proseguiremos a nossa milenar escalada da... "serra" da Estrela.