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russomanias

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Um dia na vida de Reinaldo Fateixa, o "pescador"

Reinaldo Fateixa sempre foi um gajo de bem com a vida. O dia de hoje será sempre como um outro dia qualquer, começando logo pela manhã com uns quantos telefonemas de avaliação ao estado de espírito dos seus principais "amigos", entenda-se aqui como amigos aqueles de quem ele desconfie que possam ter algo de importante e com interesse para si. Se não for o caso não são amigos, mas outra coisa qualquer, que isto de perder tempo com tesos pinguelas não dá. Hoje, entre outros, começou logo por ligar ao Teles, coisa que já andava para fazer há umas semanas atrás. Trata-se de um contacto de extrema urgência, pois já lhe sopraram aos ouvidos várias vezes que o gajo anda na maior, com um carrão preto de dois escapes, que o sogro, já que a pasta é tanta, lhe deve ter passado a fábrica para as mãos ou coisa assim do genero e, claro, torna-se necessário uma manobra subtil de aproximação ao naco, do tipo... "Oi Teles!... deu-me umas saudades danadas do tempo em que andei contigo na Primária, tenho uma admiração por ti que nem imaginas, dá para tomarmos um copo um dia destes?" Picou?... não picou?... já vamos ver!...

 

Lançada a fateixa ao Teles, vamos pois ver no que a "pescaria" vai dar, que o dia ainda nem chegou a meio e ainda sobra muito "peixe" para fisgar. Está na hora de o Reinaldo ligar ao Amorim, aquele "amigo" que lhe foi apresentado como sendo uma "pessoa muito importante", gerente de banco ou coisa assim do género. Estes é que são bons, conhecem outros "amigos" também "importantes" e assim a abordagem torna-se muito mais fácil, funciona tudo em sistema de rede, pois claro, tipo networking. Parece que o Amorim comprou há dias uma bela quinta não sei para onde, lá para o Minho, e é necessário tirar a coisa bem a limpo... "Está?... Teles?... é o Reinaldo!... estás a ver quem é?... há que tempos não te via, pá, morro de saudades das nossas conversas. A minha mulher também gosta muito de conversar com a tua. Ainda por cima tens uns filhos tão lindos... o quê? estás para o Minho?... um dia destes passo por aí, se me convidares, claro!" 

 

Pronto, o Teles já está também aviado!... vamos lá ver no que a manobra vai dar. Já estamos a meio da tarde, será que ainda dá para lançar a rede a mais algum freguês? Porque não o Ilídio, aquele que tem um negócio de turismo rural ou coisa do género lá para Baião ou Marco de Canavezes, já nem sei bem? Se o gajo montou uma estrutura daquelas é porque está bem calçado, só pode ser. Deve ter herdado lá do tio ou sacado umas maquias ao Banco. O que importa é que tem bago, e não é pouco... "Oi Ilídio!... lembras-te de mim, o Reinaldo?... sou o amigo do Amorim, o gerente do Banco, ele é que me disse que tens andado lá para Baião. Não é Baião?... então é no Marco, não é?... ele bem me disse, pá, que tens para aí não sei o quê, uma coisa bem agradável, pelos vistos. É que, sabes, já estou farto do Algarve e agora deu-me para andar pelo interior. Pois... entendo... estás a começar... mas só irei aí em condições muito especiais... os tempos estão difíceis... é que nós cá em casa gostamos muito dessa zona... tu entendes, não entendes?"... e pronto, deixa lá ver agora se este "peixinho" vai picar!...

 

Admiro muito o Reinaldo Fateixa... com ele os dias nunca são monótonos, antes bastante empolgantes e produtivos!...