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russomanias

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Trapalhadas à grega

Agora que todos já sabemos que o que se pressentia afinal era verdade e que o Syriza, partido da extrema esquerda da Grécia confirmou nas urnas o que toda a gente dizia à boca cheia, talvez não seja má ideia esmiuçar por alto o que levou o povo grego a votar desta forma extremada e a relegar para segundo plano o partido de direita da Nova Democracia, assestando pelo caminho um golpe demolidor no agora quase nada Pasok, o duplicado helénico do "socialismo na gaveta" do PS português. Antes de mais, convém realçar que na Grécia, como cá, o poder tem saltado do Pasok para a Nova Democracia, da Nova Democracia para o Pasok, sendo hoje muito claro que nenhum dos dois partidos se diferenciou, no que quer que fosse, na política de austeridade e empobrecimento extremo a que o país foi por eles sujeito, tendo no passado domingo o povo grego votado no partido que mais garantias lhe deu de dar fim à situação de catástrofe em que o país tem vivido.

 

Que repercussões esta vitória do Syriza poderá ter em Portugal?... será que também aqui, como em Espanha, a onda grega de revolta contra as políticas suícidas da Senhora Merkel fará sentir o seu efeito? Uma coisa é certa, através do Bloco de Esquerda não será, pois a onda brava deste partido já passou, a festa já foi feita, os foguetes já foram lançados, a fogueira já apagou, só já restando os cacos diários do esfrangalhamento aprofundado e contínuo em novos e cada vez mais pequenos grupinhos. Conveniente seria, por outro lado, que o Partido Socialista medisse muito bem o que pretende fazer nesta nova e previsível subida ao "cadeirão do poder", pois os anos de José Sócrates ainda estão bem frescos na memória e nos bolsos do pagode e já se vislumbram, agora em António Costa, os tiques da habitual amnésia socialista relativamente a "promessas" feitas em eleições e logo esquecidas quando o trazeiro se compraz no farto e bem regado mocho.

 

Portugal não é a Grécia, mas os nossos PS e PSD bem podem deitar os olhinhos com cuidado ao que se vem passando ali para os lados do Egeu... é que convem não esquecer que o fogoso e irritadiço sangue grego, embora mesclado com outros, ainda corre farto nas nossas veias!...