Podemos nem gostar de todas elas, mas que são bem feitas são. Refiro-me aqui às telenovelas brasileiras, que desde o ano de 1977 inundaram Portugal e têm feito as delícias de todos nós. Desde que cá chegaram os portugueses deixaram de mandar piropos foleiros às meninas, tipo "és toda boa!" ou "comia-te toda!"e passaram ao mais melodioso e romântico "você é linda, viu!", comovedora mudança social que tornou o nosso povo menos rude e mais sensível aos momentos belos da vida, para além de um pouco mais alegre e propenso à diversão. Depois veio a picanha, a farofa, a "maminha", a caipirinha... e foi o consumar da revolução!...
Soube-se há dias que os fogosos candidatos a primeiro ministro António Costa e Passos Coelho vão ter especialistas brasileiros em comunicação e marketing político a orientar as próximas eleições legislativas que se vão realizar em Portugal, o PS com Edson Athayde e o PSD com André Gustavo. Diz quem os conhece que é do melhor que por aí há, sendo Edson Athayde o "conselheiro" que levou António Guterres ao poder. Conhecimentos e capacidades não se discutem, pelo que se foram contratados pelos nossos maiores é porque são mesmo bons a "fazer a cabeça" do pessoal em época de ida às urnas, fazendo-os esquecer das "promessas" feitas e não cumpridas, do desemprego galopante, dos cortes nas reformas e nos ordenados dos funcionários públicos.
De uma coisa podemos nós ter a certeza: nenhum dos dois certamente famosos especialistas brasileiros em comunicação e marketing político nos vai explicar convincentemente como acabar com as vergonhosas e escandalosas diferenças entre ricos e pobres em Portugal. Mas se eu estiver enganado... venham a correr meus amigos brasileiros!...
Faz no próximo dia 8 de Maio 70 anos sobre a assinatura do acto de capitulação da Alemanha que colocou um ponto final na II Guerra Mundial. Apesar do passar dos anos, ainda hoje este extraordinário acontecimento mantem a sua influência no desenrolar dos principais fenómenos dos nossos dias, principalmente se tivermos em consideração que a então derrota dos exércitos nazis de Hitler significou o travão final nos desejos expansionistas da Alemanha em toda a Europa e principalmente a leste, o seu "espaço vital", como Hitler gostava de dizer. O final da II Guerra Mundial significou também o surgimento de uma nova superpotência, a então União Soviética, país que teve um papel decisivo e determinante no desbaratar das hostes nazis, sobretudo a partir da célebre Batalha de Estalinegrado, momento significativo de viragem da guerra a favor dos Aliados e no seguimento do qual o almirante alemão, Friedrich Paulus, se rendeu incondicionalmente aos soviéticos juntamente com 200.000 dos seus homens.
A Batalha de Berlim, travada entre o imparável colosso militar soviético e o que restava do outrora máquina de triturar países e nações de Hitler, não foi somente a última e derradeira batalha entre dois exércitos que se degladiaram e mutuamente se exterminaram durante cerca de quatro anos, ela foi igualmente o confronto entre dois sistemas económicos sociais e políticos que entre si se odiavam e que levaram até às últimas consequências os seus conceitos de expansionismo e geopolítica.
Antony Beevor, o também já autor do famoso livro Estalinegrado, dá-nos nesta espantosa e incrível obra, "A Queda de Berlim", uma visão tanto quanto precisa e histórica do que foi a famosa Batalha de Berlim, socorrendo-se de novos documentos entretanto disponíveis para investigação após a queda da União Soviética, não se limitando somente a analizar as questões de ordem militar das facções em disputa, mas colocando igualmente a descoberto os inúmeros dramas, perseguições, ódios e excessos cometidos incontroladamente por ambos os lados.
Para quem necessitar de conhecer o passado para melhor entender o actual presente... a não perder.
(A Queda de BERLIM - 1945 - Antony Beevor - Bertrand Editora)
É habitual dizer-se que a Grécia foi o berço da democracia. Será que passará a ser daqui para a frente o berço da verdadeira Europa? Ainda é cedo para tirar conclusões, mas uma coisa para já é certa: um pequeno país do mesmo tamanho que Portugal está a mostrar ao mundo que se pode ser pequeno e endividado sem se perder contudo a dignidade. Compare-se a actual Grécia com o Portugal de Durão Barroso, rebaixado na Cimeira das Lajes, em Março de 2003, a pião das nicas de George Bush. Ou então com a postura do Portugal de Passos Coelho, autêntico e tremelicante agente da Senhora AngelaMerkel. Que se poderá então dizer da atitude aberrantemente subserviente de Portugal relativamente a tudo que lhe seja imposto pela espaçosa e esconchavada germânica sumidade? O que terão os actuais detentores do poder na Grécia que não têm os apagados e lamechas "guias" deste luso paraíso atlântico?
Para começar, os actuais dirigentes gregos, embora com pontuais cedências relativamente ao seu discurso habitual, têm colocado em cima da mesa das negociações os interesses reais e efectivos do povo grego, não dizendo abertamente que não pagam a dívida contraída pelo seu país, que a pagarão sim, mas à medida das suas possibilidades. E o que fazem precisamente neste ponto os "germânicos" dirigentes de Portugal? Baixam as calças e aqui estamos nós. Os actuais dirigentes gregos mandaram passear a troika e afirmaram redondamente que só negoceiam, a partir de agora, com os organismos europeus. E o que fizeram e fazem os nossos "queridos líderes" governamentais? Não satisfeitos em terem baixado completamente as calças aos especuladores financeiros, continuam a tecer loas às diatribes e imposições dos dirigentes da poderosa Alemanha. Os democratascristãos, sociais democratas e socialistas europeus, partidos supostamente defensores dos trabalhadores, em Portugal como na restante Europa há muito que andam de mãos dadas com os potentados financeiros mundiais.
Ora os portugueses não querem a Senhora Merkel a mandar e a dar ordens quanto ao que se deve ou não fazer em Portugal.
Wir sind keine Deutschen!... Não somos alemães!...
MONARQUIA - Isto de se viver numa república ou numa monarquia já teve o seu impacto negativo ou positivo nas condições de vida das pessoas, acontecendo que hoje em dia as coisas já não são tanto assim. Veja-se o caso de Portugal, país onde a partir de 5 de Outubro de 1910 deixamos de ter uma família nobre que decidia os destinos de toda a população e passamos a ter... 10 ou 15 famílias "donas disto tudo". Se formos à Holanda, onde impera a monarquia, depressa verificamos que as condições de vida da população superam, de longe, as condições de vida dos que vivem em Portugal. E o mesmo se poderá dizer da Inglaterra, da Bélgica, da Suécia, da Dinamarca ouda Noruega, países igualmente monárquicos. Já no caso de Espanha, onde para já vai reinando, embora aos solavancos, o que aí resta do "sangue azul" dos Bourbons, é o que se vê... à rasquinha como nós!...
Por conseguinte, estas ideias que nos têm vendido relativamente à superioridade da República ou da Monarquia no que toca à defesa dos supremos interesses de um povo deixam muito a desejar, mais parecendo que esses interesses ficarão melhor defendidos com um bem estruturado regime democrátido, secundado pelo exercício pleno e efectivo da cidadania por parte da população.
Não tendo muita importância, simbolicamente contudo não deixa de o ter: o 5 de Outubro, dia da implantação da República em Portugal e feriado nacional desde 1910, foi abolido como feriado nacional pelo actual governo PSD/CDS. Melhor elogio à Monarquia não poderia ser feito pelo "arco da governação" nacional, agora capitaneado pelas 10 ou 15 famílias que dominam este pacato e solarengo couto do oeste peninsular e seus 10 milhões de súbditos.
Aqui há dias, no decorrer do Jornal das 8, da SIC, apareceu uma reportagem sobre o "Skrei" da Noruega, um tipo de bacalhau fresco que é capturado entre os meses de Fevereiro e Abril, antes da desova, vindo do Mar de Barents. Este tipo de bacalhau, para manter a exigente qualidade imposta pelas autoridades norueguesas, deverá ser embalado nas primeiras 24 horas depois da apanha. No decorrer da reportagem, que decorreu na ilha de Husoy (com um tracinho no o...), lugar de Senja, Noruega, também por lá apareceu o chefe português do ano, António Loureiro, que após uma refrescante sessão de pescaria do nosso "fiel amigo" deliciou os boquiabertos noruegueses com um autêntico festival da nossa gastronomia, toda ela tendo como base o famoso "Skrei". Por mim, e logo que o encontre no mercado, a preços acessíveis claro, não deixarei de tirar as medidas ao, pelos vistos, delicioso "Skrei", que cá para mim, e sendo como é, no fundo, bacalhau... só pode ser mesmo bom!...
Mas um dos aspectos que mais me chamou a atenção na referida reportagem foi a altura em que apareceu um grupo de crianças a irromper voluntariamente pela fábrica de processamento do bacalhau dentro e a serem apresentadas como crianças com mais de 10 anos que, após a saída da escola, vão cortar as famosas e caríssimas linguas de bacalhau, podendo ganhar cada uma delas, em não mais que duas horas de trabalho, com brincadeira à mistura claro, até 90 euros (4 euros/Kg), muito, mas muito mais, do que ganham os trabalhadores adultos em Portugal num dia inteiro de trabalho. Justificou a proprietária da fábrica a utilização da mão de obra voluntária das crianças, que em Portugal se chamaria tecnicamente "exploração de mão de obra infantil", com a necessidade de que elas sintam que é através do trabalho que se obtêm as coisas que nos são mais úteis na vida. Perguntado a algumas das crianças o que iriam elas fazer com o dinheiro que aí ganhavam, as respostas foram soberbas: para aplicar numa "conta poupança", para investir na "educação" e para comprar um "automóvel" quando for maior.
Como é que os noruegueses não hão-de ter um melhor nível de vida que nós, portugueses?...
Agora que todos já sabemos que o que se pressentia afinal era verdade e que o Syriza, partido da extrema esquerda da Grécia confirmou nas urnas o que toda a gente dizia à boca cheia, talvez não seja má ideia esmiuçar por alto o que levou o povo grego a votar desta forma extremada e a relegar para segundo plano o partido de direita da Nova Democracia, assestando pelo caminho um golpe demolidor no agora quase nada Pasok, o duplicado helénico do "socialismo na gaveta" do PS português. Antes de mais, convém realçar que na Grécia, como cá, o poder tem saltado do Pasok para a Nova Democracia, da Nova Democracia para o Pasok, sendo hoje muito claro que nenhum dos dois partidos se diferenciou, no que quer que fosse, na política de austeridade e empobrecimento extremo a que o país foi por eles sujeito, tendo no passado domingo o povo grego votado no partido que mais garantias lhe deu de dar fim à situação de catástrofe em que o país tem vivido.
Que repercussões esta vitória do Syriza poderá ter em Portugal?... será que também aqui, como em Espanha, a onda grega de revolta contra as políticas suícidas da Senhora Merkel fará sentir o seu efeito? Uma coisa é certa, através do Bloco de Esquerda não será, pois a onda brava deste partido já passou, a festa já foi feita, os foguetes já foram lançados, a fogueira já apagou, só já restando os cacos diários do esfrangalhamento aprofundado e contínuo em novos e cada vez mais pequenos grupinhos. Conveniente seria, por outro lado, que o PartidoSocialista medisse muito bem o que pretende fazer nesta nova e previsível subida ao "cadeirão do poder", pois os anos de José Sócrates ainda estão bem frescos na memória e nos bolsos do pagode e já se vislumbram, agora em António Costa, os tiques da habitual amnésia socialista relativamente a "promessas" feitas em eleições e logo esquecidas quando o trazeiro se compraz no farto e bem regado mocho.
Portugal não é a Grécia, mas os nossos PS e PSD bem podem deitar os olhinhos com cuidado ao que se vem passando ali para os lados do Egeu... é que convem não esquecer que o fogoso e irritadiço sangue grego, embora mesclado com outros, ainda corre farto nas nossas veias!...
No último domingo do ano meti-me à aventura e fui dar água sem caneco lá para os lados de Labruge, Vila do Conde. Não sei porquê mas custa-me desligar-me do mar, pois, vivendo todos os dias com o mar tão perto... decidi-me e fui de novo respirar o mar. Será que nas minhas veias corre sangue viking, esso povo guerreiro adorador do oceano?... efectivamente não sei... mas suspeito que os "rus", povo viking que deu origem ao reino de Kiev e mais tarde ao povo russo, devem ter algo a ver comigo. Pois, como ia dizendo, cheguei a Labruge, Vila do Conde, vindo de Angeiras, Matosinhos, quando me deparei com uma tabuleta que me indicava o Castro de S. Paio. Castro, civilização celta, história, local desconhecido, novos conhecimentos, novidades, praia, mar, aventura, conjugação de sensações explosivas... e lá fui eu a correr.
O Centro Interpretativo de S. Paio, no Lugar de Moreiró, Labruge, Vila do Conde, é um espaço cultural interesantíssimo situado mesmo junto a uma praia lindíssima. Aí podemos inteirar-nos e apreciar as ruinas de um antigo castro, povoado da idade do ferro habitado por povos a quem os romanos apelidaram de Calaicos, e que é tão somente o único castro marítimo da parte portuguesa do noroeste da península. No Centro Interpretativo, todo muito bem documentado com informação e objectos, podemos apreciar diversas peças arqueológicas recolhidas no local e fora dele, como pequenos brincos em pedra que serviam para fazer peso nas redes de pesca, machados de pedra, pequenos objectos de cerâmica e outros usados para tecer. Mesmo junto ao mar, podemos ver ainda os chamados "penedos amoladoiros", rochas utilizadas para afiar os machados de pedra.
Como o Centro Interpretativo é servido por um pequeno bar-restaurante, decidi aproveitar para dar uma vista de olhos e analisar o cardápio e, sentado à mesa, surpresa das surpresas... mas que ricas petingas (sardinhas pequenas)fritas em farinha milha, que excelentes rissóis de camarão, que saborosos bolinhos de bacalhau... daqueles com bacalhau a sério. Mas há mais, que ficam para degustar na próxima visita, como aquele pratinho que vimos passar mesmo rente ao nosso nariz... mas que ricas ameijoas com molhinho servido à maneira!...
Para quem gostar da mescla apresentada... uma visitinha a não perder num próximo domingo!...
Um dia destes li já não sei onde que certos pensadores brasileiros são de opinião que bem melhor teria sido para o Brasil que, em vez dos portugueses, tivessem sido os holandeses a colonizar o Brasil. É na verdade bem sabido que, em resultado da chegada dos Filipes de Espanha a Portugal, a partir do ano de 1580, os holandeses andaram lá para os lados do Maranhão, mais precisamente no actual Recife, a tentar montar a tenda para estender o seu domínio ao Brasil inteiro. Certamente que aquela opinião tem as suas raízes no facto de alguns pensarem que os colonizadores portugueses do Brasil não passaram de uns aventureiros trogloditas atrasados e sem cultura, católicos conservadores, ao contrario dos colonizadores holandeses, mais aburguesados, calvinistas, liberais e... com capital.
Como português com os pés bem assentes no chão, naturalmente que não vou contestar, ou sequer duvidar por um momento que seja, das possíveis virtualidades de um actual Brasil com raízes na Holanda. Gostaria de o imaginar até, mas o exercício torna-se-me difícil. Reza a lenda que o nome Brasil poderá ter tido origem no famoso pau-brasil, árvore abundante na costa atlântica brasileira. Mas que nome teriam dado ao actual Brasil os racionais, secos e interesseiros colonizadores holandeses, o nome de alguma pedra?... ou seria antes Brazilië?... para mim a ortografia não soa, perde a elegância! Quando olho para as actuais Indonésia, África do Sul ou as Caraíbas, locais por onde assentaram barraca os empertigados e frios colonizadores holandeses, não vejo uma ponta sequer de possíveis vantagens que eles possam ter trazido para aquelas paragens e povos e que sejam assim tão superiores às que os portugueses deixaram no Brasil.
Uma coisa eu sei, se os portugueses não tivessem andado pelo sul do continente americano e fixado raízes nesse grandioso e belo país, certamente não existiria hoje o doce e encantador português do Brasil, tenho dúvidas que o povo brasileiro fosse tão rico e entrosado de povos e culturas, possuísse aquele suave e admirado encanto que tanto cativa os estrangeiros que visitam o país. E os portugueses são sempre os primeiros a admirar e a gostar do povo brasileiro!...
Por vezes dou-me a pensar quais as razões que estão por detrás do nosso atraso em relação a outros pequenos países da Europa como a Holanda, a Dinamarca, a Suíssa, o Luxemburgo ou a Bélgica. Será por estarmos mais a sul e com um clima mais quentinho e, em vez de trabalharmos no duro, passarmos mais tempo na praia? Ou então, religiosos como somos e foram os nossos pais, pensarmos mais no Deus lá de cima do que em nós próprios cá em baixo e... o trabalho fica por fazer? Também já pensei se não será em resultado de aquelas terras lá a norte serem mais planas que as nossas e nós, pachorrentos e malandrecos como somos, não estarmos para aí virados de subir e descer veredas e ladeiras só para encher um pouco mais a panela da sopa e acautelar e amanhar mais e mais para o futuro? Tudo isto não me parece contudo suficiente para explicar a diferença. Mas que será então? Que argumentos temos a favor e contra nós?...
Este pequeno país foi já capaz de correr mundos e espalhar-se por tudo o que é globo. Ainda os ingleses, os franceses e os holandeses andavam de cuecas e Portugal e os portugueses de garra já andavam na Madeira, nos Açores, na Guiné, no Brasil, em Cabo Verde, em São Tomé, em Angola, em Moçambique, na India, na China. Mas agora, que somos novamente pequenos de tamanho, elementos de grandeza contudo não nos faltam, a começar por este extraordinário povo, capaz de aguentar as mais duras agruras no seu próprio país e ser ao mesmo tempo reconhecido lá fora, por tudo quanto é país por onde anda espalhado, como bom trabalhador, adaptável às mais variadas situações, com conhecimentos técnicos e cientificos meritórios e capazes, disposto aos mais duros sacrifícios para vencer na vida e, se possível, regressar ao rincão ibérico tão depressa quanto possa. E porquê o desejo de regressar?...
Regressar sim, porque somos um país lindo de morrer, aberto ao sol e ao mar o ano inteiro, porque temos tudo o que é de bom para viver, temos um país unido e sem querelas, temos os nossos mil pratos de bacalhau que mais ninguém tem, os nossos vinhos verdes, maduros, rosé, espumante e o nosso poderoso e requintado... Vinho do Porto. Mas temos também as nossas belas praias do fogoso Atlântico e as nossas doces, mornas e sonolentas praias do sul, que tanto encantam os actuais descendestes dos enregelados vikings. E que dizer da nossa rica história e dos nossos belos monumentos? Os nossos castros de origem celta, as nossas belas ruinas romanas de Conimbriga e Évora, o Mosteiro dos Jerónimos, a Torre de Belém, o Mosteiro da Batalha, os Castelos de Guimarães, de Lisboa, de Silves e muitas mais dezenas deles, igualmente assombrosos e carregados de história? E que dizer também das nossas sapientes Universidades de Coimbra, de Lisboa, do Porto, de Trás-os-Montes, de Évora, de Aveiro, do Minho, donde têm saído milhares de portentosos crâneos que espalham por todo o mundo os nossos conhecimentos?
Acham que é pouco?... a mim quer-me parecer que é mais que suficiente para podermos aspirar a ser, um dia, um pequeno-grande riquíssimo país no solarengo, doce e aprazível... sul da Europa.
Nestes últimos dias temos ouvido de manhã à noite as fantásticas e espaventosas notícias de que aviões e navios russos voltaram de novo aos tempos da chamada "guerra fria" e se atreveram a sobrevoar o espaço aéreo e a navegar em águas internacionais muito próximas das nossas costas. E logo o nosso ministro da defesa deste raquítico país à beira mar esquecido, comparado com a Rússia, muito se ufanou em demonstrar que os pilotos dos nossos dois caças F16... mandaram os aviões russos embora com acenos de mão. A cena é ridícula, e mais ridículo ainda é pensar que esta gente está mesmo convencida que o povo português é bacôco e vai cair na conversa de se deixar distrair com os avanços russos e esquecer a grande barracada que tem sido a prestação do actual governo à frente do país. O perigo para Portugal não vem da Rússia, pois a Rússia nitidamente o que pretende é testar os meios de alerta da Europa perante um perigo iminente e, claro, aproveita também para dizer aos europeus que nada de brincadeirinhas na Ucrânia pois, em caso de necessidade, ainda dispõe dos argumentos suficientes para defender o que considera ser a sua área de segurança.
Para muitos europeus o que está é bem claro que o verdadeiro perigo para a Europa vem antes da Alemanha, país que, juntamente com a França e outros países do norte, destruiram com fundos europeus a indústria e a agricultura dos países do sul e agora, perante a dificuldade destes relativamente à crise dos mercados, se aproveitaram para apertar o garrote e ganhar milhões à custa de países como a Grécia, Portugal, Espanha e Irlanda. Torna-se pois uma intromissão escandalosa da Senhora Angela Merkel vir agora dizer, como o fez há dias, que Portugal e Espanha deveriam diminuir o número dos seus licenciados. Isto é, a Alemanha sustenta o seu poderio económico na continua qualificação da sua população e, por outro lado, quer sugerir (impor!...) que os países do sul da Europa não qualifiquem tanto os seus habitantes. Como exemplo de puro egoísmo ideológico e político é difícil encontrar melhor. Será desta forma sectária e xenofoba que se construirá a Europa democrática e solidária?